Cultura

Soon-Yi Previn defende Woody Allen e faz retrato sombrio de Mia Farrow

Mulher do cineasta comentou pela primeira vez acusações contra ele
Soon Yi Previn e Woody Allen Foto: Albert Ferreira / Reuters
Soon Yi Previn e Woody Allen Foto: Albert Ferreira / Reuters

RIO — Soon-Yi Previn, esposa de Woody Allen e filha adotiva de Mia Farrow, falou pela primeira vez sobre a conturbada relação entre os dois — e dela com sua mãe adotiva — num perfil para a "New York Magazine". No artigo, Soon-Yi descreve sua mãe como uma figura humilhante e às vezes violenta que explodiu ao saber de seu relacionamento com o Allen.

Woody Allen é acusado de abusar sexualmente de outra filha, Dylan, quando ela ainda era criança. As acusações surgiram nos anos 1990, mas voltaram à tona recentemente graças à reportagem de Ronan Farrow que denunciou o produtor Harvey Weinstein e deu origem ao movimento #metoo. ( Entenda a acusação de abuso e as polêmicas de Woody Allen )

Soon-Yi defendeu com firmeza o marido, afirmando que "o que aconteceu com Woody é tão perturbador, tão injusto". Allen está em conflito com Mia Farrow há anos por causa das acusações de Dylan Farrow. Previn disse que sua mãe "se aproveitou do movimento #MeToo e desfilou Dylan como uma vítima".

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No artigo, Soon-Yi diz que sua mãe tentava ensinar o alfabeto usando blocos de madeira — que eram jogados nela caso cometesse um erro. Ela também diz que Mia Farrow tinha o hábito de segurá-la de cabeça para baixo, "para fazer o sangue correr para a minha cabeça", por acreditar que isso a faria mais esperta. Além disso, ela acusa a mãe de bater no seu rosto e espancá-la com um escova de cabelos.

"É difícil para alguém imaginar, mas eu realmente não consigo ter uma lembrança agradável", diz, sobre os anos com sua mãe.

Mia Farrow teve 14 filhos, sendo dez adotados. Com André Previn (seu segundo marido, depois de Frank Sinatra), ela teve os gêmeos Matthew e Sascha (1970), além de Fletcher (1974). Os dois adotaram ainda os vietnamitas  Lark Song Previn (1973) e Summer Song Previn (1976) e a sul-coreana Soon-Yi (1978).

Já solteira, em 1980 ela adotou o sul-coreano Moses Farrow e, em 1985, a menina Dylan Farrow. Em 1991, a justiça aceitou Woody Allen como pai adotivo de Moses e Dylan. Em 1987, Mia Farrow e Woody Allen já haviam tido um filho biológico, Ronan Farrow. Em 2013, ela deu uma entrevista à "Vanity Fair" na qual alegou que Ronan poderia ser filho de Frank Sinatra, com quem ela nunca "realmente terminou".

Entre 1992 e 1995, Mia Farrow adotou mais cinco crianças: Tam Farrow, Quincy Maureen Farrow, Frankie-Minh, Isaiah Justus e Thaddeus Wilk Farrow. Tam, Lark e Thaddeus já morreram.

Moses Farrow já havia saído em defesa de Woody Allen . Em blog, Moses disse que o diretor é inocente das acusações de abuso sexual e que a atriz era violenta com os filhos.

O texto foi escrito por Daphne Merkin, amiga de longa data de Woody Allen, o que levou a muitas críticas à matéria. No próprio artigo, um representante da família Farrow nega todas as acusações. Além disso, Dylan escreveu um comunicado em conjunto com outros sete irmãos: Matthew, Sascha, Fletcher e Daisy Previn e Ronan, Isaiah e Quincy Farrow.

"Nós amamos e defendemos a nossa mãe, que sempre foi carinhosa e solidária. Nenhum de nós nunca testemunhou nada que não tenha sido um tratamento de compaixão em nossa casa, motivo pelo qual a justiça deu a custódia de todos os filhos para nossa mãe. Rejeitamos qualquer tentativa de afastar as acusações de Dylan vilanizando nossa mãe. Preferíamos não ter que falar publicamente nesse momento doloroso, mas não poderíamos silenciar enquanto ela é covardemente atacada", diz a nota.

Ronan Farrow publicou outra nota, em suas próprias redes socias: "Eu devo tudo que sou a Mia Farrow. Ela é uma mãe dedicada que enfrentou o inferno pela sua família, tudo enquanto criava um lar amoroso para nós. Isso nunca impediu Woody Allen e seu aliados de plantar histórias atacando e vilanizando minha mãe para desviar as acusações da minha irmã de abuso. Como irmão e filho, me revolta que a New York Magazine participe desse tipo de trabalho encomendado, escrito por uma antiga admiradora e amiga de Woody Allen. Como jornalista, estou chocado com a falta de cuidado com os fatos, a recusa em incluir testemunhas oculares que iriam contradizer as falsidades dessa matéria e a falha em não incluir as respostas da minha irmã. Sobreviventes de abuso merecem mais do que isso".