Cultura Rock in Rio

Rock in Rio: Emicida e Ibeyi unem peso do rap e introspecção soul no Sunset

Rapper paulistano e duo franco-cubano se destacaram pelo entrosamento
Emicida subiu ao Palco Sunset, que teve homenagem à menina Ágatha Felix Foto: MARCELO THEOBALD
Emicida subiu ao Palco Sunset, que teve homenagem à menina Ágatha Felix Foto: MARCELO THEOBALD

RIO — No terceiro show do Palco Sunset do Rock in Rio nesta quinta-feira, o paulistano Emicida entrelaçou o peso do seu rap de mensagens sociais com o soul introspectivo e doce das Ibeyi, duo formado pelas gêmeas franco-cubanas Lisa-Kaindé e Naomi Díaz que vem fazendo turnês pelo país nos últimos anos.

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A mistura, no papel, tinha aproximação com aquela feita pelo próprio Emicida com o cantor americano Miguel, de direcionamento sonoro parecido com o das Ibeyi. Mas o resultado, na prática, teve variações — para o bem e para o mal.

Primeiro porque Emicida, um dos mais importantes rappers do país, e Ibeyi têm afinação artística comprovada pelos dois singles que lançaram juntos no passado recente, “Libre” (que fechou o show) e “Hacia el amor”. O entrosamento se provou no palco, desde a primeira canção, “Bang!”, quando as irmãs foram backing vocals num português muito bem treinado. O mesmo aconteceria em outros momentos, como “Hoje cedo” (quando fizeras as vezes de Pitty, parceira na gravação) e “Levanta e anda”. A banda de Emicida, com forte presença feminina, também foi um destaque à parte.

O show perdia certa força, porém, por intercalar demais os números de Emicida e Ibeyi. Quando o público se animava com um hit do rapper, como o radiofônico “Passarinho”, logo vinha a introspecção hipnótica das Ibeyi, cantando em diferentes línguas músicas como a feminista “No man is big enough for my arms” — que teve imagens de Marielle Franco no telão — ou a profunda “Me voy”.

A ruptura por vezes abrupta do clima, porém, não foi o suficiente para diminuir o encontro, que soou como uma grande celebração da música negra em diferentes climas. Muita gente chorando era flagrada pelo telão do Sunset. “Deathless”, das Ibeyi, promoveu nova e comovente homenagem a Ágatha Felix, o que já tinha acontecido na apresentação da Francisco, el Hombre.

A cantora Majur fez uma participação surpresa em “AmarElo”, single sobre depressão na periferia e no público LGBT, que conta ainda com Pabllo Vittar (ausência sentida). E Emicida pediu liberdade para o DJ Rennan da Penha, preso por suposta associação ao tráfico, quando emendei o batidão do rap “A chapa é quente” com o funk “Rap do Silva”.

Cotação: bom.