RIO - Após apagar um post no qual recomendava maconha para o governo Bolsonaro se acalmar, o escritor Paulo Coelho voltou atrás e republicou a mensagem na noite desta segunda-feira (9). Um print do post voltou ao ar às 19h21, com uma explicação: "Embora eu sempre apague tweets, estou tornando a postar esse, já que fez tanto sucesso". Em mensagem direta à reportagem do GLOBO às 19h29, ele disse: "Coloquei de novo quando vi a nota no portal de vocês. Está lá".
No domingo pela manhã, o autor postou em seu perfil no Twitter uma foto em que aparecem potes com a folha de cannabis e o texto: "Eu não uso desde 1982, mas acho que acalma – o Planalto e seu rei nu se beneficiariam muito... À venda em qualquer supermercado suíço". Em tempo: Paulo Coelho mora na Suíça, onde a maconha foi descriminalizada em 2012.
Apoio:
Paulo Coelho e Festival de Jazz do Capão anunciam 'parceria confirmada'
No próprio domingo, o secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, braço direito do titular da pasta, Mário Frias, criticou a postagem em seu perfil: "Eis a compleição moral dos que 'criticam' o governo. Patético!", escreveu ele junto a um print da postagem do escritor.
Na sequência do post de Porciúncula, apoiadores de Bolsonaro chamaram o autor de "covarde", alegando que ele teria apagado a mensagem. No dia 6 de agosto, Paulo já tinha feito um post sobre o presidente: "Bolsonaro está nu".
O escritor está sendo contactado pela reportagem para comentar o fato.
História revista:
Documentos mostram que Raul Seixas não delatou Paulo Coelho aos militares
Ajuda a festival de jazz
Não é de hoje, ou melhor de domingo, que Paulo Coelho e o governo Bolsonaro se estranham, principalmente com relação à política cultural adotada por Frias. O último round (antes da maconha) envolveu o Festival de Jazz do Capão, acontece há 10 anos na Bahia e, em oito edições, já levou para a Chapada Diamantina nomes como Ivan Lins, Naná Vasconcelos e Hermeto Pascoal. O evento foi impedido de captar recursos pela Lei Rouanet.
A negativa, de acordo com parecer emitido pela Fundação Nacional das Artes (Funarte) , deve-se a uma publicação feita pela página oficial do evento no Facebook em 1º de junho de 2020: no post, vê-se uma imagem onde está escrito “Festival antifascista e pela democracia”.
Depois da grande controvérisa gerada nas redes e fora dela, Paulo Coelho e sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, se ofereceram para bancá-lo. Na ocasião, o escritor fez apenas uma exigência: "Que seja (um evento) antifascista e pela democracia".
Colaborou Ruan de Sousa Gabriel