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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Baran bo Odar, de 44 anos, e Jantje Friese, de 46, cresceram em cenários parecidos, em pequenas cidades do interior da Alemanha. Eles se conheceram na juventude, há mais de 20 anos, quando frequentaram a Universidade de Televisão e Cinema de Munique. Ela fazia um curso focado em produção. Ele sonhava em dirigir. Ainda na faculdade, começaram um relacionamento amoroso que dura até hoje e desencadeou em uma parceria profissional que gerou as séries “Dark” e “1899”.

Prestes a produzir sua primeira série americana, Odar e Friese participam, no Rio de Janeiro, do Rio2C, evento do mercado criativo e audiovisual que acontece na Cidade das Artes de 11 a 16 de abril. No Brasil pela primeira vez, os dois falarão sobre seus processos criativos, visões estratégicas para a indústria e experiências com as duas séries produzidas para o streaming da Netflix.

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Antes de desembarcar no Rio, o casal falou com o GLOBO por Zoom sobre expectativa em conhecer o Brasil, relação com os fãs brasileiros, sucesso de “Dark” e aprendizado com o cancelamento de “1899”. A dupla também comentou as acusações de plágio que recebeu por parte de uma brasileira.

— A maioria dos meus seguidores no Instagram vem do Brasil. É insano o tamanho da nossa base de fãs no país. E somos muito gratos porque eles são uma das razões pelas quais “Dark” foi um grande sucesso — diz Odar.

"Dark" foi sucesso com o público brasileiro — Foto: Divulgação
"Dark" foi sucesso com o público brasileiro — Foto: Divulgação

Friese lembra de ter ficado surpresa quando eles receberam o primeiro feedback de desempenho de “Dark”, poucos dias após o lançamento da primeira temporada. Ela conta que o mapa de acessos à série tinha uma grande bolha em cima do Brasil.

— Ficamos: “O que está acontecendo?” Não esperávamos nada daquilo. A nossa expectativa era ter um público na Alemanha e talvez um pouco no restante da Europa, jamais poderíamos esperar um acesso tão grande vindo da América do Sul. Os fãs brasileiros estiveram ao nosso lado desde o primeiro minuto, então, é ótimo poder finalmente visitar o país — diz a produtora e roteirista.

Antes de conquistar o mundo com “Dark”, sucesso que ganhou três temporadas, o casal já havia trabalhado junto nos filmes alemães “The silence” (2010) e “Invasores: nenhum sistema está salvo” (2014). O primeiro rendeu a Odar o prêmio de “diretor para se observar” do festival de Palm Springs, e o segundo foi sucesso de público na Alemanha e conquistou três estatuetas do German Film Awards. Após a experiência, Baran bo Odar foi chamado para um filme nos Estados Unidos, “Crimes na madrugada” (2017), com Jamie Foxx, mas preferiu não seguir em Hollywood e retornar para a Alemanha para desenvolver com a companheira uma série sombria sobre viagem no tempo e desaparecimento de crianças.

— Passamos por longo processo, de uns dois anos, para entender como trabalhar em parceria profissional sendo ao mesmo tempo parceiros no amor. Mas conseguimos entrar em sintonia. O mais importante é que cada um respeita e admira o talento do outro — diz Friese. — Hoje, somos gratos por ter uma pessoa ao lado. Assumir toda essa responsabilidade como criador e showrunner, sem ninguém para dividir, é muito duro. Com o passar do tempo, nós nos dividimos em dois departamentos diferentes. Cuido mais do lado do roteiro e ele fica com a direção. Juntos, debatemos as questões de produção.

Série '1899', dos mesmo criadores de 'Dark', é acusada de ser uma cópia de quadrinista brasileira — Foto: Reprodução
Série '1899', dos mesmo criadores de 'Dark', é acusada de ser uma cópia de quadrinista brasileira — Foto: Reprodução

Após “Dark”, eles dedicaram seu tempo ao desenvolvimento da série “1899”, outra produção de mistério repleta de complexidade. A ideia era fazer o mesmo que na obra anterior: ter três temporadas para contar a história. A série conseguiu criar um burburinho e cativar fãs pelo mundo, mas não foi o bastante para ter sua segunda temporada garantida. A Netflix optou por cancelar a produção com o argumento de que era muito cara e não havia atingido um público relevante a ponto de se manter. Os criadores não escondem a decepção e ainda tentam entender o impacto da decisão.

— O cancelamento de “1899” mudou bastante a forma como pensamos nossos projetos. As coisas têm se transformado muito na indústria e na sociedade, especialmente na forma como as pessoas produzem e consomem conteúdo. Realmente acreditamos que, se “Dark” fosse lançada agora, não teria nenhuma chance — lamenta Odar. — Temos tanto conteúdo no mundo hoje que as pessoas estão sempre consumindo as coisas de forma rápida e sem dedicação. Com o cancelamento, tivemos que pensar se o nosso modo de contar histórias é uma coisa que as pessoas ainda desejam e se devemos ajustá-lo. Honestamente, ainda não temos uma resposta.

Friese concorda:

— Acho que nunca mais iremos conseguir criar um grande quebra-cabeças de mistério que precisa de mais tempo para ser contado. Quem sabe em alguns anos as coisas mudem novamente.

Um pouco de Stephen King

A criadora conta que eles chegaram a pensar em finalizar a história de “1899” em outro formato, como HQ, livro ou filme, mas decidiram não investir nisso neste momento. O casal lembra que a experiência com a série também foi prejudicada pela acusação de plágio por parte da quadrinista brasileira Mary Cagnin, que usou suas redes sociais para apontar semelhanças entre “1899” e seu trabalho “Black silence”, publicado em 2016.

— Foi um dos momentos mais dolorosos de toda a nossa carreira. Você entrega seu coração e alma a uma série. Trabalhamos por dois anos e meio em “1899”. Você se dá por inteiro. Quando a série estreia, você sente que finalmente vai poder relaxar, respirar e celebrar. E, de repente, isso é tirado de você e a internet está lhe apontando o dedo e te chamando de “ladra”. Foi como me senti e, de certa forma, estragou toda a minha experiência. Sendo bem honesta, acho que não me recuperei totalmente — conta Friese.

Odar lembra que a parceira abandonou as redes sociais após os ataques recebidos on-line. Ele diz que tentou contato com a artista brasileira, mas nunca obteve retorno.

No momento, o casal trabalha na adaptação de “Alguma coisa está matando as crianças”, quadrinhos de James Tynion IV e Werther Dell’Edera.

— Foi um projeto que já nos ganhou no título. Como pode ver nas coisas que fazemos, amamos matar crianças (risos). Não sei o motivo. É sobre uma jovem mulher assassina de monstros que visita pequenas cidades atrás de criaturas que matam crianças. É um mundo em que apenas crianças podem ver os monstros. Tem toda uma conspiração por trás, vários elementos que gostamos muito, um pouco de Stephen King, e muitas metáforas sobre o que esses monstros representam. Vai ser uma série americana, feita nos Estados Unidos e com elenco americano. Vai ser nossa primeira série feita nos EUA.

“Alguma coisa está matando as crianças”, quadrinhos de James Tynion IV e Werther Dell’Edera — Foto: Reprodução
“Alguma coisa está matando as crianças”, quadrinhos de James Tynion IV e Werther Dell’Edera — Foto: Reprodução
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