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Regina Casé, Adriana Esteves e Taís Araújo, estrelas de 'Amor de mãe', falam sobre lições da maternidade

Trio de protagonistas da novela das 21h que estreia segunda (25) falam das emoções e perrengues que viveram
As protagonistas de "Amor de mãe", próxima novela das 21h: Vitoria (Taís Araujo), Lurdes (Regina Casé) e Thelma (Adriana Esteves) Foto: Globo/ João Cotta
As protagonistas de "Amor de mãe", próxima novela das 21h: Vitoria (Taís Araujo), Lurdes (Regina Casé) e Thelma (Adriana Esteves) Foto: Globo/ João Cotta

RIO — De volta às novelas após 18 anos, Regina Casé vive uma babá que criou quatro filhos e ainda sonha encontrar um deles, vendido pelo pai para um traficante de crianças. Na nova trama das 21h, as protagonistas são movidas pelo sentimento mais intenso. “Amor de mãe”, que estreia nesta segunda-feira no lugar de “A dona do pedaço”, traz ainda Taís Araújo , como uma rica advogada que enfrenta obstáculos para viver a maternidade, e Adriana Esteves , na pele de uma mulher que superprotege o filho e terá que rever suas escolhas após receber um diagnóstico decisivo.

De olho na história escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim , O GLOBO falou com cada atriz separadamente, sobre as dores e delícias da maternidade. Para além da ficção, afinal, não falta história. Regina é mãe de Benedita, de 30 anos, e Roque, de 6; Taís tem João Vicente, de 8 anos, e Maria Antônia, de 4; e Adriana é mãe de Agnes, de 22, Felipe, de 19, e Vicente, de 13.

A seguir, os principais trechos da conversa.

Qual é o maior mito da maternidade?

Regina: A gente ouve muito o ditado “a natureza é sábia”. Eu fui mãe da Benedita novinha e do Roque (de seis anos) muito mais velha. Acho que sou para ele uma mãe melhor, muito mais calma, equilibrada, menos sufocante, apavorada. E na idade em que me tornei mãe dele não poderia mais ter filho, seria avó. Então essa regra realmente não existe.

Adriana: Me incomoda um pouco quando a maternidade é romantizada. Ela em si já é tão forte e verdadeira, que não precisa exagerar.

Taís: Algo que caiu por terra quando meu filho (João Vicente, oito anos) nasceu foi o mito de que você se sente uma leoa do lado deles. Eu posso me sentir assim se tiver que defendê-lo, mas contra o imponderado, como uma doença ou um acidente, é uma sensação de impotência gigante. A coisa que você mais deseja enquanto mãe é ter domínio de tudo. Mãe tem vários poderes, mas esse, não. E é aí que vem a fragilidade.

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E qual o clichê que realmente acontece?

Regina: Falam que sua vida vai mudar completamente e é verdade. Há muitas preocupações o tempo todo. Eu sou mãe de um filho negro, tenho que educar ele para o que ele vai encarar. E cada filho é um desafio diferente. Há pouco, a Benedita revelou algo que eu sempre quis falar e ela quis esperar o tempo certo: que ela não ouvia e usava aparelho. Então a minha luta com a Benedita para ela não ser discriminada porque era surda em muitos aspectos me ensinou a lutar com o Roque pra ele não ser discriminado por ser negro, mesmo sendo coisas completamente diferentes.

Adriana: Olhar para o filho e chorar. É muita emoção e em qualquer idade. Mas eu não sei, eu sou uma mãe bem babona, bem apaixonada.

Taís: Tem uma coisa minha mãe que sempre fala e que eu ainda não sei se é verdade: que filho perto de mãe é diferente. Quando eu chego em casa e está uma zona, dizem que antes eles estavam quietinhos. Mas sempre que eu chego é uma loucura, até com o cachorro (risos).

Citem uma loucura que vocês já fizeram ou um perrengue que já passaram por um filho.

Regina: Agora mesmo tive uma, mas pelo filho da filha. Planejei uma viagem de 15 dias no Marrocos com meu marido, depois de trabalharmos o ano inteiro. No terceiro dia, meu neto ficou doente e saí que nem uma louca, fretando carro no meio deserto, para poder voltar e ficar com ele no hospital.

Adriana: Tem umas coisas risíveis: uma vez uma garotinha numa brinquedoteca xingou meu filho, nem me lembro do que. Tive um ímpeto de brigar com a menininha, o que era um absurdo. Depois vi que era ridículo, e graças a Deus me controlei. Consegui evitar que fosse tão infantil a ponto de brigar com uma garotinha de dois anos!

Taís: Filho recém-nascido… Com a Maria (de quatro anos) foi mais tranquilo, porque era a segunda. Mas como o João, qualquer coisa que acontecia eu achava que era o maior problema do mundo. E às vezes era um problema grave, mas você tem que entender que não pode se desesperar, tem que resolver.

Que aprendizados vocês levam da mãe de vocês para a educação dos seus filhos?

Regina: A principal lição dela que eu levo é: seja o que você é do seu jeito, não tem que ser outra coisa para agradar as pessoas. E isso eu venho perseguindo há bastante tempo.

Adriana: Com meus filhos maiores, falo para eles uma coisa que ela sempre falou: que a gente tem que abrir várias portas, ser muito disciplinado, que o trabalho da criança é estudar e que é estudando que eles vão chegar num lugar bacana, num sentido ético, de dignidade. Falo pra eles que a vida é muito difícil e as coisas que não vêm de mão beijada.

Taís: A gente repete a educação que a gente tem, e o mais interessante da maternidade é saber filtrar. Quando eu era mais nova, falava que ia ser diferente da minha mãe e agora sou muito parecida com ela. Tive uma mãe muito rígida, e acho que a rigidez dela foi boa para muitas coisas para mim. Mas tem criança que não funciona com rigidez. Tenho um filho que precisa transgredir porque ele é muito certinho. Se eu for rígida com essa criança, não vou estar ajudando ela.

Quando cai a ficha de que você é responsável por outro ser humano?

Regina: Quando minha primeira filha (Benedita, de 30 anos) nasceu foi muito difícil, porque nós duas quase morremos no parto. A partir daí a gente se agarrou e seguimos para o resto da vida. Temos uma ligação visceral, muito forte.

Adriana: Pra mim, foi no dia em que recebi o exame positivo. Quando tive meu primeiro filho (Agnes, de 22) tentava engravidar há seis anos. Eu já ia partir para a inseminação ou adoção, tinha toda a pesquisa. Sempre achei que era mãe, antes mesmo de ter filho. Eu tinha certeza que ia ter meu filho, sou muito maternal. Tenho cinco afilhados e só não tenho mais porque acho que ser madrinha é tanta responsabilidade que fui negando convites ao longo da vida. Quero que contem comigo como uma segunda mãe.

Taís: Quando nasce. Na verdade, quando você chega em casa e vê que é para o resto da vida. Antes, quando a pessoa falava que não queria ter filho, eu achava absurdo, que era um pensamento egoísta. Hoje em dia eu entendo 100%. Porque de fato é uma responsabilidade para o resto da vida.