Cultura

SP-Arte é cancelada, e galeristas receberão de imediato apenas um terço do valor investido

Em e-mail enviado a expositores, feira avisa que vai reter um terço do pagamento para despesas e outra parte ficará como crédito para 2021
 16ª edição da feira SP-Arte ainda não tem nova data para acontecer Foto: Leo Eloy
16ª edição da feira SP-Arte ainda não tem nova data para acontecer Foto: Leo Eloy

RIO - Principal feira de artes do Brasil, a SP Arte, que aconteceria entre 1º e 5 de abril , e foi suspensa por conta da pandemia de Covid-19, não será deverá mais ser realizada em 2020. A princípio, a direção da feira tentava adiá-la para o mês de junho , já que ela é realizada no Pavilhão da Bienal, evento que teve sua edição remarcada de setembro para outubro, o que dificultaria a conciliação de datas no segundo semestre.

A comunicação foi feita hoje pela direção da feira aos galeristas, por e-mail. No texto, são detalhados alguns custos que já teriam sido pagos pela orgnanização,  como a compra das madeiras para a montagem de estandes, luminárias LED, ar condicionado e ações de mídia. "Além disso, com o cancelamento, perdemos a totalidade das receitas provenientes da bilheteria e grande parte dos patrocínios. (...)  Ao mesmo tempo, entendemos que o momento é igualmente desafiador para as galerias e expositores que participam da Feira. Pensando nisso, tomamos a decisão de absorver grande parte dos prejuízos que um cancelamento a tão pouco tempo do evento nos impõe", informa um trecho da mensagem, obtida com exclusividade pelo GLOBO.

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O que surpreendeu os galeristas foi a decisão de reter um terço dos valores pagos e deixar mais um terço de crédito para a SP-Arte 2021. O restante seria estornado até o fim de abril. O texto sinaliza que "a SP-Arte irá reter apenas 1/3 do valor total devido pela galeria, ou seja, o valor devido pelo estande + o valor dos extras contratados. Os pagamentos excedentes serão revertidos em benefício aos expositores: o segundo 1/3 permanecerá como crédito para a SP-Arte 2021, como um abatimento no valor de seu estande futuro; já o remanescente relativo ao terço final será devolvido ao expositor, em parcela única, até 30 de abril deste ano".

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Durante o dia, expositores passaram a se falar para saber o que seria possível fazer diante do quadro, sobretudo em um momento de galerias fechadas e retração econômica. "Há uma indignação, porque deveria haver algum tipo de seguro prevendo uma situação de cancelamento. Nós arcamos com vários seguros para transportar obras para feira, não podemos absorver todo este custo", comenta um galerista do Rio, que prefere não se identificar. "Esperamos um diálogo com a organização, não pode ser uma imposição. Quem faz as feiras essencialmente são os expositores, representando seus artistas. É difícil manter uma parte do que foi investido pensando no ano que vem, quando estamos com as galerias fechadas, e muitos nem sabem como irão atravessar este ano".

Segundo a comunicação da feira, a organização manterá o diálogo com os galeristas para buscar soluções que possam atender a todos.