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Cultura

Sergio Camargo criará 'Seção da Vergonha' para obras que não conseguiu excluir da Palmares

Presidente da fundação quer separar obras de Karl Marx e outros pensadores do restante do catálogo
Sérgio Camargo e os exemplares de 'O capital': 'Presidentes que me antecederam achavam que Marx era um negão' Foto: Reprodução Redes Sociais
Sérgio Camargo e os exemplares de 'O capital': 'Presidentes que me antecederam achavam que Marx era um negão' Foto: Reprodução Redes Sociais

Impedido judicialmente de excluir 300 livros que considera “marxistas, bandidólatras, de perversão sexual e de bizarias” do acervo da Fundação Palmares, Sergio Camargo anunciou que manterá as obras trancadas numa sala, separadas do restante do catálogo. O presidente da fundação disse em sua conta no Twitter que chamará o local de “Seção da Vergonha”. Entre os itens estão obras de Karl Marx, Max Weber, Caio Prado Jr. e outros autores.

Em julho, uma liminar do juiz federal Erik Navarro Wolkart, da 2ª Vara Federal de São Gonçalo, já havia proibido que Camargo excluísse parte do acervo bibliográfico da Fundação Cultural Palmares .  A decisão, que atende a uma ação popular movida pelo advogado Paulo Henrique Lima, estabelece o pagamento de R$ 500 por cada item doado em descumprimento à decisão.

Agora, em uma petição protocolada nesta terça-feira na Justiça Federal do Rio de Janeiro, um grupo de advogados pediu que Sergio Camargo seja obrigado a garantir o acesso público a todo o acervo bibliográfico da Fundação Palmares, sem exceções.

A ideologização das políticas públicas tem sido mais visível na Secretaria Especial da Cultura , sob a qual está a Fundação Palmares. Sob a gestão de Camargo, multiplicam-se as ações para agradar a base bolsonarista.

Segundo Camargo, o processo de revisão do acervo da Palmares está sendo comandado por Marco Frenette, coordenador geral do CNIRC (Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra da Palmares). Em seu perfil no Twitter, Frenette se define como “jornalista, escritor e conservador”.

Em uma postagem no Facebook , o coordenador do CNIRC afirmou que está “desmontando uma escola de delinquência”.