Cultura
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Por — Rio de Janeiro

De volta ao Brasil em definitivo desde o começo de 2023, após mais de uma década morando em Los Angeles, a atriz e cantora carioca Thalma de Freitas andou, como ela própria diz, voltando a se mexer no meio da música.

Em São Paulo, onde mora com a filha Gaelle, de 10 anos, a ex-integrante da Orquestra Imperial, também com discos solo lançados, aproveitou o tempo que não estava dedicando à TV e ao cinema e produziu um remix para música de Tulipa Ruiz (“Do amor”), pôs voz em faixas de um disco da amiga Anelis Assumpção e foi a muitos shows. Alguns deles em bares, onde encontrou ambiente “muito nutritivo para o espírito”.

Deu no que deu. Esta quinta-feira (18), ela repete na Casa de Francisca, em São Paulo, o show “Serendipidades”, que estreou em maio, no Bona (outra casa paulistana), numa ocasião muito especial: o seu aniversário de 50 anos. É a culminação de um encontro, que Thalma teve em 2022, com o pianista Fabio Leandro, que se tornaria seu diretor musical, e que trouxe com ele a baixista Vanessa Ferreira e o baterista Vitor Cabral.

A parceria, que já rendeu um single (a jazzy “O som do Sol”, composta pela cantora com Ava Rocha), agora decola nos palcos — dia 28 de agosto, a cantora leva o show ao Rio de Janeiro, no Teatro Rival Petrobras.

— Eu estava atrás de desenvolver uma sonoridade, não queria só músico acompanhante, eu queria parceiros de composição, de arranjo — explica Thalma, para quem o que mais fazia sentido neste momento de reapresentação ao público brasileiro, com uma nova banda, era um show retrospectivo da sua carreira. — Então, tem “Tranquilo” e “Cordeiro de Nanã”, tem “Não foi em vão” e “Enquanto a gente namora”, que são as minhas músicas da Orquestra Imperial... mas também tem o disco “Sorte!” (de 2019, com o compositor americano John Finbury), que concorreu ao Grammy (de álbum de jazz latino) e que as pessoas não conhecem porque quase não fiz shows dele.

O show é o primeiro que Thalma faz após a morte do pai, o maestro, pianista e compositor Laércio de Freitas, no último dia 5, aos 83 anos. Já bem debilitado, Laércio estava na casa da filha, em São Paulo, com cuidadoras, quando morreu. A cantora estava em Los Angeles, pois tinha levado a filha para passar férias.

— Ele foi fofo até o final, estava lúcido, conversando, cantando, lembrando de músicas... Nós cantamos no último dia que nos vimos. Eu viajei achando que ia voltar em dez dias e ele estaria ali... Mas não — emociona-se Thalma. — Foi bonito. Vamos dizer, melancolicamente bonito. Fim do ciclo, a vida tem disso. Várias vezes, meu pai falou: “Não existe medo.” Era a única coisa que ele dizia a esse respeito. Depois, ficava contando histórias, lembrando das pessoas e fazendo planos.

A decisão de voltar de vez de Los Angeles, segundo Thalma, foi para que a filha tivesse a oportunidade de “aprender português, conhecer a família e ser brasileira”.

— É difícil trabalhar lá, ainda mais com criança, você não tem rede de apoio. Eu achava até que ia voltar antes, mas aí veio a pandemia e a gente acabou adiando os planos em dois anos — diz. — Hoje, a Gaelle ainda tem um sotaque de gringa e pensa em inglês, mas aos poucos está pegando todas as gírias.

Thalma de Freitas, ao centro, em show da Orquestra Imperial no Teatro Rival — Foto: Monica Imbuzeiro
Thalma de Freitas, ao centro, em show da Orquestra Imperial no Teatro Rival — Foto: Monica Imbuzeiro

‘Casamento é amizade’

O marido e pai de sua filha, o fotógrafo e cineasta irlandês Brian Cross, seguiu morando em Los Angeles, mas vem ao Brasil com alguma frequência.

— A base, o fundamento do meu casamento é amizade. Eu e o meu marido, a gente era amigo antes de ter um relacionamento. E a gente só teve relacionamento porque a gente queria ter filho — conta Thalma. — Acho que (aquilo que temos) é mais casamento ainda quando você entende que isso ajuda a criar o ambiente para nossa filha crescer e para a gente envelhecer. Meu pai acabou de falecer tendo vivido um relacionamento de 54 anos. Aí você vê o valor de ter um parceiro na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na juventude e na velhice. Casamentos baseados em romances geralmente são frustrados, e o nosso é muito mais pragmático e funcional.

