Cultura

Roteiristas de ‘Batwoman’ pedem demissão após proibição de história de casamento lésbico

J. H. Williams e W. Haden Blackman alegaram censura por parte da DC Comics
Batwoman pede a namorada em casamento Foto: Reprodução
Batwoman pede a namorada em casamento Foto: Reprodução

RIO - A DC Comics fez história em fevereiro quando uma edição de "Batwoman" incluiu o primeiro pedido de casamento lésbico da história dos quadrinhos. Mas a editora, uma das duas gigantes do ramo, resolveu não ir adiante com esta trama. Os roteiristas por trás da justiceira de capa e máscara deixaram a editora alegando terem sido proibidos de escrever sobre o casamento da super-heroína com outra mulher.

Em um comunicado assinado por J. H. Williams e W. Haden Blackman, a dupla declara ter sido surpreendida por "mudanças de última hora" em histórias planejadas há mais de um ano. "Nos pediram que alterássemos ou descartássemos completamente muitas histórias de longo prazo e sentimos que isso compromete a personagem e a série".

Entre as mudanças de planos, eles alegam que a DC não os deixou mostrar o casamento da Batwmoman Kate Kane com sua namorada Maggie Sawyer. "Disseram-nos para abandonar os planos de contar as origens do Killer Croc, fomos forçados a alterar drasticamente o final original do nosso arco atual, que definiria o futuro heroico da Batwoman de formas ousasas e, mais esmagadoramente, fomos proibidos de mostrar Kate e Maggie se casando", disseram.

A revista em quadrinhos da Batwoman foi relançada em 2010 como uma história independente sobre o dia a dia de Kate Kane, forçada a deixar a Academia Militar americana após a revelação de que ela era homossexual. Uma história pioneira, contada antes mesmo da polêmica envolvendo gays no exército dos Estados Unidos.

Ultimamente, algumas histórias em quadrinhos têm abordado com mais frequência a questão da homossexualidade. O Lanterna Verde causou polêmica ao se revelar gay em uma edição lançada no ano passado e até o Batman foi "tirado do armário" em um romance do italiano Marco Manchassola, depois da natureza de sua relação com o Robin ter sido discutida por décadas. Até Hollywood cogita levar o assunto para suas adaptações de HQs.

O Glaad, principal grupo americano em defesa dos direitos dos homossexuais, elogiou a nova trajetória da Batwoman, premiando a personagem no ano passado. No último mês, o grupo publicou uma pesquisa entre os 101 filmes lançados pelos seis maiores estúdios de Hollywood em 2012, concluindo que os filmes de ação, ficção científica e de fantasia eram os menos sexualmente diversos, com apenas três personagens em 34 filmes apresentando caráter LGBT.