Quer viver como uma rainha? O leilão de 'The Crown' pode ajudar

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Na quarta-feira, a casa de leilões Bonhams vai oferecer centenas de itens da série, incluindo peças complexas como uma réplica em tamanho real da carruagem Golden State (com um preço estimado de US$ 60 mil), bem como adereços mais acessíveis que deram a “The Crown” um ar de autenticidade. entre eles, duas porcelanas que aparecem na escrivaninha da rainha (US$ 380), a bandeja de bebidas e o palito de champanhe da rainha-mãe (US$ 101).

Alguns itens parecem "pechinchas". Um dos vestidos reais de Diana foi vendido no ano passado por mais de US$ 1 milhão, e seu “vestido de vingança” – que ela usou na noite em que o príncipe Charles admitiu, em rede nacional, tê-la traído – já alcançou US$ 74 mil. A versão do vestido de vingança que Elizabeth Debicki usa em “The Crown” tem um preço de lote estimado entre US$ 10 mil e US$ 15 mil na liquidação da Bonhams.

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Em entrevistas, três membros dos departamentos de figurino e cenário da série falaram sobe alguns dos principais lotes do leilão. Abaixo estão trechos editados das conversas.

MICHELE CLAPTON, figurinista: A coroação da rainha foi um dos grandes cenários da 1ª temporada — e era muito importante fazer tudo certo. Dedicamos muito tempo à pesquisa dos trajes, depois na busca de tecidos modernos semelhantes aos originais, para que o movimento fosse o mesmo.

O manto usado por Claire Foy é de veludo vermelho e arminho, e obviamente não poderíamos usar arminho agora, então tivemos que encontrar peles falsas. Fizemos muitos testes de câmera em busca no melhor tecido, pois o que parecia correto a olho nu às vezes ficava horrível na tela.

Bordamos mão o máximo que pudemos. Às vezes, se o tempo acabasse, fazíamos bordados à máquina ou pintávamos o tecido. Para o manto, pintamos um pouco de dourado porque, na TV, você não via. Era uma roupa muito, muito difícil.

CLAPTON: Para cenas como a coroação, que foram tão bem documentadas, reproduzimos as roupas o mais fielmente possível. Mas então tínhamos licença artística para criar looks no estilo que a rainha usava na época. Este vestido de baile foi o primeiro desenho que fiz para Claire.

Queríamos mostrar como Elizabeth era uma estrela de cinema — sua beleza e juventude — e o lindo azul combinava muito com os olhos de Claire. Elizabeth teria usado coisas assim, mas quando se tornou rainha, ela instantaneamente ficou mais séria, e isso ficou evidente em suas roupas. Ser frívola e permitir ser livre: tudo isso foi repentinamente abandonado.

AMY ROBERTS, figurinista das temporadas 3 a 6: Com certas roupas, tivemos que obter permissão do designer original. Às vezes, as pessoas diziam “sim” e às vezes, “não”. Com o “vestido de vingança”, acho que o departamento jurídico não conseguiu localizar Christina Stambolian, a designer grega responsável pelo original. Por isso, criamos a nossa própria versão para dar ao público o que eles esperavam ver: um vestido maravilhosamente sexy. O vestido que Elizabeth Debicki usou dizia muito sobre a força de Diana, e era isso que queríamos.

Houve outros momentos em que tivemos que conversar com o departamento jurídico. Com o vestido de Kate Middleton no desfile de moda da universidade, o estilista original não queria que fosse copiado. Lembro de ter enviado fotos de provas aos advogados para eles aprovarem: “Sim, isso é bastante diferente” ou “Não, você preciso mudar um pouco mais.”

ROBERTS: Com os uniformes militares, tudo se resumia à precisão total. Este foi para a cerimônia que marca o aniversário oficial do monarca. As medalhas, as fitas, todos esses detalhes tinham que ser precisos, caso contrário, seria constrangedor e desagradável para as pessoas que serviram. Tínhamos todo um departamento militar, chefiado por Max Birkett, e eu simplesmente aparecia e dizia: “Sim, cores lindas, isso é perfeito!” Então, tudo dependia deles.

Foi incrível desenhar para todas as rainhas. Houve muito poucas discussões. Sempre digo que minhas maiores discussões foram com Dominic West, que interpretou o Príncipe Charles. Discutíamos todas as manhãs sobre quais combinações de lenços de gravata e bolso teríamos. Ele diria: “Ah, isso é chato”, e eu respondia: “Não, é maravilhoso!”

ALISON HARVEY, decoradora do cenário: A rainha (Imelda Staunton) inspecionando um modelo de seu próprio cortejo fúnebre foi ideia de Stephen Daldry, o diretor do episódio final. Comprei todos os soldados de chumbo que pude encontrar em sites de leilões e no eBay até que toda a minha mesa ficasse coberta por eles. Então Stephen disse: “Não, quero uma cópia exata do funeral da rainha”.

Muitos dos regimentos não estavam disponíveis, então tivemos que fazer muitas figuras do zero, digitalizando pessoas reais fantasiadas e depois miniaturizando as roupas, imprimindo nossos próprios modelos em 3D e pintando-os à mão. Tivemos até que colocar réplicas de joias da coroa, para que pudéssemos fazer uma pequena coroa para colocar no minúsculo caixão com uma pequena bandeira. Foram cerca de três meses de trabalho, em várias etapas.

HARVEY: Conversamos sobre o uso de computação gráfica para a carruagem dourada, mas todos decidiram que queriam vê-la de verdade. Então foram cerca de três meses de discussão sobre como faríamos isso. Fomos ao Royal Mews, no Palácio de Buckingham, para ver a verdadeira e tiramos fotos dela, como qualquer outro turista, depois tentamos fazer a nossa da forma mais autêntica possível.

A empresa que fornecia nossos cavalos tinha um chassi, e nossos modelistas o adaptaram, esculpindo em barro essas incríveis folhas em estilo rococó, depois fundindo e dourando e fazendo todas as demais decorações.

Foi muito trabalhoso. Acho que custou 85 mil libras e cerca de 25 pessoas trabalharam nisso, usando todas essas habilidades tradicionais. Tivemos até que pensar em engenharia: como fazer essa coisa se movimentar. Era realmente instável!

HARVEY: Para cada cenário, víamos fotos, vídeos, folheávamos livros, acessávamos o site da Royal Collection... tudo que pudesse conter um pouco de informação sobre como era a realeza para dar credibilidade.

Obviamente não sei como era a cama da rainha, mas sabemos que o rei Jorge IV, que reinou de 1820 a 1830, colecionou muitos móveis franceses. Então aquela antiguidade, no estilo de uma cama de Luís XVI, era nosso melhor palpite.

Sempre tentamos primeiro comprar antiguidades de verdade, em vez de fazer algo do zero. Eu passava muito tempo em casas de leilão ou comprando itens em vendas de casas de campo, tentando encontrar a coisa real.

HARVEY: Se você olhar a coleção real online, há muitos móveis georgianos, e essas cadeiras têm o estilo de uma poltrona clássica da época. No programa, a rainha usa quando recebe primeiros-ministros em reuniões semanais.

Contratamos um entalhador incrível para fazê-las do zero. Então encontramos uma pequena amostra desse tecido dourado e um damasco que gostamos e enviamos para uma empresa na Itália, que tingiu o tecido para combinar e teceu o material sob medida em um estilo do século XVIII. Parece muito esforço, mas tivemos a sorte de ter um longo período de tempo.