Cultura

Phil Earle refuta o termo 'sick-lit': 'essa literatura é uma forma de ajudar as pessoas'

Autor do best-seller 'Being Billy' acaba de lançar 'Saving Daisy'
Phil Earle, autor do badalado 'Being Billy' Foto: Divulgação
Phil Earle, autor do badalado 'Being Billy' Foto: Divulgação

LONDRES - Um dos badalados autores da chamada sick-lit, o autor britânico Phil Earle afirma que o nome para esse tipo de literatura não deveria ser “sick” (doente na tradução para o português). Em entrevista publicada no "Globo a Mais", diz que trata de problemas da vida real e que ignorá-los é ainda mais prejudicial para os jovens de hoje. Ele acaba de lançar o livro “Saving Daisy”, dois anos depois do best-seller “Being Billy”, que lhe rendeu indicações para 11 prêmios literários. O novo livro é inspirado na sua experiência de trabalho numa instituição psiquiátrica na década de 90 e nos jovens que conheceu lá. A história também tem pinceladas de eventos que aconteceram com ele próprio quando tinha 20 anos.

Esse novo gênero da literatura que ficou conhecido como sick-lit tem dividido opiniões. Enquanto alguns especialistas veem como um mau exemplo para os jovens, outros destacam a importância de se preparar esses futuros adultos para tratar com temas mais difíceis. Qual a sua avaliação?

Sou da turma dos que acham que preparam os jovens para os problemas do mundo. A alternativa é ignorar temas da vida real. Se não tratarmos desses assuntos de maneira aberta, os jovens vão buscar por outros meios, na internet, por exemplo. Manter segredo é pior. Os jovens que enfrentam a automutilação se sentem sozinhos. Não podemos chamar o gênero de “sick” (doente), mas é uma forma de ajudar, mostrar a essas pessoas que não estão sós, que há outras pessoas que passam por isso também. Mas é preciso lidar com esse tema de forma responsável.

Por que esses livros têm feito tanto sucesso neste momento? Por que não faziam uma década atrás?

A sociedade mudou. As pessoas estão mais dispostas a discutir certos temas, como a sexualidade, mais abertamente. Além disso, há o acesso mais fácil a todo tipo de informação pela internet. As pessoas estão mais interessadas em dividir sua experiências. Se não se falar nisso, elas vão recorrer ao underground.

O que os nossos jovens querem ler hoje?

Os jovens se interessam por qualquer assunto que seja relevante para a sua vida. Alguns leem sobre temas de que tenham medo, como o hooliganismo, outros leem twilight zone, por retratar os seus desejos. Querem ler sobre o que está perto deles. Outros leem sobre temas delicados como estes sobre os quais estamos falando. Há livros muito bonitos. As histórias não são inventadas, são baseadas na vida de verdade.