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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro


Principais plataformas de streaming tem 89 produções em andamento no Brasil — Foto: Arte de Gustavo Amaral sobre fotos de divulgação
Principais plataformas de streaming tem 89 produções em andamento no Brasil — Foto: Arte de Gustavo Amaral sobre fotos de divulgação

“A produção do streaming é o que está sustentando a indústria”, diz Jorge Furtado, diretor de longas-metragens como “O homem que copiava” (2003) e “Saneamento básico, o filme” (2007) e que acaba de lançar sua mais nova comédia diretamente numa plataforma. “Vai dar nada”, escrita por ele e por Guel Arraes, traz no elenco nomes como Katiuscia Canoro, Rafael Infante e Cauê Campos e é o primeiro filme original brasileiro do canal Paramount+.

Após um momento de paralisação quase por completo, em 2020, em decorrência da pandemia, a produção audiovisual brasileira passa por um período de reaquecimento. E o streaming está diretamente relacionado a este momento. Beneficiado pelo isolamento social, os serviços de streaming se depararam com um boom no consumo, que, por sua vez, refletiu-se num aumento na produção original nacional. Atualmente, os sete principais serviços de streaming presentes no Brasil trabalham no desenvolvimento de 89 filmes, séries e reality shows nacionais, conforme levantamento feito pelo GLOBO.

— É o que está sendo feito. E é ao que estamos assistindo, principalmente neste momento, com os reflexos da pandemia — destaca Furtado.

O diretor conta que tem sido muito mais difícil produzir para o cinema no Brasil:

— Vivemos um momento com a ideia de que a cultura é uma inimiga, e em que ela luta para sobreviver. Então, ela sobrevive não só com produções altamente independentes, quase de guerrilha, mas também com produções de grandes empresas de entretenimento que acreditam nela como indústria. A cultura é uma indústria poderosa de dinheiro. E não estou falando de arte e sentimento, mas de produção. O streaming, os games, o cinema, isso emprega pessoas, movimenta a economia.

Com maior número de produções nacionais a caminho, um total de 25, o Globoplay investe tanto em obras consolidadas como o drama médico “Sob pressão”, com uma quinta temporada à vista, e “Turma da Mônica”, que vai virar série, quanto em novas produções, com destaque para os longas “Enterre seus mortos”, de Marco Dutra, e “Ainda estou aqui”, de Walter Salles. A plataforma prepara ainda documentários sobre personalidades como Tim Maia e Walter Casagrande, além de séries de ficção biográficas sobre as vidas de Xuxa (“Rainha”) e Chitãozinho e Xororó (“As aventuras de José e Durval”).

— O trabalho mudou, o home office virou uma tendência, e isso beneficiou todo o setor de streaming. Comparando o primeiro trimestre de 2022 com o primeiro trimestre de 2019, é 8,6 vezes maior. De 2021 para 2020, o crescimento é de 66% em horas consumidas — diz Ana Carolina Lima, head de conteúdo do Globoplay, contando que o investimento em produções originais quadruplicou desde 2019.

Riso solto

O crescimento das produções nacionais de streaming pode ser medido também “nas ruas”. Segundo dados da Rio Film Commission, um aumento no número de filmagens no Rio de Janeiro reflete o aquecimento do setor pelas plataformas. Em 2019, dez séries foram rodadas na cidade. No ano seguinte, em razão da pandemia, o número caiu para duas. Em 2021, subiu para 19, e a tendência é aumentar em 2022: apenas nestes cinco primeiros meses do ano, 11 produções para o streaming tiveram gravações no Rio. Na capital paulista, em 2021, foi registrado um aumento de 175% nas produções de streaming atendidas pela São Paulo Film Commission, departamento da Spcine responsável por viabilizar as filmagens em espaços públicos da cidade, em comparação com 2019. Apenas em 2022, são 30 os projetos atendidos.

