Cultura

Secretário de Bolsonaro chama Doria de 'farsa patética' e ameaça reinauguração do Museu do Ipiranga

Sérgio Sá Leitão, secretário do governo paulista, reage e chama Mario Frias de 'vassalo e autoritário'
Jair Bolsonaro e Mario Frias no Palácio do Planalto Foto: Isac Nóbrega / PR
Jair Bolsonaro e Mario Frias no Palácio do Planalto Foto: Isac Nóbrega / PR

BRASÍLIA — As rusgas entre Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se intensificaram desde o início da pandemia, seguem e avançam em outros temas e envolvem auxiliares de ambos. O secretário de Cultura do governo federal, o ator Mario Frias, reagiu a uma publicação de Doria sobre a reinauguração do Museu do Ipiranga, previstas para 2022. Frias chegou a chamar o governador de "farsa patética".

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O governador tucano postou que "hoje começamos a contagem regressiva para a inauguração do Novo Museu do Ipiranga, como é conhecido o Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP). O local está sendo totalmente reformado com patrocínio do setor privado. Ele será reaberto na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, em setembro de 2022".

A previsão da secretaria especial de Cultura é que as reformas estruturais, retomadas em 2019, sejam concluídas até lá. Segundo o órgão, mais de 70% da obra — que inclui a instalação de um relógio na fachada, com contagem regressiva para a reabertura — já foi finalizada.

A exaltação aos investimentos privados, em parte captados via lei Rouanet, gerou a reação do ator bolsonarista, que substituiu Regina Duarte no cargo. Incomodado, Frias foi para as redes sociais e ameaçou se tornar um empecilho para os planos de Doria, dificultando a reabertura do espaço:

"O sujeito é uma farsa patética. Não vou discutir com alguém que mente patologicamente. Faz assim, tenta inaugurar a obra sem a minha permissão. Irei aplicar a punição prevista, reprovando as contas da reforma, forçando a devolução de todo investimento. Vai lá, tente inaugurar", ameaçou Frias.

O secretário de Cultura de São Paulo, o ex-ministro Sérgio Sá Leitão, rebateu Frias e o chamou de "vassalo" e "autoritário".

"A despeito de Bolsonaro e seus vassalos, seguiremos trabalhando em São Paulo para entregar o Novo Museu do Ipiranga à população em setembro de 2022. Totalmente restaurado e com 12 exposições, o dobro da área expositiva e jardim e fontes reformadas. Chega de delírios autoritários!", rebateu Leitão.

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O local — pertencente à USP, ligada ao governo estadual — está fechado desde 2013. Além das verbas privadas, o dinheiro é oriundo de recursos públicos. De acordo com Doria, o montante chega a R$ 210 milhões, dos quais 170 milhões vêm da iniciativa privada. Outros R$ 19 milhões foram bancados pelo governo paulista e mais R$ 11 milhões, pela universidade.

As obras devem modernizar o espaço, com restauração da construção, mas também do Jardim Francês. Um restaurante de 270m², além de duas fontes que constam no projeto origunal, também devem ser construídos.

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Criado em 1895, o museu é considerado um marco da independência, alcançada 73 anos antes. Entre as 450 mil peças, está a pintura "Independência ou Morte", de Pedro Américo. O quadro retrata o grito do Ipiranga de D. Pedro II.

O GLOBO entrou em contato com o governo de São Paulo, mas não obteve retorno até o momento.