Cultura TV

Para Cauã Reymond, protagonista de 'Um lugar ao sol' é 'papel mais difícil da carreira'

Nova novela das 21h, escrita por Lícia Manzo, estreia segunda-feira (8)
Christian (Cauã Reymond) se casa com Bárbara (Alinne Moraes) se passando por Renato (Cauã Reymond) Foto: Globo/Divulgação
Christian (Cauã Reymond) se casa com Bárbara (Alinne Moraes) se passando por Renato (Cauã Reymond) Foto: Globo/Divulgação

Estreia nesta segunda-feira (8) a novela "Um lugar ao sol", a primeira totalmente inédita na faixa das 21h desde o início da pandemia, trazendo um time de estrelas como Cauã Reymond, Marieta Severo, Alinne Moraes, Andreia Horta e Juan Paiva. A trama de Lícia Manzo, autora de "A vida da gente" e "Sete vidas", traduz para as telas um retrato da realidade brasileira ao questionar as diferenças de oportunidades e evocar a linha tênue entre a falta de perspectivas e a esperança de um futuro melhor.

A história se desenrola a partir dos gêmeos Christian e Christofer (interpretados por Cauã), separados na primeira infância. Enquanto um cresce em um abrigo em Goiânia, o outro é adotado por uma família endinheirada do Rio de Janeiro. A autora conta que a ideia surgiu ao assistir o documentário da GloboNews "Meus 18 Anos", com depoimentos de jovens que, ao completarem a maioridade, deixam o abrigo onde foram criados e têm de arquivar seus sonhos por falta de chances de estudar.

Começo quente: Semana de estreia de 'Verdades Secretas 2' bate recorde de 'Grey's Anatomy'

Christian (Cauã Reymond) e Ravi (Juan Paiva) se reencontram após 10 anos Foto: Globo/Divulgação
Christian (Cauã Reymond) e Ravi (Juan Paiva) se reencontram após 10 anos Foto: Globo/Divulgação

— É impossível fazer uma novela no Brasil de hoje e não tocar nesses temas, é algo que se impõe. Decidi trabalhar com dois personagens da mesma origem, mas com histórias diferentes, para mostrar como esses privilégios são determinantes— afirma Manzo.

Sob uma ótica questionadora, a novela também toca em assuntos como liderança feminina, sexualidade, o "prazo de validade" imposto às mulheres em função de sua idade e aparência, e a gordofobia através dos personagens de Ana Baird e Otávio Müller.

O público pode esperar ainda uma boa dose de humor irreverente. — Não coloquei como ingrediente em uma receita, mas acabou surgindo naturalmente, revela a autora de "Sai de baixo" e "A diarista".

Sonho de verão? Xuxa e Leticia Spiller vão se reencontrar na TV; saiba como será

Nova dramaturgia

Com as restrições da pandemia, as equipes tiveram que encontrar novas formas de trabalhar, aponta o diretor artístico Maurício Farias, que volta às novelas após 20 anos à frente de sucessos como "A grande família" e "Tapas e beijos".

—Em compensação, tivemos à nossa disposição toda a estrutura das cidades cenográficas, além de mais tempo para a preparação e tratamento da obra, que tá mais pra uma série do que uma novela — dir Farias. — Vejo muita influência de uma nova dramaturgia que se criou a partir do interesse do público pelas séries, que vêm quebrando tradições do folhetim. Mas as novelas também são vivas e se modificam junto. A Lícia conseguiu trazer vários desses aspectos: é uma obra dinâmica, a narrativa sempre anda. Não há repetições e cenas muito longas

O diretor revelou ainda as técnicas usadas nas cenas em que os gêmeos aparecem juntos:

— Trabalhamos com uma máquina que controla os movimentos de maneira computadorizada, o que permitiu que ficassem bem naturais. Foi um desafio enorme, mas muito divertido. É algo único.

Susto: Séries nacionais de terror e thrillers psicológicos são a aposta da vez das plataformas de streaming

Cauã Reymond vive os gêmeos Christian e Renato Foto: Montagem com foto de divulgação/TV Globo
Cauã Reymond vive os gêmeos Christian e Renato Foto: Montagem com foto de divulgação/TV Globo

A computação também foi aliada para rejuvenescer Cauã Reymond, de 41 anos, para viver os personagens aos 18. Foram aplicadas técnicas para alterar a proporção do rosto, além trabalho de caracterização com maquiagem, cabelo e figurino, detalhou o diretor.

O protagonista lembra que este é o papel mais difícil de sua carreira, tanto pela complexidade dos personagens quanto pelo fato de um assumir o lugar do outro ao longo da trama.

— Tivemos que gravar várias sequências das duas perspectivas. Mas foi muito especial porque tive como dublê o meu irmão de verdade, Pável Raymond. Durante as cenas, eu olhava para ele e isso me trazia tanta emoção. Foi muito potente.

Quadrilátero amoroso

Em "Um lugar ao sol", Cauã viverá dois pares românticos: como Christian, com Lara (Andreia Horta), uma mulher humilde que se formou em gastronomia com muito esforço, e como Renato, com Bárbara (Alinne Moraes), filha de um empresário e órfã de mãe que cresceu em uma vida de luxo.

— Apesar de em alguns momentos a Bárbara parecer uma vilã, eu não a vejo dessa forma. Ela tem um buraco muito grande dentro dela, uma falta de carinho, e acaba tomando atitudes equivocadas. Ela precisa se encontrar. Com certeza vai gerar identificação e espero que também provoque reflexão — comenta Alinne Moraes, que define a personagem como "cheia de camadas" e "uma das melhores" que já fez.

Alinne Moraes e Cauã Reymond formam o casal Bárbara e Renato em "Um lugar ao sol" Foto: Fabio Rocha/TV Globo
Alinne Moraes e Cauã Reymond formam o casal Bárbara e Renato em "Um lugar ao sol" Foto: Fabio Rocha/TV Globo

Já a trabalhadora Lara buscará apoio em sua avó Noca (Marieta Severo), uma mulher resiliente e de energia leve, ativa sexual e profissionalmente.

— A Noca tem a sabedoria do que aprendeu com a vida. Ela compreende o mundo pelo coração. A Noca enxerga a causa do outro e toma para si aquela luta, seja qual for. Tem uma frase dela que é “sempre dá para ir adiante mesmo quando parece que não sobrou nada”. Conviver com ela e absorvê-la para a minha vida foi muito salvador e me ajudou a passar por esse período horroroso de pandemia — revela a veterana Marieta Severo.

Noca (Marieta Severo) Foto: Globo/Divulgação
Noca (Marieta Severo) Foto: Globo/Divulgação