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Ex-vendedora de loja, Gabrielle Joie faz sucesso em 'Bom sucesso' e estreia em 'Toda forma de amor'

Atriz foi descoberta pelo diretor Bruno Barreto no YouTube
A atriz Gabrielle Joie em 'Toda forma de amor' Foto: Filipe Vasconcelos Vianna/Divulgação
A atriz Gabrielle Joie em 'Toda forma de amor' Foto: Filipe Vasconcelos Vianna/Divulgação

RIO - No ar em “Bom sucesso” como Michelly, Gabrielle Joie virou atriz por força do destino: a jovem de 21 anos trabalhava como vendedora de uma loja na rua Oscar Freire, em São Paulo, até ser procurada pelo diretor Bruno Barreto . Na época, o cineasta de “Dona Flor e seus dois maridos” estava em busca de uma mulher trans para um papel em “Toda forma de amor” , série que estreia nesta sexta-feira no Canal Brasil . Ele encontrou Joie pelos vídeos no YouTube em que ela compartilhava informações sobre a sua transição sexual.

— Eu nunca imaginei ser atriz. Quando me chamaram para a série nem acreditei, e graças a Deus aconteceu, hoje em dia faz todo sentido — conta Joie, que diz estar agora “experimentando” com a carreira. — Mais pra frente pode ser que eu vá fazer outra coisa, mas sempre no meio artístico, performático — diz ela, que também sonha com uma faculdade de artes visuais, quando encontrar tempo.

O sucesso da atriz é comemorado por seus pais. Ela diz que hoje, eles são seus fãs número um, e esclarece a história que circulou sobre sua mãe ter tentado exorcizá-la quando ela anunciou que era trans.

— Isso nem deveria estar repercutindo dessa forma. Eu falei num vídeo que minha mãe queria me levar na igreja, me exorcizar. A minha mãe é muito religiosa, e essa era a ferramenta dela como pessoa religiosa de tentar me transformar numa pessoa “normal”, entre aspas. Mas nunca chegou a acontecer, ela falou da boca pra fora. No começo foi difícil, minha família não soube o que fazer. Mas eles viram minha trajetória e hoje têm muito orgulho, não perdem um capítulo da novela — explica.

Em “Toda forma de amor”, Gabrielle vive Marcela, uma DJ por quem o empresário Daniel (Rômulo Arantes Neto) se apaixona. Ele só descobre depois que ela é trans, em uma cena com direito a um nu frontal. Ela vê semelhanças entre a personagem e a extrovertida Michelly.

— As duas são bem autoconfiantes, certas de si. Mas Michelly é debochada, não leva desaforo para casa. E a Marcela é mais madura, confia muito no trabalho dela e na transição dela. São duas personagens fortes — diz, ao também lembrar que gostaria de viver uma personagem cisgênero.

— Não que seja minha meta enquanto artista. Mas tratar só do sofrimento é maçante. Todo mundo já sabe o que a gente passa, sabe que a gente sofre.  Mas não vou deixar de fazer papel trans, afinal a gente tem que trabalhar, tem boleto para pagar — brinca.