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Cultura

Podcast Flow perde contratos e convidados após declaração de Monark sobre nazismo

Apresentador gerou revolta ao defender existência de partido nazista no Brasil
monark Foto: Divulgação
monark Foto: Divulgação

Na manhã desta terça-feira, 8, diversas empresas associadas ao Flow Podcast usaram suas redes sociais para se distanciar do programa. O motivo foi o episódio transmitido na noite anterior, em que o apresentador do podcast, Monark (nome artístico de Bruno Aiub), defendia o direito à criação de um partido nazista reconhecido pela lei no país. As frases surgiram em conversa com os deputados federais Kim Kataguiri (DEM) e Tabata Amaral (PSB).

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"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. Eu sou muito mais louco que todos vocês. Acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido", disse Monark, rebatido por Tabata , que lembrou que a apologia ao nazismo coloca os judeus em risco de vida.

A declaração causou revolta nas redes sociais, com usuários do Twitter pressionando os patrocinadores do programa a se posicionarem. Os termos "Flow", "Monark" e "nazismo" apareceram entre os mais comentados do Twitter.

Uma série de personalidades que já foram entrevistados no programa pediram para que suas participações no programa fossem retiradas do ar. Até o momento a lista conta com nomes como Os jornalistas  Benjamin Back e Iberê Thenório, astrofísica Stephane Werner, o mágico Felipe Barbieri, e os músicos Tico Santa Cruz e Lucas, da banda Fresno, entre outros.

Coletivos judaicos, como o Instituto Brasil-Israel e o Judeus pela Democracia, também pressionaram patrocinadores para interromperem o financiamento do programa: “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, postou o Judeus pela Democracia.

Podcast derivado do Flow, o Flow Sport Club também perdeu patrocinadores e convidados (mesmo não tendo Monark em sua bancada). A  Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) anunciou nesta terça-feira o rompimento do contrato com o programa , que vinha fazendo a transmissão de partidas do Campeonato Carioca.

Filho de Zico, Junior Coimbra confirmou que o pai não comparecerá à entrevista no "Flow Sport Club", podcast esportivo derivado do Flow, após ficar sabendo das falas. O jornalista esportivo Antony Curti também cancelou sua ida ao programa.

Uma das empreasas cobradas pelos dois institutos foi a Flash Brasil, que logo em seguida anunciou o encerramento do patrocínio com o Flow

Marcas como Bis e Puma usaram suas redes sociais para repudiar a declaração e se afastar do programa.

No meio da tarde desta terça-feira, Monark publicou dois vídeos em suas redes sociais pedindo desculpas e alegando que estava "muito bêbado" no momento da conversa. Também admiiu ter sido "insensível" com a comunidade judaico. Esta, no entanto, não foi a primeira polêmica envolvendo o podcast.

No final de outubro, o Flow perdeu um de seus principais patrocinadores, o ifood, após observações de Monark serem interpretadas como uma relativização do racismo. Em um debate com o advogado Augusto de Arruda Botelho, Monark chegou a perguntar: “Ter uma opinião racista é crime?”. Ao ser cobrado, o apresentador se defendeu chamando seus críticos de "turma canceladora".

Na época, o ifood divulgou nota afirmando que a empresa e Flow quase foram tragados pela “realidade tóxica da intolerância que, infelizmente, tem se incorporado ao nosso cotidiano” e pediu um reforço do "diálogo". A relação comercial com o programa estava encerrada definitivamente desde então.