O tênis que o telespectador verá nos pés da personagem Rue Bennet na segunda temporada de “Euphoria”, com estreia no próximo domingo na HBO Max, é exatamente o mesmo da primeira leva de episódios. Superstição da intérprete, a atriz e cantora Zendaya.
— Os cadarços já despedaçaram muitas vezes. O tênis está se desfazendo, mas não troco — diz a californiana, de 25 anos, em entrevista por Zoom.
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A ideia do ditado “em time que está ganhando não se mexe” é universal. Em 2020, afinal, a jovem foi premiada com o Emmy de melhor atriz de drama pela primeira temporada da série, desbancando a oscarizada Olivia Colman, na época concorrendo por “The Crown”. A interpretação de uma adolescente de 17 anos que luta contra o vício em opioides em meio aos dilemas do luto, do primeiro amor e das descobertas do sexo, a colocou em outro patamar profissional. Ela começou, inclusive, a desenhar um novo caminho.
— No futuro, espero ser uma cineasta. É isso que quero: fazer eu mesma as merdas que amo, desculpe o palavreado (risos). Não sei quando isso vai acontecer, o quão preparada estou. Mas ninguém sabe quando está pronto, não é? Tem que descobrir fazendo — diz ela, que, desde 2020, faz parte do grupo de nomes da indústria habilitado a votar no Oscar.
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A artista vê a série (também elogiada pela diversidade no elenco, que conta com a atriz trans Hunter Schafer como par romântico da protagonista) como o grande “lugar seguro” de aprendizado por onde já passou.
— É um ambiente onde tenho pessoas como o Sam (Levinson, criador e diretor da série) e Marcell (Rév, diretor de fotografia) , que não se importam que eu fique pendurada no ombro deles o dia inteiro, olhando e fazendo perguntas.
Cineasta ela pode ainda não ser, mas já botou a mão na massa nos bastidores. Nessa nova temporada do drama, é listada como produtora-executiva de um dos episódios e, no ano passado, foi uma das produtoras (além de protagonista) de “Malcolm & Marie”, filme também de Sam Levinson, que já a descreveu como um dos “seres humanos mais pé no chão” que ele conhece.
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Ícone fashion
No show business desde os 13 anos, com trabalhos no Disney Channel, chega a ser surpreendente que Z (como é chamada pelos colegas) não tenha sido fisgada pelo bichinho do estrelato. Até porque ela se mostra uma potência não só de crítica, mas de público. Seu último filme, “Homem-aranha: sem volta para casa”, que estrela ao lado do namorado, Tom Holland , e estreou em dezembro, se tornou a 12ª maior bilheteria da história — o primeiro a arrecadar US$ 1 bilhão desde o início da pandemia .
![Zendaya na pré-estreia de 'Homem-aranha: sem volta para casa', em Los Angeles Foto: MARIO ANZUONI / REUTERS](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25344132-bc0-8b6/FT1086A/AMC-SPIDERMAN_.jpg)
Fora das telas, no Instagram, são 120 milhões de seguidores. Suas aparições nos tapetes vermelhos são sempre altamente elogiadas pelo senso estético, o que já lhe garantiu contratos com as marcas de luxo Lancôme, Tommy Hilfiger e Valentino. No ano passado, foi eleita “Ícone Fashion” pelo CFDA, o conselho dos estilistas americanos, prêmio que já passou pelas mãos de Beyoncé e Rihanna. Na noite do evento, a modelo Iman, que anunciou o nome de Zendaya, a apresentou como alguém que “transcende qualquer definição de estilo”.
— Ironicamente, sou uma pessoa muito tímida, considerando o ramo que escolhi para trabalhar — confessa a jovem atriz.
Descontração no set
Apesar do senso estético de Zendaya e da própria “Euphoria”, dessa vez a protagonista passa longe do glamour. Está, inclusive, no extremo oposto do espectro de suas colegas de cena, cuja caracterização divertida e audaciosa levou a série a vencer o Emmy de melhor maquiagem em 2020 e virar filtro de Instagram badalado. Na nova temporada, Rue Bennett está distante dessa turma: surge mais sonolenta, desgrenhada, o nariz chega a escorrer.
![Zendaya e o cantor Dominic Fike, que estreia como ator Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25344142-207-0d0/FT1086A/96885776_SC-ZendayaEuphoriasegunda-temporada.jpg)
— Sou a menos envolvida na caracterização. Adoraria dizer que tem muita maquiagem, mas honestamente não tem. Consigo parecer acabada naturalmente quando é preciso, e tudo bem — diz ela.
Antes do “ação”, em vez de gastar tempo no camarim (como o cantor Dominic Fike , estreante como ator, que leva duas horas para cobrir as tatuagens do corpo), Z assume o papel de animadora de set. Não importa quão barra-pesada seja o roteiro.
— Adoro vir trabalhar e fazer as pessoas rirem, especialmente num dia difícil. É quando mais precisamos.
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Nika King, intérprete da mãe de Zendaya, com quem ela divide a dilacerante sequência dos 13 minutos iniciais no quinto episódio, confirma.
— Durante a preparação para essa segunda temporada, estava lendo o livro da Cicely Tyson (atriz americana que morreu em janeiro de 2021, aos 96 anos), e ela dizia que, ao colocar o figurino, entrava no personagem. Eu falei: “Vou fazer a mesma coisa, vestir a roupa e virar a Leslie”. O problema é que a Zendaya e a Storm (Reid, intérprete de Gia, irmã de Rue) gostam de fazer piada, brincar o tempo todo—afirma Nika. — É difícil para mim entrar no “modo mãe” se elas estão dançando, fazendo bobeiras (risos) .
Essa diversão tenta suavizar uma autocobrança enorme, que existe independentemente de haver um Emmy na estante.
— Sou supercrítica, pego pesado comigo —diz Zendaya. —Isso nunca vai mudar, não importa o quanto eu tente. O prêmio e os elogios à série trazem uma pressão extra, mas eu faria isso de qualquer forma. Porém, acho que, se internalizasse demais, ficaria louca.