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Cultura

Socorro à cultura: o exemplo que vem de outros países

Pelo mundo, surgem iniciativas para ajudar profissionais do setor, sobretudo autônomos, que estão sem trabalho por causa do coronavírus
Homem caminha em frente ao Museu do Louvre, em Paris, fechado para visitação pela pandemia de Covid-19 Foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP
Homem caminha em frente ao Museu do Louvre, em Paris, fechado para visitação pela pandemia de Covid-19 Foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP

RIO - Em meio aos impactos catastróficos causados pelo novo coronavírus na economia da cultura, diversos países vêm anunciando medidas para socorrer a indústria com investimentos e subsídios. França e Itália, por exemplo, já prometeram recursos diretos para o setor. Além desse investimento estatal, em países como os Estados Unidos muitas fundações e instituições privadas se mobilizam para fornecer bolsas a artistas e profissionais da cultura. Especialistas ouvidos pelo GLOBO desde o início da pandemia defendem que medidas parecidas sejam adotadas pelo governo brasileiro. Além disso, entidades do setor cultural já pressionam prefeituras, estados e a União para que exemplos de fora sejam replicados aqui. Conheça alguns:

Estados Unidos

O presidente Donald Trump anunciou um plano de distribuição de cheques às famílias, que podem chegar a US$ 1 mil. A medida se destina a estimular o consumo e pode beneficiar, por exemplo, o comércio de livros e o mercado online de música, séries e filmes. Além do governo, fundações privadas e instituições de arte também se mobilizam para criar uma rede de proteção social para artistas. A Fundação para as Artes de Nova York compilou uma lista de bolsas de emergência que estão sendo oferecidas a profissionais da área. Os auxílios dados por diversos institutos americanos fornecem até US$ 5 mil para despesas médicas de urgência ou subsídios para artistas com dificuldades de trabalhar. Foi lançada ainda a plataforma “Covid-19 Freelance Artist Resources”, que lista possibilidades de financiamento, advocacia, crowdfunding e informações gerais sobre o coronavírus.

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Inglaterra

O Arts Concil, que corresponde ao ministério da Cultura inglês, vai continuar transferindo fundos para projetos culturais financiados mesmo que eles estejam parados. Segundo o economista Eduardo Valiati, professor da Queen Mary University de Londres, a medida é importante principalmente para garantir os empregos do setor:

— Eles continuarão pagando com o compromisso de que as organizações culturais mantenham os trabalhadores, principalmente os temporários, que são os mais afetados da cadeia. Afinal, o freelancer, quando não tem trabalho, não recebe.

Além disso, o projeto “Seb’s Art List”, baseado em Londres, lançou uma plataforma com informações sobre fundos para artistas afetados, chamadas de emprego, dicas de saúde e de trabalho durante a quarentena.

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Itália

Nesta semana, o governo italiano aprovou um decreto para socorrer trabalhadores e empresas de turismo e cultura. Entre as medidas está a criação de um fundo de emergência de 130 milhões de euros para o audiovisual. As autoridades italianas também planejam abrir mão de uma série de impostos das empresas de cinema.

França

O governo francês pretende ampliar as bolsas que destina a artistas. A remuneração, chamada de “intermitência” por contemplar profissionais quando não têm trabalho, está sendo paga por períodos maiores, como forma de proteção social durante a quarentena. Além disso, o governo de Emmanuel Macron aprovou um pacote de “ajuda urgente” para a cultura. Já disponibilizou 22 milhões de euros que serão destinados a segmentos como música, livros e artes visuais.

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Alemanha

A ministra da Cultura alemã, Monika Grütters, disse que o pacote de bilhões de euros para a economia aprovado pelo governo também vai beneficiar a indústria criativa e da cultura. Ela planeja uma ajuda adicional para artistas freelancers, músicos, cinegrafistas e outros profissionais. Além disso, subsídios do governo para produtores culturais serão mantidos mesmo com eventos cancelados. Um fundo de emergência para artistas em dificuldades também já está em discussão.

Espanha

O país anunciou apenas medidas genéricas, como a injeção de 200 bilhões de euros na economia e a flexibilização de impostos para autônomos — categoria a que pertence grande parte dos profissionais do setor — iniciativa esta também anunciada no plano do ministro Paulo Guedes. A indústria cultural espanhola vem pressionando o ministro da Cultura, José Manuel Rodríguez, a estudar medidas específicas para o setor.