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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 26/07/2024 - 00:01

"Um beijo do Gordo": Documentário celebra legado de Jô Soares

A série "Um beijo do Gordo" explora a vida e a carreira de Jô Soares, revelando momentos íntimos e depoimentos de famosos e colaboradores. O documentário destaca sua genialidade no humor e sua influência como entrevistador, culminando em imagens inéditas e a criação do Instituto Jô Soares para preservar seu legado. A produção ressalta a importância da plateia no programa do apresentador e sua habilidade de se reinventar, deixando uma saudade eterna.

Assim que foi anunciada a notícia de que estava nos planos do Globoplay uma série documental sobre Jô Soares, houve um certo burburinho. Vários profissionais que trabalharam com ele na TV Globo queriam colaborar com o projeto. Dentre eles, a produtora Nathália Pinha, que, por quase dez anos, esteve diariamente no estúdio no “Programa do Jô” com o apresentador. Incluindo a gravação do último episódio, exibido em 16 de dezembro de 2016, quando ela “fugiu” da licença-maternidade e levou a filha com menos de um mês para a emissora.

— Bati na porta das pessoas falando: “Gente, preciso participar desse doc” — diz Nathália. —Jô foi uma das pessoas mais gentis e talentosas com quem convivi.

Não foi somente a turma dos bastidores da TV, como editores e sonoplastas, que queria participar de “Um beijo do Gordo”, série documental de quatro episódios que chega ao Globoplay neste domingo. Os entrevistados — famosos e anônimos, estes também essenciais na vida do carioca, que morreu aos 84 anos em 5 de agosto de 2022 — fizeram fila para dar depoimentos ao diretor e roteirista Renato Terra e à diretora artística Antonia Prado. Gente como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Bruno Mazzeo (o filho de Chico Anysio considera o Gordo o melhor humorista do Brasil), Fabio Porchat (que apareceu pela primeira vez na TV como uma pessoa da plateia e depois convidada ao palco do “Programa do Jô”), a governanta Marlucy Costa e o motorista Sebastião Kassen, o Sebá.

— Todo mundo usou a palavra generosidade, 100% dos entrevistados. De quem trabalhava na casa dele a Claudia Raia — diz Antonia.

Renato Terra complementa:

— As pessoas vão ver que aquele Jô que elas conhecem pela TV é ainda mais legal na vida privada.

A trajetória profissional de José Eugênio Soares é esquadrinhada na produção, principalmente nos três primeiros episódios. A genialidade e a versatilidade dele no humor, como ator e roteirista, da “Família Trapo”, na Record, nos anos 1960, ao “Viva o Gordo”, da TV Globo, na década de 1980, estão fartamente documentadas. Personagens inesquecíveis como Capitão Gay, Vovó Naná, Norminha — e deliciosas entrevistas de seus colegas de sala de roteiro e de cena, e do próprio Jô, sobre a comédia politizada que fazia— recheiam o primeiro episódio. Nos dois seguintes, o doc é redirecionado às lembranças para outra transgressão do artista: mudar a rota e trazer para o Brasil o formato do talk show, o “Jô Soares onze e meia”, no SBT, no ar entre 1988 e 1999, e depois levado para a TV Globo.

É na quarta e última parte que entra a promessa de um Jô Soares ainda mais interessante. Imagens do círculo íntimo do artista são exibidas pela primeira vez. Quem liberou as fitas e fotos foi a designer Flavia Pedras Soares, terceira mulher de Jô e a pessoa mais próxima dele em vida. Ela, inclusive, deu alguns dos depoimentos mais emocionantes de “Um beijo do Gordo” e é considerada pelos diretores como “a grande pessoa da série, juntamente com o Jô”.

Novo instituto

Repassar as quase quatro décadas de profundo companheirismo (eles se casaram no fim dos anos 1980 e ficaram juntos por 15 anos, mas o artista costumava dizer que “o divórcio não deu certo”) foi um processo tortuoso para Flavia.

