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'O mundo precisava de uma 'Bella Ciao'', diz o Helsinki de 'La casa de papel'

Terceira parte da série chega à Netflix nesta sexta-feira
Fãs seguram máscaras da série 'La Casa de Papel', durante lançamento da terceira temporada, em Madrid Foto: GABRIEL BOUYS / AFP
Fãs seguram máscaras da série 'La Casa de Papel', durante lançamento da terceira temporada, em Madrid Foto: GABRIEL BOUYS / AFP

BOGOTÁ - Já parte da iconografia pop, as máscaras de Salvador Dalí usadas pelos assaltantes de “La casa de papel” se tornaram hit tanto no Carnaval quanto em protestos nos últimos anos. E "Bella Ciao", hino italiano antifascista recuperado pela série , inspirou paródias que vão desde o funk "Só quer vrau", sobre uma "novinha" com apetite sexual voraz, a coro usado por adeptos do "Ele não", movimento suprapartidário que desde a campanha presidencial se opõe a Jair Bolsonaro. Em outros lugares do mundo, a música também ganhou espaço em manifestações.

— Creio que o mundo precisava de “Bella Ciao”. Todos os movimentos populares, no norte da África, na América Latina, na França, na Espanha, todos precisavam de um hino global, e “Bella Ciao” se encaixou perfeitamente. — avalia o sérvio Darko Peric, que vive Helsinque na série. — E creio que agora muitas pessoas sabem de onde veio a música, porque muita gente pensava que era só da série, mas ela tem sua própria história .

Peric lamenta que não poderá conhecer o Rio de Janeiro da mesma forma que sonhava, como um turista anônimo, após a série ter estourado no país. Ele conta que percebeu pela primeira vez que não era conhecido apenas na Espanha ao receber a atenção dos fãs brasileiros.

— Percebi pelas redes sociais, e, primeiramente, pelo Brasil. Meu primeiro feedback veio de vocês e da Turquia.

Cena da terceira temporada de 'La casa de papel' Foto: Tamara Arranz Ramos / Divulgação
Cena da terceira temporada de 'La casa de papel' Foto: Tamara Arranz Ramos / Divulgação

O impacto global da série é reconhecido até dentro da trama — em uma cena, o Professor (Álvaro Morte) usa imagens de protestos reais (incluindo uma manifestação contra a corrupção no Rio) para provar que o povo estaria do lado dos assaltantes graças ao seu inconformismo antissistema. Para Morte, a crítica ao capitalismo, evidente no ataque aos símbolos do sistema financeiro da Espanha, faz parte do pensamento do Professor.

— Acredito que o Professor vê que as coisas não funcionam bem, não aceitaque uma pessoa tenha milhões de euros na sua conta e outras estejam morrendo de fome no mundo. — opina. — Não pode ser que pessoas inteligentes, adultas, estejam vivendo num mundo desta maneira e não reajam diante dele. O Professor tem a sua forma de raciocinar, não sei se é a melhor ou pior, talvez esteja equivocado, mas é a sua forma de fazer.

A terceira temporada de "La casa de papel" chega à Netflix nesta sexta-feira. Após duas temporadas empenhados em imprimir dinheiro na Casa da Moeda espanhola, o grupo de assaltantes volta suas atenções para o Banco de Espanha. Lá, eles pretendem pôr as mãos nas reservas em barras de ouro da instituição, trancafiadas em um cofre a 48 metros abaixo do solo — e preparado para inundar caso alguém ouse penetrá-lo. Clique aqui para conhecer os novos personagens da série .

Luiza Barros viajou a convite da Netflix