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Redatora revela como 'Zorra' vai rir de Bolsonaro: 'A caricatura pode atrapalhar'

Nova temporada terá estreia de Paulo Vieira, ex 'Programa do Porchat', e de filha de Heloísa Perissé
Castorine, Evaldo Macarrão, Luisa Perisse e Paulo Vieira, os novos integrantes do Zorra Foto: João Cotta / TV Globo
Castorine, Evaldo Macarrão, Luisa Perisse e Paulo Vieira, os novos integrantes do Zorra Foto: João Cotta / TV Globo

RIO — Apenas nos últimos dias, uma arma foi furtada dentro de um evento da área de segurança, uma sessão dos vereadores de Macapá terminou em briga generalizada e o Bonde do Tigrão entrou no debate sobre a reforma da previdência. Por essas e outras, é que a equipe do “Zorra”, humorístico da TV Globo, encara como seu maior desafio competir com a realidade.

A partir da próxima terça-feira, a Globo exibe diariamente, antes do "Jornal da Globo", o "Festival Zorra", um "esquenta" que mistura esquetes inéditos com os melhores momentos dos últimos anos. Já a nova temporada chega em 13 de abril, após "O sétimo Guardião", com exibição sempre aos sábados.

— Quando a realidade já está muito caricatural, temos a situação da piada pronta. É aí que a gente tem que trabalhar muito bem o conteúdo. A caricatura pode atrapalhar: ao invés de atacar a aparência da pessoa, a gente tenta tirar esse véu e ir no conceito, no lado que tem impacto na sociedade —  explica Gabriela Amaral, que assina a redação final ao lado de Celso Taddei.

O programa ainda conta com a supervisão artística de Daniela Ocampo e de Marcius Melhem, que desde o ano passado chefia o humor da Globo, e direção geral de Mauro Farias. Para ele, a representação da vida contemporânea em esquetes livres, que vão do cotidiano das famílias à política, é o diferencial da atração.

— É um humor livre e aberto. Os outros programas fazem humor em universos mais restritos, com personagens e cenário definidos, como na “Escolinha do professor Raimundo”, ou fazendo sátira ao próprio meio audiovisual, como no “Tá no ar”, que agora saiu do ar, para não perder o trocadilho — brinca ele.

Entre o público, a expectativa é grande para saber como o programa vai representar o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Desde que abandonou o “total” em seu título e assumiu um novo formato, com uma pegada mais crítica, o “Zorra” tem tido a classe política como um dos alvos prediletos. Nas últimas temporadas, Fernando Caruso fez sucesso com sua representação de Michel Temer.

Mas, por enquanto, a produção faz mistério para apontar quem vai ser seu Bolsonaro. Em janeiro, o “Zorra” apresentou um esquete em que Caruso, Dani Calabresa e Léo Castro, entre outros integrantes do elenco, faziam um teste para ver quem teria a chance de imitar os famosos “tá ok?” do presidente.

— Botamos os atores para circular na função justamente para não focar na forma, e sim no conteúdo — diz Gabriela, que acredita que, apesar das particularidades no estilo de governar de Bolsonaro, ele não será diferente dos outros na hora da sátira.

— Ele é o funcionário público número 1 e, nesse aspecto, não é diferente dos outros. Às vezes, o “ tá ok”, aquelas coisas que ele fala, podem chamar mais atenção do que a escorregada que todo cara que está no poder pode dar. Nossa missão é estar em cima disso — defende.

Gravação da abertura nova temporada - Elenco reunido Foto: RaquelCunha
Gravação da abertura nova temporada - Elenco reunido Foto: RaquelCunha

Outra novidade para esta temporada é o ingresso de quatro novos atores no elenco. São eles: Luisa Perissé (filha de Heloísa Perissé), Evaldo Macarrão, Castorine e Paulo Vieira, que foi co-apresentador, repórter e roteirista do extinto “Programa do Porchat”, na Record. Tocantinense, o Vieira conta que pensava em se dedicar a atuações dramáticas até descobrir o humor como uma terapia capaz de atenuar as crises de pânico que afligiam sua mãe.

— Por falar de cotidiano, de Brasil, quanto mais diverso for o  elenco e a sala de roteiro, mais possibilidade temos de nos comunicar com as pessoas. Contribuo para o programa com o que eu sou: um ator do interior do país, que fez parte da carreira fazendo peças no Brasil profundo, no interior do Nordeste — avalia ele, sem deixar de resistir à piada em seguida:

—Espero que a audiência no Tocantins bombe. Essa é uma das minhas responsabilidades. A Globo sentou comigo e falou que queria 100% da audiência no Tocantins, o que deve dar uns 0,2% de um ponto no Ibope. Isso já está garantido, coloquei massa nos botões de controle remoto de todo mundo de lá, só vai ter a Globo ligada — inventa o ator, de improviso.