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Cultura

Site da Biblioteca Nacional segue fora do ar mais de uma semana após ataque hacker

Chefe de Gabinete diz que serviços podem começar a voltar nesta quarta e que instituição vai pedir reforço na área de TI
Interior da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro Foto: divulgaçao
Interior da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro Foto: divulgaçao

Desde o dia 12 de abril, pesquisadores de todo o Brasil dão de cara com a mensagem “não é possível acessar esse site” quando tentam visitar virtualmente a Biblioteca Nacional. Isso porque os sistemas da maior biblioteca pública da América Latina não foram reestabelecidos após um ataque hacker nos servidores da instituição . Mas, segundo o chefe de gabinete, Marcelo Gonzaga, a previsão é de que hoje volte a funcionar pelo menos a Hemeroteca, acervo com edições digitalizadas de publicações, inclusive periódicos raros que circularam há séculos. Ele diz que os relatórios da equipe de tecnologia garantem que nada foi danificado:

— Pelo que me passaram, não perdemos absolutamente nada. Os acervos voltam íntegros.

O crime teve início na tarde de domingo (11) e, na segunda de manhã, começou-se um trabalho para detectar a extensão do problema. Paralisar os serviços (inclusive o e-mail corporativo dos funcionários) foi uma forma de evitar mais ataques e o comprometimento do acervo. Segundo a Biblioteca, o hackeamento foi semelhante ao que aconteceu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) no ano passado. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi notificado, e a Polícia Federal está no comando das investigações.

Porta aberta

Para Wagner Meira Júnior, professor de Ciência da Computação da UFMG e especialista em cibersegurança, esse episódio serve de entendimento para administradores públicos e privados de que não existem alvos ideais de hackers. Todos podem ser vítimas.

— A Biblioteca Nacional não estava adequadamente preparada. A conscientização de gestores e usuários me parece o melhor caminho para que isso não se repita — diz Wagner. — Se você tem uma boa política de backup , perde-se pouca coisa. Mas a questão é: se você não protege suas instalações, não adianta. A pergunta é como evitar que o ladrão entre de novo.

Questionado sobre a capacidade de segurança dos sistemas da Biblioteca, Marcelo diz que não foram feitas reuniões finais de avaliação do episódio. Mas diz que o presidente da instituição, Rafael Nogueira, quer melhoria nos sistemas.

— Nós temos um acervo documental importantíssimo. Idealmente, não deveríamos amos ter sofrido esse tipo de coisa. O presidente colocou na pauta tentativas de sensibilizar Brasília para que tenhamos um reforço na área de TI.

Enquanto isso, pessoas como o roteirista Magno Pinheiro, de 38 anos, estão com a vida atrasada. Desde a semana passada, ele tenta a segunda via do registro de um roteiro de longa-metragem que escreveu.

— Fiz esse documento na Biblioteca Nacional em 2018, algo que é aconselhável a todos para evitar plágio no futuro. Agora, preciso de uma cópia para dar prosseguimento numa negociação e não consigo.