Os tempos em Los Angeles, diz Thalma, foram bons. Lá, ela pôde participar de vários projetos musicais. O mais recente deles, o álbum “elvis, he was Schlager”, do grupo de jazz Church Chords, do qual participou o baixista brasileiro Ricardo Dias Gomes.

— O Ricardo foi lá para casa e a gente fez umas coisas. Ele me apresentou para o parceiro dele, o Steve (Stephen Buono, líder do projeto), e a gente fixou se encontrando e gravando — conta ela, que trabalhou até com o incensado saxofonista e nova estrela do jazz Kamasi Washington. — Foi logo que eu cheguei, eu estava grávida, ele estava gravando disco (“The Epic”) lá perto de casa e eu participei do coral. Nos shows de lançamento, ele levou todo mundo, e eu cantei no Hollywood Bowl e no mesmo Coachella em que a Beyoncé cantou. Vi o show dela duas vezes no festival!

A atriz e cantora Thalma de Freitas — Foto: Maria Isabel Oliveira
A atriz e cantora Thalma de Freitas — Foto: Maria Isabel Oliveira

Campanha política

Nas voltas ao Brasil, pouco antes da definitiva, Thalma acabou tendo uma comentada participação na campanha televisiva de Luís Inácio Lula da Silva à presidência.

— Acho que foi a primeira vez que eu vi um monte de artistas realmente envolvidos em uma campanha. Eu aqui no Brasil para fazer um filme que vai sair, “Meu amigo pinguim” (de David Schurrmann, estrelado pelo francês de origem marroquina Jean Reno), e me perguntaram se eu topava fazer uma peça para a campanha do Lula. Eu falei que sim, nem sabia o que era. Cheguei lá era uma bomba! — diz. — Gravei, cheguei em casa, arquivei todo o meu Instagram, limpei todo o meu Twitter e veio tudo. Foi o primeiro vídeo que viralizou e acabei fazendo a campanha toda. Eu me sinto tendo cumprido um dever cívico de verdade.

Por aqueles tempos, a atriz ainda participou da série “Americana” (“na qual minha personagem é americana e eu falo português com sotaque”) e de “Dona Beja”, remake da novela da Rede Manchete, de 1986, que deve ser exibida ano que vem pelo serviço de streaming Max, com 40 capítulos, resultantes de uma adaptação em que foi trocada até a etnia de alguns personagens – como o que coube a Thalma.

— Eles quiseram retratar a sociedade mais parecida com que existia de verdade. Em 1888, 70% das pessoas negras não eram escravizadas, elas tinham empregos, já tinha uma sociedade que estava lutando pela Abolição há décadas. Minha personagem, Josefa, é pintora, e o filho, advogado, é um dos namorados da Dona Beja. E aí eu estou nesse núcleo à parte, com os nossos próprios dramas — conta.

Conhecida pela empregada Zilda, que interpretou em 2000 na novela “Laços de Família”, Thalma acredita que caiu por terra, no Brasil de hoje, “o argumento de que se você ficar afro-centrado demais, o produto não vai fazer sucesso”. Thalma também esteve nas novelas "O Clone", "Kubanacan" e "Bang Bang"

— Eu saí do Brasil em 2012, uma época onde estava começando aquela onda de textão no Facebook, de boicotar campanhas racistas. Isso mudou bastante o mercado. E uma das coisas que eu pensava sempre era: “poxa, será que eu estou dando mole?” Todo mundo falava: “volta, que tem trabalho, o mercado mudou bastante, as histórias mudaram bastante” — diz ela, cada vez mais disposta a “começar a produzir e não só ser chamada para fazer parte de outras produções”. — Tô com 50 anos de idade, já virei uma página, sinto que é até minha obrigação começar a criar minhas próprias narrativas.

Thalma de Freitas na novela 'Laços de Família' — Foto: Divulgação
Thalma de Freitas na novela 'Laços de Família' — Foto: Divulgação

Thalma diz ainda não ter sofrido com o lado negativo da idade:

— O que aconteceu é que eu voltei no lugar de veterana, hoje eu faço a mãe do protagonista. Eu chego no set e os atores mais novos pegam minha mão, me abraçam e dizem: “que honra estar trabalhando com você, eu cresci vendo seu trabalho, você é uma grande referência para nós!”

Se com 38 anos, Thalma de Freitas “era um pitelzinho”, agora ela tem certeza: virou uma mãe.

— Já não sou mais aquela pessoa que sai por aí gatinha. Gosto de terno, de ficar confortável, não uso salto... sou uma senhora! — brinca ela, pedindo respeito às novas gerações. — Me respeita, fala comigo direito, não vem me tratar de amiguinha! Não sou sua amiguinha, sou Tia Thalma! Tenho conselhos para dar, eu nasci num outro mundo, um mundo que não existe mais!

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