Séries de sucesso bem brasileiras como “Cidade invisível”, “Bom dia, Verônica” e “Sintonia” já têm novas temporadas em produção pela Netflix. A plataforma também tem planos para quatro filmes com Leandro Hassum, sendo “Vizinhos” o mais adiantado. O humor, por sinal, é uma aposta clara da plataforma. A comédia é o gênero que predomina entre os 22 projetos nacionais em andamento, com destaque para “Maldivas”, com Manu Gavassi e Bruna Marquezine, “Sem filtro”, com Ademara e Mel Maia, “O cangaceiro do futuro”, com Edmilson Filho, e “Nada suspeitos”, com Fernanda Paes Leme.

— O streaming ampliou as possibilidade de um artista mostrar seus trabalhos e também a demanda para quem faz tudo isso acontecer: equipe de arte, técnicos, assistentes e todo o setor do audiovisual — diz Hassum sobre o impacto no mercado de trabalho. — Sem dúvida, o streaming veio para somar.

Enquanto a popularidade do comediante é contemplada, a de nomes da literatura que arrastam jovens fãs não fica atrás. O livro “Um ano inesquecível”, que reúne contos de Thalita Rebouças, Paula Pimenta, Bruna Vieira e Babi Dewet, vai ganhar quatro filmes adaptados para o Amazon Prime Video, que também aposta em reality shows como “Soltos em Salvador”, “Match nas estrelas” e “Caravana das drags”. A plataforma também invete na comédia para atingir o espectador e no momento desenvolve as séries “Novela”, com Marcello Antony e Monica Iozzi, e “Eleita”, com Clarice Falcão e Ingrid Guimarães.

— O streaming é um mercado seguro, que acolhe criadores de conteúdo como nós. E a comédia é essencial para atrair assinantes — acredita Ingrid Guimarães.

Na consolidação da produção nacional, os serviços de streaming apostam em nomes conhecidos pelo grande público. Além de Ingrid Guimarães, o Amazon Prime contratou Lázaro Ramos, Susana Garcia, Fabiana Karla e Adriana Falcão para trabalhar em diversas frentes, como showrunner, produtor, roteirista ou intérprete.

— Estou muito feliz porque as primeiras oportunidades que estou tendo no Amazon Prime me contemplam em vários sentidos, ao trazer temáticas essencialmente brasileiras e também universais, e ainda com variação de gêneros, com comédia, filme para adolescentes, drama, tentando criar a cara do conteúdo nacional dos streamings — diz Lázaro Ramos, com diversos projetos em andamento na plataforma, sendo o primeiro deles assumir a direção do filme “Um ano inesquecível — Outono”, ainda sem previsão de lançamento.

Um cardápio nacional também está em movimento na HBO Max, há menos de um ano no Brasil. São 13 produções brasileiras, com destaque para as séries documentais “Pacto brutal: O caso Daniela Perez” e “Romário, o cara”. A plataforma trabalha ainda na adaptação de dois livros da escritora Carina Rissi, que renderão o filme “Procura-se”, com Camila Queiroz e Klebber Toledo, e a série “No mundo da Luna”, com Marina Moschen. Em fase embrionária, a HBO Max também desenvolve projetos em parceria com Camila Pitanga, contratada como produtora executiva. A atriz também vai estrelar “Segundas intenções”, primeira novela da plataforma, que conta com roteiro de Raphael Montes, autor de “Bom dia, Verônica”.

Parece que esta multiplicação é mesmo uma tendência. Disney+ e Star+ também têm produtos originais brasileiros à vista. “A magia de Aruna”, série com Jamilly Mariano, Cleo, Erika Januza e Gio Ewbank, é a aposta do Disney+ para 2023, com conteúdo voltado para um público mais jovem. Já o Star+, que integra o mesmo grupo, pretende chamar a atenção com programação mais adulta, com destaque para “O rei da TV”, série biográfica sobre a vida de Silvio Santos.

Nomes populares no país, como o do jogador de futebol Adriano, o “Imperador”, e o do lutador Anderson Silva, também são apostas da Paramount+, que investe em documentários sobre esportistas.

— A grande notícia para o mercado, diferentemente do que se pensava com a entrada de plataformas vindas de fora, é que a produção local tem se tornado muito relevante — diz Rafael Lazarini, idealizador do Rio2C, evento do mercado audiovisual. — Temos visto que elas têm popularizado e fomentado a produção local no mundo inteiro. Você vê isso na Espanha, na Coreia do Sul e também aqui no Brasil.

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