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Por Talita Duvanel

Sônia Bridi estava no Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas, junto com uma expedição formada por amigos do indigenista Bruno Pereira quando encontraram a carteira de imprensa do britânico Dom Phillips. No meio da terra, também estavam cadernos de anotação do jornalista, assassinado na região juntamente com Bruno, no dia 5 de junho do ano passado, por dois pescadores. Ali soterrados, os instrumentos de trabalho do colega de profissão não a deixavam esquecer do perigo que se corre numa terra deflagrada por conflitos entre indígenas, pescadores ilegais, garimpeiros e, mais recentemente, narcotraficantes.

—Tenho certeza de que o Dom tinha ciência da tensão na região — diz Sônia. — Eu lembrava o tempo todo de que estava circulando num lugar perigoso.

O risco que ela corria era por causa do documentário “Vale dos isolados: o assassinato de Bruno e Dom”, que chega ao Globoplay na sexta-feira, dia 2. A produção traz um material exclusivo, fruto das buscas que Sônia participou: de um celular encontrado na mata foram resgatadas as últimas fotos de Bruno e Dom. No aparelho, há também imagens de Amarildo da Costa de Oliveira, o assassino conhecido como Pelado, ameaçando Bruno um dia antes dos homicídios.

— Acompanhamos as buscas, quatro meses depois crime, e o encontro do celular. E estávamos na Polícia Federal quando as imagens foram recuperadas — diz Sônia, cujo documentário foi selecionado como parte do “Forbidden Stories”, um projeto com o objetivo de continuar o trabalho de jornalistas assassinados pelo mundo no exercício de suas funções.

Os arquivos do aparelho telefônico têm uma espécie de diário dos últimos momentos de Bruno e Dom, quando eles circularam por comunidades ribeirinhas, onde estão muito dos pescadores que exercem atividades ilegais. O indigenista, diz Sônia, tentava dialogar com esses grupos e buscava alternativas de sobrevivência que não estivessem ancoradas em operações predatórias, de impacto para o meio ambiente e para as comunidades indígenas das terras demarcadas.

— (Os arquivos do celular) mostram claramente que o Bruno estava procurando diálogo e solução para que aquelas comunidades tivessem uma renda que não dependesse de uma atividade criminosa — diz.

Contra desinformações

Dirigido pela repórter catarinense, com imagens de Paulo Zero e roteiro de Cristine Kist, a produção tem como um dos objetivos justamente explicar o que fazia Bruno e seus colegas de Funai que trabalham com comunidades de indígenas isolados. Para um filme com duração de pouco mais uma hora e meia, foram feitas três viagens à região, de cerca de vinte dias cada.

— A ideia do documentário surgiu quando eles foram mortos, por causa das desinformações sobre o que é o Vale do Javari, o que acontece lá, o que é estar dentro e fora da área (demarcada). Por que o Bruno não estava com o apoio da Funai no momento em que foi assassinado? Tem muita coisa ali que podíamos tentar jogar um pouco de luz, principalmente nesse trabalho do Bruno com os isolados — diz Sônia.

Apesar de o documentário ter sido a primeira incursão dela naquela região específica da Amazônia, a repórter tem bastante estrada na temática de indígenas isolados e meio ambiente. Conheceu Bruno, ainda que somente por telefone, quando foi fazer uma matéria na terra Guajajara. Na época, ele era coordenador de indígenas isolados da Funai.

—Para esses indígenas, a proteção do território é a garantia de sobrevivência. Em algum momento, eles já tiveram contato com a sociedade não indígena, mas foi tão brutal, tão devastador, que decidiram se embrenhar na mata e nunca mais permitir a aproximação. É uma decisão autônoma deles. E é uma decisão que diz muito mais sobre nós do que sobre eles. Trata-se do perigo absurdo que representamos.

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