Cultura
PUBLICIDADE

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 08/09/2024 - 03:30

Rock in Rio: 40 anos de evolução musical

Rock in Rio celebra 40 anos com mudanças marcantes. Comparação entre 1985 e atualidade destaca a evolução do festival, agora com atrações diversas, comida variada e palcos extras. Fãs recordam tempos de filas e mochilas repletas, enquanto a presença de astros internacionais segue como destaque. A essência musical permanece, unindo gerações em busca de grandes shows. Novidades incluem venda por aplicativo e diversidade de estilos musicais, mantendo o evento como ícone cultural.

Dia 11 de janeiro de 1985. Cerca de 150 mil pessoas se espremiam num descampado em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, numa novidade chamada Cidade do Rock, e formavam o maior coral do mundo para “Love of my life”, hit do Queen. Avança para 10 de setembro de 2022, no último Rock in Rio. A tal cidade não é mais descampada — tem grama sintética e roda-gigante — e mudou de lugar. Está no Parque Olímpico, não tão longe da primeira, e temos cem mil pessoas não só barulhentas como luminosas, com pulseiras que piscam e mudam de cor a cada música da banda Coldplay.

A diferença de cenários marca o passado e o presente do maior festival do Brasil (que inicia sexta-feira sua edição de 40 anos) e reflete como mudou a forma de se ouvir música ao vivo naqueles tempos e como se ouve hoje, nos anos 2020 — numa experiência para além do som.

—Naquela época, você ia para ver as bandas, só tinha isso — diz a administradora de empresas Teresa Cristina Nobre, de 57 anos, de Saquarema (RJ). — Hoje, quem chega tarde não vê tudo. Além do Palco Mundo, tem o Sunset, o Favela e várias ativações...

Teresa vai chegar cedo no próximo dia 20, como fez em absolutamente todas as edições do festival carioca, em pelo menos um dia. Esteve nas apresentações históricas de Queen e Coldplay e testemunha todas as mudanças de lá para cá, entre modismos e perrengues.

—No início, o Rock in Rio era tipo uma quermesse (risos), tinha um monte de “tendazinha” com isopor vendendo coisas para comer e beber — diz Teresa, ressaltando o claro contraste com a fartura atual, que vai de hambúrguer gourmet a comida vegana. — E, em 1985, levei água, sanduíche e fruta na mochila.

Teresa Cristina Nobre no Rock in Rio 2022: ela foi em todas as edições — Foto: Rebecca Maria/Agência O Globo
Teresa Cristina Nobre no Rock in Rio 2022: ela foi em todas as edições — Foto: Rebecca Maria/Agência O Globo

Na época, as mochilas mais cobiçadas eram a emborrachada da Company ou a jeans da Redley. E iam carregadas, a ponto de a reportagem do GLOBO da época usar a expressão “mochila apartamento”. Hoje, nem adianta pensar em muita bagagem — a não ser que seja brinde das marcas patrocinadoras, que atraem filas gigantescas. A lista de itens não permitidos na Cidade do Rock é longa (confira na página 5).

—Levei uma carteira de velcro, um sucesso nos anos 1980 — diz o economista carioca Gerardo Guimarães Jr., que também foi ao primeiro dia. — A gente tratava aquele ingresso como um quadro de Picasso. Tenho até hoje.

Gerardo estava com 18 anos em 1985 e foi a três dias dos dez dias da primeira edição. Nos três, vestiu a mesma blusa do AC/DC, seu grupo favorito. Aí está algo que segue presente: o merchandising do artista. Em 2022, no dia do show de Justin Bieber, foi uma profusão de roupas e acessórios, oficiais ou não, com o “smile” amarelo da Drew, grife do astro. Sem esquecer das blusas pretas dos metaleiros, que estão aí há 40 anos.

A fila do orelhão de Cetel no Rock in Rio 1985 — Foto: Frederico Mendes / Editora Globo / Agência O Globo
A fila do orelhão de Cetel no Rock in Rio 1985 — Foto: Frederico Mendes / Editora Globo / Agência O Globo

Uma ‘blitz’ nos gringos

Evandro Mesquita, da Blitz, lembra vivamente quão eclética eram as dezenas de milhares de pessoas que curtiram o show da banda no terceiro dia de festa em 1985, que tinha ainda as atrações internacionais Nina Hagen, Gogo’s e Rod Stewart. A miscelânea se repetiu da saideira da edição, quando a Blitz dividiu o line-up com B-52’S, Yes e, de novo, Nina Hagen.

Evando recorda-se de que não saiu muito do backstage por causa da quantidade de artistas gringos dando sopa:

—Era uma curiosidade absurda sobre detalhes e informações preciosas de artistas que jamais imaginávamos que estariam no mesmo palco que a gente.

Os astros internacionais foram e ainda são um trunfo do festival. Poucas daquelas 150 mil pessoas do primeiro dia (no segundo, foram 250 mil) tinham visto na vida um show de um pop star gringo. Na época, o Brasil não era rota de turnês mundiais e a possibilidade de ver e ser visto inaugurou um novo paradigma.

