Cultura TV Séries

Alfred Enoch, a conexão brasileira em ‘How to get away with murder’

Ator integra elenco de série com Viola Davis, que reestreia nesta quinta-feira no Brasil

Alfred Enoch em cena da série ‘How to get away with murder’
Foto: Divulgação/Tony Rivetti
Alfred Enoch em cena da série ‘How to get away with murder’ Foto: Divulgação/Tony Rivetti

RIO - Alfred Enoch é inglês, filho do ator William Russell (integrante do elenco original de “Doctor Who”), mas hoje em dia prefere falar o tempo todo com sotaque americano por culpa de Wes Gibbins, aspirante a advogado no megassucesso “How to get away with murder” — cuja segunda temporada estreia nesta quinta-feira, às 21h, na Sony. Quando resolve gastar seu português — sim, ele é fluente —, o que predomina são a malemolência e o chiado típicos do Rio, graças à mãe, a médica carioca Etheline Lewis, filha de barbadianos radicados no Brasil.

— Meu pai montou uma adaptação de “Dom Quixote” na Inglaterra e fez uma turnê pela América Latina. Ele acabou conhecendo minha mãe no Rio, numa festa depois de uma apresentação no consulado britânico, e foi assim que aconteceu — conta o ator de 27 anos.

Graças às raízes, Enoch, que também viveu o jovem bruxo Dean Thomas na saga “Harry Potter”, decidiu estudar português e espanhol na universidade (“Li sobre a vida da Clarice Lispector, mas não gostei tanto quanto de ‘Deus e o diabo na Terra do Sol’”). Entre 2010 e 2011, tirou um ano sabático, passou cinco meses trabalhando em Sevilha, na Espanha, e voltou ao Brasil (ele morou por um ano em Salvador, na infância), tudo para melhorar a fluência nos dois idiomas.

— Fiquei só dois meses no Rio e queria ter passado mais tempo, mas não deu por causa da filmação da última parte de “Harry Potter”, tive que voltar. Na Espanha, consegui um trabalho, fiz tudo direitinho, mas no Rio eu quis aproveitar, me diverti muito com os meus primos, que moram aí. Lembro de rodar a cidade atrás de uma baiana para comer acarajé, que eu adoro — relembra o ator, que estudou teatro com Oscar Saraiva, torce para o Flamengo e chegou a ser reconhecido nas ruas por conta de Dean.

NA TV, RELAÇÃO CONTURBADA

Mas o tom de voz muda mesmo quando ele fala de Gibbins, sua grande oportunidade na vida adulta. Afinal, além de estar em um dos grandes sucessos da TV americana, sob a produção da toda-poderosa Shonda Rhimes, ele atua ao lado de Viola Davis, vencedora do Emmy de melhor atriz em 2014 pelo papel da jurista Annelise Keating.

“Wes cresceu muito, e essa é uma das coisas que me faz gostar muito da série. Isso de usar presente, futuro e passado nos permite ver outros lados do personagem”

Alfred Enoch
Ator

— Wes cresceu muito nessa temporada e meia ( o segundo ano estreou nos EUA em setembro ), e essa é uma das coisas que me faz gostar muito da série. Desde o começo, ele ( o criador Peter Nowalk ) mostra a evolução do Wes. Isso de usar presente, futuro e passado nos permite ver outros lados do personagem. Para mim, como ator, ter a possibilidade de ver o personagem em situações diferentes, se comportando de maneira surpreendente, é muito interessante.

Outra coisa que mudou muito durante o primeiro ano da série foi a relação entre Annelise e Wes. Mas Enoch jura não fazer ideia do que vem por aí.

— A história é criada a cada episódio. A gente deu algumas dicas sobre uma possível ligação entre os dois, mas tudo pode mudar — despista o ator, que grava nos Estados Unidos até fevereiro — A relação deles não é simples. A história tem estado tão complicada, é tanta confusão, tanta coisa acontecendo entre eles, que é difícil definir essa relação. Prefiro deixar que o povo em casa possa inventar sua própria história na cabeça, assim fica mais emocionante.