Cultura

Rock in Rio: 'Tocamos o que as pessoas querem ouvir', garante guitarrista do Weezer

Depois do recente sucesso com cover do hit oitentista 'Africa', gigantes do rock alternativo se apresentam pela primeira vez em um grande festival brasileiro
A banda americana Weezer Foto: Divulgação
A banda americana Weezer Foto: Divulgação

RIO - Grupo que se apresentou uma única vez no Brasil, em 2005, no Curitiba Rock Festival, o americano Weezer volta em grande estilo ao país. Um dos grandes nomes do rock alternativo surgidos nos anos 1990, ele toca no Palco Mundo na noite de 28 de setembro, antes do Foo Fighters e depois do Tenacious D (banda humorística do cantor Jack Black, que promete fazer "o último grande show de rock de todos os tempos" ) e da dobradinha nacional CPM 22 e Raimundos.

— Não sei da programação, mas com certeza conheço o Rock in Rio, era um festival em que eu sempre sonhei  tocar — diz, o guitarrista Brian Bell, de 50 anos, que entrou em 1994, quando a banda gravava seu disco de estreia, "Weezer". — Aquele show de Curitiba foi bem energético, de impacto, mas bem menor que um Rock in Rio. Que bom que as estrelas se alinharam e enfim vamos tocar nele.

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Ele reconhece que o Weezer é hoje uma banda bem diferente daquela de 2005:

— Lançamos um monte de discos desde então. E somos uma banda bem melhor, que sabe se comunicar bem. A última turnê europeia foi bem relaxada, ninguém ficou exausto. Sabemos como equilibrar a banda e vida pessoal. E temos sido bem produtivos, só este ano lançamos dois discos!

É verdade. Em janeiro, saiu "Weezer", com covers de grandes sucessos do rock , que ficou conhecido como o "Teal Album" por causa da cor verde-azulada da capa. O repertório do disco foi puxado pela versão de "Africa", do grupo Toto, que a banda fez para atender a pedidos de seu fãs . E  em março, foi a vez do "Weezer" de capa preta, com canções inéditas.

Brian diz não ter ficado surpreso com o sucesso da regravação de "Africa":

—  Para começar, ela é uma grande canção. É como "Sweet Caroline", do Neil Diamond, uma música que todas as gerações amam. O jeito com que a versão surgiu, de uma garota de 14 anos ter publicado um tuíte, nós termos respondido, e isso ter virado notícia, foi muito legal.

'Buddy Holly' a capela

A canção é um dos pontos altos do atual show da banda, centrado no repertório do disco de covers (calcado em hits oitentistas como "Everybody wants to rule the world", do Tears For Fears, e "Take on me", do A-Ha) e em músicas do primeiro álbum, como  "Buddy Holly" (que volta numa versão a capela, que a banda fez para o programa de Jimmy Fallon), "Say It ain't so" e "Undone — The sweater song" "In the garage" e "The world has turned and left me here".

— É bom estar sempre produzindo música. O que as pessoas querem ouvir de nós em um festival, isso é uma outra história. Tocamos as canções que as pessoas conhecem. Nos clubes menores, para os seus fãs mais roxos, você pode tocar coisas mais obscuras — explica.

Brian alega entender a obsessão do público por "Weezer", o disco de estreia, que ficou conhecido como "o álbum azul" por causa da capa:

— Geralmente o primeiro álbum por uma grande gravadora é o que define o seu som, o que é a sua banda. E o nosso é muito bom, foi um grito de guerra para a juventude. As músicas são poderosas e simples. Não fico chateado que as pessoas queiram ouvi-lo — diz. — Nem todas as canções do álbum azul estão entre as minhas favoritas, eu faria repertórios mais misturados com músicas de outros discos, mas não depende de mim. Eu fiz um lobby para que se tocasse "Holiday" ( canção desse disco ) nessa turnê e acho que agora ela está definitivamente no repertório.

Apesar de não estar entre os fundadores do Weezer, Brian está na banda há 26 anos. O integrante que está há menos tempo, o baixista Scott Shriner, está há 17 anos. Para ele, todos só têm a ganhar com a estabilidade.

— Ruim seria não saber se os músicos iam durar na banda, e como a saída de um deles iria afetar o som da banda — conta. —  Bom é ver todo mundo crescendo junto e o respeito que temos uns pelos outros. Há uma confiança quando entramos no estúdio, e é por isso que fazemos nossos discos do jeito que fazemos. Não temos que ficar tomando conta de ninguém.

E a produtividade continua em alta: o Weezer vem aí com nada menos que dois discos:

—  Um deles é bem menos rock, a base das canções é feita por uma seção de cordas e, honestamente, é o melhor disco que já fizemos. Ele vai se chamar "Okay human". Mas o que sai antes vai se chamar "Van Weezer", que vai ser a nossa versão do heavy metal em estilo mais acrobático. Ainda é cedo para dizer como ele vai sair... mas está saindo.