O pioneirismo de trazer astros internacionais é explorado até hoje e ajudou a transformar o evento em atração turística. Em 2022, ele trouxe 360 mil pessoas para terras (e praias, hotéis, shoppings) cariocas.

Neste ano, um dos visitantes será o publicitário José Miranda, de 30 anos, de Belo Horizonte. Para sua estreia na Cidade do Rock, ele escolheu o dia 20, das atrações Katy Perry, Ivete Sangalo, Karol G e Cindy Lauper.

— É uma oportunidade de ver shows internacionais que não necessariamente veria em Belo Horizonte, que recebe poucas atrações desse tipo — diz ele, que é fã de Katy e Ivete e achou bom negócio ver as duas no mesmo dia.

João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, tem uma visão privilegiada do que tem acontecido no evento há 40 anos. Em 1985, viu tudo de cima do palco — quando se apresentou no terceiro e no sexto dia — e de baixo, pois se meteu em ônibus lotados para virar plateia dos shows que nunca tivera a chance de assistir, como Whitesnake, Queen e Rod Stewart. Tamanha experiência, como espectador e profissional, o faz afirmar:

— O Rock in Rio simboliza a tendência de as pessoas irem a grandes eventos. Todo mundocomparece, os ingressos acabam num dia. É um negócio digno de estudo.

A estrutura do Rock in Rio em 1985 — Foto: Frederico Mendes / Editora Globo / Agência O Globo
A estrutura do Rock in Rio em 1985 — Foto: Frederico Mendes / Editora Globo / Agência O Globo

Algo deste tipo existe: é a tese de dissertação de mestrado em Comunicação Social na PUC-Rio defendida em 2018 por Juliana Müller, hoje professora na ESPM. Desde 2001, ela foi a todas as edições. Só não esteve na de 1991 porque os pais a convenceram de que o Maracanã, a Cidade do Rock daquele ano, ficaria caótico demais no show do Guns N’ Roses.

Além do rock

No mestrado, Juliana quis entender como e por que o evento seguiu tão relevante. Afinal, foram muitas as mudanças de lá para cá. Uma das transformações passa até pelo nome. O rock deixou de ser o carro-chefe há muito tempo. Nesta edição, até o sertanejo foi contemplado no chamado Dia Brasil, que reúne nomes nacionais de diferentes ritmos, no dia 21.

— A música cria um laço afetivo com o jovem, que se prolonga ao longo da vida — diz Juliana. — Lá na década de 1980, o evento promoveu essa aliança por ser o primeiro a trazer bandas internacionais, aproveitar a efervescência do rock brasileiro e ser espaço para as novas gerações voltarem a se manifestar (na abertura política).

A professora — que agora frequenta a Cidade do Rock com os filhos adolescentes — destaca o bom trabalho de marketing dos organizadores nessas quatro décadas, mas enfatiza o componente familiar. A história oral tem um peso importante do que se entende por Rock in Rio hoje:

—Houve mérito da equipe que trabalhou a marca e acompanhou as demandas das diferentes gerações em termos de line-up e consumo de experiência, mas tem o componente de se passar de geração para geração. Diria que, desde a quarta edição (2011), muitos jovens vão ao festival com seus pais, e isso é naturalizado.

Transformações aqui e acolá, para João Barone, não mudam a essência de um festival de música: a música, oras.

A tirolesa da edição de 2022 do Rock in Rio — Foto: Hermes de Paula \ Agência O Globo
A tirolesa da edição de 2022 do Rock in Rio — Foto: Hermes de Paula \ Agência O Globo

— Não consigo ver muita diferença de quem foi no primeiro e está indo agora — diz o baterista. — Tudo bem que tem roda-gigante, brinde disso e daquilo, mas o público vai lá ver o artista ou a banda de que gosta. É isso que faz o cara decidir estar ali. A música é o prato principal. Enquanto estão mudando o palco, a pessoa pode ir lá comer uma tapioca, mas o que faz tudo rodar é o line-up.

Sempre jovens

E o que une os adolescentes, independentemente da década?

— A necessidade de estar presente — responde Juliana Müller. —Existe uma demanda entre todas as gerações de jovens: eles precisam estar juntos, nem que seja no ócio. Nos anos 1980, combinaram de ir à Cidade do Rock por telefone. Agora falam do assunto nas redes sociais, de uma maneira mais acelerada.

Mas ócio definitivamente não é o que acontece na casa da analista de contratos Tatiana Farias, de 46 anos, desde que as vendas de ingressos começaram. A filha dela, Aymee, de 14 anos, está ansiosíssima com a chance de assistir ao show do rapper Travis Scott na abertura do Rock in Rio. A menina já combinou com outras tantas (“tem um grupinho de umas seis ou sete”, diz a mãe) de vestirem top cropped, calça larga, tudo preto. No cabelo, a princípio, vai uma trança.

—Ali tem de tudo: várias bandas, sons, opções e pessoas. É um empolgante desconhecido que mexe com a adrenalina dos jovens — diz Tatiana, que também faz sua estreia.

