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'Dom': série mostra drama familiar por trás da história de bandido que aterrorizou o Rio

Produção que estreia no Prime Video tem direção de Breno Silveira e conta jornada de Pedro Dom, jovem de classe média que virou líder de quadrilha e foi morto aos 23 anos, em 2005, e de seu pai policial
Trajetória do bandido Pedro Dom (Gabriel Leone) inspira série dirigida por Breno Silveira Foto: Laura Siervi
Trajetória do bandido Pedro Dom (Gabriel Leone) inspira série dirigida por Breno Silveira Foto: Laura Siervi

Há 12 anos, o policial aposentado Luiz Victor Dantas Lomba entrou pela porta da Conspiração Filmes, no Rio, dizendo à recepcionista que precisava falar com o cineasta Breno Silveira, de “2 filhos de Francisco” e “Era uma vez...” Victor tinha um pedido a fazer: queria que Breno contasse a verdadeira história de seu filho, Pedro Machado Lomba Neto.

No começo dos anos 2000, Pedro virou manchete no noticiário nacional sob a alcunha de Pedro Dom. O jovem de Copacabana, louro, branco e de olhos claros, tornou-se líder de uma violenta quadrilha que assaltava prédios de luxo na capital carioca. Com 13 anos, ele já saía às ruas para praticar pequenos crimes e sustentar o vício em drogas. Foi internado 20 vezes em clínicas de reabilitação. O desfecho trágico se deu em 2005, quando foi morto, aos 23 anos, após uma caçada policial.

Mas para além da trajetória do filho que já era conhecida do público, Victor Lomba tinha mais a contar. E, após certa resistência, Breno Silveira decidiu ouvi-lo. O resultado pode ser conferido a partir de hoje, quando estreia no Prime Video a série “Dom”, com Gabriel Leone no papel de Pedro Dom, e Flávio Tolezani interpretando Victor. Com oito episódios lançados de uma só vez, a expectativa é de que haja uma segunda temporada.

Victor (Flávio Tolezani) abraça o filho, Pedro (Gabriel Leone): drama familiar por trás de saga policial Foto: Divulgação
Victor (Flávio Tolezani) abraça o filho, Pedro (Gabriel Leone): drama familiar por trás de saga policial Foto: Divulgação

— Victor morreu vítima de um câncer, e nunca perguntei por que ele queria tanto que eu, especificamente, o ouvisse. Só sei que não sou eu que escolho minhas histórias, elas que me escolhem. E são elas também que escolhem a hora que têm que acontecer —diz Silveira, que divide a direção de “Dom” com Vicente Kubrusly.

A série vai a fundo na história do próprio Victor Lomba, policial civil que colaborou em missões de militares durante a ditadura e passou boa parte da vida atormentado por não conseguir salvar Pedro do destino trágico.

“Dom” mostra a jornada de pai e filho vivendo vidas opostas, muitas vezes se espelhando e se complementando, enquanto ambos enfrentam situações que confundem os limites entre o certo e o errado.

Na construção do projeto, Silveira também inseriu passagens do livro “Dom” (Companhia das Letras), de Tony Bellotto, mas sem abrir mão de um elemento que lhe é muito caro: o afeto.

—Meus trabalhos falam sobre laços, eu gosto de tocar as pessoas. Esta não é uma série policial, de gangues. Eu perguntei àquele pai se ele amava o filho, e ele me disse que sim, mais do que tudo na vida. As pessoas vão conhecer esse drama enfrentado pelos dois e que depois se transformou no que já sabemos sobre Pedro Dom — promete Silveira.