Cultura

Reabertura de Museu do Amanhã e Casa Roberto Marinho empolga visitantes: 'Necessidade emocional'

Locais reabriram com critérios rígidos de segurança, horários reduzidos e limitação de visitantes
Público na exposição 'O jardim' da reabertura da Casa Roberto Marinho Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza
Público na exposição 'O jardim' da reabertura da Casa Roberto Marinho Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza

Passeando pelo jardim da Casa Roberto Marinho, projetado por Burle Marx, ao som de pássaros e com o ar puro da Floresta da Tijuca, o carioca Adilson Morgan, de 49 anos, transmite um ar de satisfação visível até mesmo sob sua máscara de proteção. Não é para menos. Desde março, quando os centros culturais do Rio de Janeiro fecharam devido à pandemia da Covid-19, o morador do Flamengo não tinha uma opção de lazer que não fosse caseira.

— É como se fosse um reencontro com uma pessoa querida. — conta Morgan — Eu já estava ligado no calendário de abertura dos centros culturais por uma necessidade emocional e até fisiológica.

Ele diz que escolheu a Casa Roberto Marinho como primeiro destino pois, além da opção interna com os quadros e obras, o jardim oferece uma área para “respirar”.

Adotando um protocolo sanitário reforçado, com aferição de temperatura do público e pontos com álcool gel, o centro cultural reabriu com acesso agendado e em horários pré-determinados. A circulação simultânea máxima é de apenas 80 pessoas e o visitante faz a reserva de forma gratuita no site do instituto. Até 13 de setembro segue em cartaz a exposição “O jardim”. A mostra contém 20 obras inéditas de 11 artistas como Beatriz Milhazes e Angelo Venosa. O curador do espaço, Lauro Cavalcanti, não escondia a ansiedade com volta do público ao local.

— É um respiro na plena concepção da palavra. Para mim é emocionante porque era muito triste ver essa casa vazia com duas exposições montadas e lindas — diz Cavalcanti — É um período de reaprendizado e de uma crença na arte e na cultura como uma tábua nesse mar que a gente está vivendo.

Visitantes-fiscais

Reabertura do Museu do Amanhã teve protocolos de segurança sanitária para segurança dos visitantes Foto: Antonio Scorza / O Globo
Reabertura do Museu do Amanhã teve protocolos de segurança sanitária para segurança dos visitantes Foto: Antonio Scorza / O Globo

Outro espaço querido pelos cariocas e turistas que reabriu neste sábado foi o Museu do Amanhã, na Praça Mauá. O percurso de visitação foi todo adaptado e sinalizado com orientações para o público seguir os protocolos sanitários. Um grupo de limpeza acompanha o fluxo de visitantes e realiza a desinfecção dos equipamentos interativos após cada uso. O número de visitantes foi restrito para 300 por hora e os ingressos são comprados na internet.

Um dos primeiros a chegar no Museu, que abriu as portas às 10h, foi Délio Martins, de 60 anos. Ele faz a linha “cidadão fiscal” e estava curioso para ver com os próprios olhos se os espaços estariam respeitando as medidas de segurança para a reabertura ao público.

— Até agora achei tudo ótimo. Tem gente orientando, estão respeitando a quantidade de pessoas. Então meu passeio está tranquilo, pois sou grupo de risco e estava realmente trancado em casa. — conta Martins — Estou me sentido como uma passarinho que estava enjaulado, e agora pode sair voando. Mas com responsabilidade, pois estava muito tempo preso e tem que reaprender como voa.

Além das medidas de segurança sanitária, as próprias exposições foram atualizadas para contextualizar a pandemia para os visitantes. O painel “Terra é azul”, por exemplo, ganhou imagens de cidades quarentenadas e fotos de locais com grande aglomeração, como a Praia de Copacabana, vazios por conta do isolamento social.

Segundo a diretora executiva do Museu do Amanhã, Roberta Guimarães, o desafio é a conscientização dos visitantes. Os funcionários trabalham para garantir que todos cumpram as regras de distanciamento e higienização das mãos. E os novos conteúdos tentam levar às pessoas uma reflexão mais abrangente sobre a pandemia que estamos vivendo.

— Uma coisa que o coronavírus trouxe para a humanidade é o entendimento do que deve ser uma convivência harmoniosa e respeitosa. Nós atualizamos sete dos interativos com vídeos, fotos, gráficos, entrevistas, para o visitante entender a discusão sobre o desequilíbrio do ecossistema e quais as consequências para o futuro se continuarmos provocando esse desequilíbrio — diz Guimaraes.