Antes e depois

Alô, pai?

Ontem: Precisava dar notícias para os pais ou “tentar” marcar um encontro ali mesmo na Cidade do Rock? Disposição era item essencial para encarar a longa fila do orelhão. E um monte de fichas, claro, porque a ligação ia cair e, certamente, muitas delas seriam perdidas pelo caminho.

Hoje: Cada geração com seus problemas. Sai o serviço claudicante da Cetel e da Telerj, entra o sinal avariado das companhias privadas de telefonia. Em teoria, marcar um encontro no Rock in Rio hoje seria fácil se as operadoras aguentassem o rojão, principalmente nos primeiros dias. A conferir em 2024.

Deu fome

Ontem: Quem não levou lanche não tinha muita opção além de batata frita e hambúrguer. Uma boa pedida era o rock-dog da Chaika (com pão, salsicha, molho de tomate, cebola e pimentão). A cerveja refrescou muitos roqueiros, e a turma zero álcool teve refrigerante, água e “saquinho” de suco de laranja.

Hoje: Pense numa praça de alimentação de shopping. O Rock in Rio é assim quando se trata de comida hoje: muita diversidade. O que não quer dizer ausência de filas. Para tentar diminuí-las, o festival, neste ano, testa a venda de bebidas e alguns lanches por aplicativo, antes da abertura dos portões.

Horário

Ontem: O relógio era outro em 1985. Os portões da Cidade do Rock eram abertos ao meio-dia — com atrasos —, mas o primeiro show do único palco do evento só começava às 18h. No primeiro dia, o Queen, que encerrou as atividades, terminou de tocar exatamente às 3h30 da madrugada.

Hoje: O tempo deixou o festival mais pontual. Às 14h, os portões estão abertos, e o primeiro show geralmente começa às 15h30. Os atrasos são raros e, às 2h da manhã, já não há mais nada para se fazer na Cidade do Rock — com exceção do fervo eletrônico do palco New Dance Order.

Com que roupa

Ontem: Era janeiro de 1985, alto verão. O GLOBO na época listou óculos espelhados, lenços amarrados ao tornozelo, camisas amplas, correntes, pulseiras e leggings como os itens principais do guarda-roupa do roqueiro. Purpurina no cabelo e “gomalina” davam um “reforço extra” no visual.

Hoje: Em tempos de mudança climática, difícil dizer se setembro é um mês para camiseta e short ou casaco. Cada dia é um dia e cada turma, uma turma. Há quem se preocupe em sair bem na foto — por isso capricha na produção. Outros preferem ir preparado para o que o der e vier, com um tênis surrado e a boa e velha calça jeans.

Mais recente Próxima 'Guga por Kuerten' e 'Amiga genial': as estreias de séries no streaming na semana (08/9 a 14/9)

Inscreva-se na Newsletter: Seriais

Mais do Globo

Imóvel em região descrita como ‘paradisíaca’ tinha regras para hóspedes, com auxílio do ex-galã e família: ‘Como residimos no imóvel, estamos 24h disponíveis’

Antes de despejo, Mário Gomes alugava mansão com vista para o mar e limitava uso da piscina; conheça a casa

Veja o horóscopo do dia 17/9 para os signos de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes

Horóscopo de hoje: veja previsão para seu signo no dia 17/9

Veja o que diz a tradição judaica que Silvio Santos, morto no dia 17 de agosto, pediu para ser seguida em seu sepultamento

Silvio Santos: um mês após enterro, família deve visitar túmulo para cerimônia; entenda

Ao invés da tradicional fase de grupos, agora a competição contará com a fase de liga

Está perdido? Um guia para acompanhar a nova Champions League, que começa nesta terça-feira

Sistema operacional traz novo visual em aplicativos e mais recursos em segurança e acessibilidade

Apple: novo iOS 18 já está no ar. Entenda as novas funções do iPhone

Apostas podem ser feitas até as 19h, em lotéricas credenciadas, na internet ou no app

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 82 milhões nesta terça-feira

Arne Slot, Paulo Fonseca, Vincent Kompany e Thiago Motta terão seu primeiro desafio nesta terça-feira, quando o torneio se inicia

Liga dos Campeões: com 21 títulos, Bayern, Milan, Juventus e Liverpool terão técnicos estreantes no torneio

Alerta de 'muitas nuvens com pancadas isoladas' nos próximos dias é valido para estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

Após onda de calor, terça será de chuvas no Sudeste e no Norte, e Inmet emite alerta para SP; veja previsão

Evento acontece a partir das 21h41 de terça-feira e se encerrará na madrugada do dia seguinte

Eclipse lunar: saiba como assistir a evento, visível em todo Brasil

Encontro exibido a partir das 10h20 desta terça-feira vai contar com assentos presos ao solo e expulsão para agressão verbal ou física

Debate da Rede TV/Uol em SP: saiba como assistir ao reencontro entre Marçal e Datena, que terá cadeiras parafusadas