— Quando me ligaram um mês depois do falecimento, fiquei desorientada — diz a designer. — Mas depois de passado quase um ano, quando pude achar que não choraria na TV, mergulhei (não sem dor, não sem sofrer e chorar o dobro) no mundo dele e coloquei à disposição tudo que consegui juntar na pressa de atender à demanda de fazer o documentário. Mas claro que faltou muito para dar conta da amplitude das realizações e da história do Jô.

Por isso, ela explica, assim que terminou de falar com a produção, tomou a iniciativa de criar o Instituto Jô Soares, “para salvaguardar tudo que há de material e imaterial da vida dele”. Flavia vai oficializá-lo legalmente em agosto, nos dois anos de morte do artista.

— Filmei e fotografei a casa dele inteira. Venho catalogando, sistematicamente, com a ajuda de museólogas e advogados, tudo que tinha lá. Livros, filmes, quadros, roupas, objetos, tudo, para celebrar a vida dele, preservar e difundir todo o imenso legado que deixou em sua vida longa, linda e cheia de graça — conta Flavia.

Ligação com a plateia

Jô Soares ficou no ar com o “Programa do Jô” no fim de noite da TV Globo de 2000 a 2016. Por lá, passaram de domador de circo de pulgas a Roberto Carlos, conhecido por ser avesso a entrevistas. Houve de tudo, na Globo e no SBT. Foram mais de 14 mil bate-papos e, no terceiro episódio de “Um beijo do Gordo”, Antonia Prado faz uma franca homenagem ao Jô entrevistador. A diretora artística recria o estúdio do programa da Globo (com a mesa original e tudo) e recebe nomes como Marcos Veras, Fabio Porchat e outros tantos que foram influenciados pelo jeito dele de fazer comédia e de experimentar novos territórios. Tatá Werneck conta, por exemplo, que ele foi uma das pessoas que mais deram força para que ela também tivesse um talk show.

Fabio Porchat na série 'Um beijo do Gordo' — Foto: Divulgação
Fabio Porchat na série 'Um beijo do Gordo' — Foto: Divulgação

— Jô recebia, fazia piada, lia cartas, depois começou a ler os e-mails, às vezes tocava bongô junto com o entrevistado, às vezes criava as situações com o Derico (da banda Sexteto) — diz o diretor e roteirista Renato Terra. — Ele fazia diferença atrás da bancada. As pessoas ligavam a TV para ver as entrevistas, sim, mas principalmente ligavam para ver o Jô.

E quem fazia diferença para Jô era a plateia. A produtora Nathália Pinha lembra o quanto era importante para o apresentador ter o estúdio cheio — em determinado período, o programa chegou a 330 pessoas sentadas.

— Ele sempre falava que nunca ia fazer um talk show sem plateia — diz Nathália. — Era parte fundamental. E ele sempre percebia tudo e comentava no final: “Hoje a plateia estava excelente. Putz, hoje não parou de falar” (risos).

Por isso, a produtora pensa o quão difícil — ou mesmo impossível — teria sido para ele fazer o programa durante o isolamento social da pandemia. “Programa do Jô” por videochamada não teria a cara de Jô Soares.

— Ele soube parar. Foi tão sábio, tão inteligente, que parou no auge. Soube se reinventar depois de ter parado, com os livros que lançou, com as peças que fez, deixando um gosto de saudade.

Por falar em teatro, Flavia Pedras Soares liberou para a produção diversas imagens de Jô no palco, interagindo com a tão amada plateia num dos lugares onde era mais feliz.

— Além de multitalentoso, ele trabalhava muito, era incansável, deve ter sido difícil dar conta de fazer essa edição — diz a designer, que já viu todos os episódios. — Será uma deliciosa surpresa para quem o acompanhava assistir às pessoas que conviveram com ele cotidianamente, revelando seu temperamento acolhedor e leve. E, para as novas gerações, espero que seja inspiração pelo percurso sempre corajoso e muito, muito engraçado!

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