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'Bom sucesso': saiba quais livros são citados na novela da Globo

Listamos algumas das obras favoritas de Paloma (Grazi Massafera) e Alberto (Antonio Fagundes)
Paloma (Grazi Massafera) se surpreende com a biblioteca de Alberto (Antonio Fagundes) em 'Bom sucesso' Foto: Ellen Soares / TV Globo
Paloma (Grazi Massafera) se surpreende com a biblioteca de Alberto (Antonio Fagundes) em 'Bom sucesso' Foto: Ellen Soares / TV Globo

RIO - Em "Bom sucesso" , novela das 19h da TV Globo, a costureira Paloma (Grazi Massafera) e o editor Alberto (Antonio Fagundes) pertencem a mundos muito diferentes, mas compartilham uma paixão comum: os livros. Por isso mesmo, não é incomum que surjam referências a clássicos da literatura nos diálogos da atração.

— A gente escolhe os livros que dialoguem com o momento vivido pelos personagens. Boa parte das obras que Paloma lê diz respeito aos seus conflitos e dúvidas, particularmente àqueles que se referem ao triângulo amoroso com Marcos e Ramon: Otelo, Dom Casmurro, Primo Basílio. Todos, de alguma forma, falam de uma mulher que está dividida entre seus sentimentos — conta Paulo Halm , autor da novela ao lado de Rosane Svartman . Ela revela que além dos dois, amigos e toda a equipe da novela também contribuem com as indicações de livros citados na trama.

— A sugestão da entrada de Cyrano de Bergerac, por exemplo, foi do Fagundes. Estávamos procurando um livro de um personagem que se sacrificava por amor e ele deu esta sugestão — conta Rosane.

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Em boa parte das vezes, as obras são citadas durante as conversas entre Paloma e Alberto na biblioteca particular do editor. O acervo da cenografia da novela, assinada por May Martins, Marcelo Carneiro e Ana Aline, comporta cerca de 30 mil livros, que ficam espalhados entre seis cenários diferentes. Como muitos dos livros citados são, na novela, editados pela fictícia editora Prado Monteiro , a equipe liderada pelo diretor artístico Luiz Henrique Rios ainda desenvolveu capas com design exclusivo.

Confira, abaixo, alguns livros que já apareceram em "Bom sucesso":

'O velho e o mar', de Ernest Hemingway, 'Metamorfose', de Franz Kafka e 'Dom Casmurro', de Machado de Assis

As obras-primas do americano Ernest Hemingway (1899-1961), do tcheco Franz Kafka (1883-1924) e do brasileiro Machado de Assis (1839-1908) são citadas de uma vez só quando Paloma convence Alberto a aprovar o manuscrito de Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães) .

"Se eu falasse para você o resumo dos livros mais sérios, mais bem escritos, talvez você achasse bobagem. A história de um velho pescador lutando para conseguir capturar um peixe que acaba sendo devorado por tubarões antes de chegar à praia: "O velho e o mar", clássico de Hemingway. Ou um homem que acorda e descobre que é barata? "Metamorfose", obra-prima de Franz Kafka. Ou um homem que pensa o tempo inteiro que a mulher o traiu com o marido? "Dom Casmurro", de Machado de Assis", argumenta Alberto.

Paloma (Grazi Massafera) lê 'Alice no país das maravilhas' Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo
Paloma (Grazi Massafera) lê 'Alice no país das maravilhas' Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo

'Gabriela, cravo e canela', de Jorge Amado, 'Alice no país das maravilhas', de Lewis Carroll

A obra do brasileiro Jorge Amado (1912-2001) que já inspirou duas novelas, além dos clássicos infantis "Alice no país das maravilhas", de Lewis Carroll (1831-1898) e "Peter Pan",  de J. M. Barrie (1860-1937), são lembrados no momento em que Alberto apresenta a Paloma sua vasta biblioteca particular.

"Esse aqui eu tenho. A diretora do colégio me deu quando eu parei de estudar. "Alice no país das maravilhas", "Gabriela, cravo e canela" e "Peter Pan". Em homenagem a esses livros eu dei o nome dos meus filhos. Eu tenho três: Alice, Peter e Gabriela", revela Paloma .

'O Mágico de Oz',  de L. Frank Baum

É a partir da leitura de "O mágico de Oz", clássico de L. Frank Baum (1856-1919) ao lado da neta Sofia (Valentina Vieira) que Alberto reflete sobre sua postura em relação à vida e decide ir atrás de Paloma .

"É estranho como esses livros supostamente escritos para crianças trazem respostas para as perguntas mais íntimas. Hoje de manhã, uma moça esteve aqui em casa e me fez pensar nisso. Eu sempre fui muito racional. Talvez eu fosse mais feliz se eu tivesse seguido meu coração".

'A letra escarlate', de  Nathaniel Hawthorne

O livro 'A letra escarlate', em capa criada pelo designer da Globo Mauro Britto para a novela 'Bom sucesso' Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo
O livro 'A letra escarlate', em capa criada pelo designer da Globo Mauro Britto para a novela 'Bom sucesso' Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo

Alberto recomenda a Paloma a leitura do livro publicado em 1850 pelo americano Nathaniel Hawthorne (1804-1864). Ambientada numa colônia puritana nos Estados Unidos do século XVII, o livro é centrado em Hester Prynne, que, como Paloma, é costureira. Ao dar à luz a um bebê cujo nome do pai ela não pode revelar, Hester é exposta à humilhação pública e obrigada a usar uma letra "A" (de adúltera) em suas vestes.

"Essa história se passa no século XVII nos Estados Unidos, uma época de obscurantismo, preconceito, moralismo. O pior é que o mundo agora está querendo voltar para esse passado. Mas isso é outro assunto. O livro é extraordinário", garante Alberto.

'Romanceiro da inconfidência', de Cecilia Meireles

Os versos mais ilustres da coletânea de poemas da brasileira Cecília Meireles (1901-1964) são declamados por Alberto depois de Paloma comentar a sensação de liberdade que experimentou ao fazer tudo que desejava depois de receber o falso diagnóstico de que teria pouco tempo de vida.

"A Cecília Meirelles é uma autora que merece estar nessa pilha de livros que você escolheu. Ela disse que a liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta. Que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda", ensinou.

Alberto (Antonio Fagundes) e Paloma (Grazi Massafera) entre livros Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo
Alberto (Antonio Fagundes) e Paloma (Grazi Massafera) entre livros Foto: VICTOR POLLAK / TV Globo

'Poesias',  de Fernando Pessoa

Quando Paloma lamenta que Alberto esteja escrevendo um testamento, o editor recorre a dois famosos versos do poema " A morte é a curva da estrada", do português Fernando Pessoa (1888-1935), para consolá-la sobre a proximidade da sua própria morte .

"Não se preocupe. Esse papel só terá importância quando eu não existir mais. Como disse Fernando Pessoa, morrer é só não ser visto. A morte é a curva da estrada.

'Don Quixote de La Mancha', de Miguel de Cervantes

Ao invés de Paloma ou Alberto, é Marcos (Romulo Estrela) quem declama uma passagem do clássico de Cervantes durante um encontro com o pai na biblioteca. Apesar da erudição, Alberto briga com o filho , sem perceber como as frases do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) servem para explicar o que levou Marcos a trabalhar na praia, ao invés de seguir o desejo do pai de dar continuidade aos negócios da editora Prado Monteiro.

"Embora eu saiba que não exista magia no mundo que possa mover e forçar a vontade — como alguns simplesmente acreditam —, é livre a nossa vontade, e não há erva nem encanto que a force".