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Cultura

#tamojuntoII: conheça Pedro Sampaio, o carioca que emplacou todas as suas músicas entre as mais tocadas do país

DJ, produtor e cantor conta que o hit brega funk 'Sentadão' foi criado em quatro horas
O DJ, produtor e cantor Pedro Sampaio Foto: Divulgação/Bernardo Prado
O DJ, produtor e cantor Pedro Sampaio Foto: Divulgação/Bernardo Prado

RIO — Há mais de quatro meses, uma música não sai do ranking das dez mais tocadas do Spotify Brasil: o brega funk “Sentadão” . E engana-se quem pensa que o sucesso do hit chiclete — que exalta em seu refrão a ginga feminina (“Sentadão, Sentadão/ Olha o movimento que ela faz/ Jogando o seu bumbum no chão”) — limita-se à internet: em janeiro, a canção tirou um longo reinado de “Salvou meu dia” (Kevinho e Gusttavo Lima) e liderou a parada de funk e black music das rádios brasileiras, segundo o serviço de monitoramento Crowley. No mês seguinte, tornou-se a terceira mais tocada do carnaval brasileiro.

Por trás dessas conquistas está o DJ, produtor e cantor Pedro Sampaio , um jovem de 23 anos não muito conhecido pelo grande público até pouco tempo, graças a uma viagem ao Recife. Na capital pernambucana para se apresentar numa festa e instigado pelo crescimento do brega funk, o carioca decidiu aproveitar uma tarde livre para beber na fonte: foi à casa do cantor Felipe Original na periferia de Olinda, onde se encontrava também o produtor JS o Mão de Ouro , duas referências do subgênero do momento no país, que une o romantismo do brega e batida contagiante do funk. A eles, mostrou a gravação de piano que abre “Sentadão”, que guardava há meses, e, quatro horas de criação coletiva depois, saiu com o hit que mudaria sua vida.

#tamojuntoII: confira a programação completa do festival online

— Eu acredito muito em estar na hora certa e no lugar certo. Eu conheci o brega funk no começo da ascensão dele, tive a chance de ir pro Recife, encontrar o Felipe Original e o JS…Isso foi fundamental para o sucesso de “Sentadão”. Não gosto dessa dinâmica “me manda uma coisa que eu te mando outra”. É importante estar junto, ouvir a voz do outro, olhar no olho. A música tem uma história para contar — explica Pedro, que vê hoje todas as seis músicas que lançou até aqui no Top 200 do Spotify Brasil, inclusive parcerias com os produtores WC no Beat e FP do Trem Bala (“Balança”, 22º) e com cantora Lexa (“Chama ela”, 30º).

Nascido no Méier e criado no Recreio dos Bandeirantes, onde mora até hoje com os pais (“Eles me inspiram muito e vibram comigo. Faço show pra caramba, vou ficar sozinho quando voltar pra casa?”), Pedro Sampaio não foi uma daquelas crianças que cresceu aprendendo instrumentos ou sonhando em ser um cantor de sucesso.

O processo foi gradativo e constante. Começou no fim da adolescência, como DJ, apresentando-se em festas. Aos poucos, foi aguçando a curiosidade para mexer em aparelhos de produção em home studio e, assim, aprender a criar seus próprios beats. Já se apresentando como produtor, viu na voz um instrumento manipulável para suas criações, e assim incorporou o ofício de cantor.

— Tem uma valorização maior quando você se apresenta como cantor. As coisas passaram a dar mais certo quando botei minha voz nas músicas. Acho que é um diferencial do meu trabalho, poder dizer que tem a minha mão em todo o processo: composição, produção, execução — comemora.

Com seis músicas lançadas e bem-sucedidas, Pedro não pensa em formatos tradicionais do mercado:

— Hoje a minha cabeça é 0% álbum e 100% singles. É o que funciona no mercado que a gente vive hoje, e as pessoas dão a devida atenção para cada música.

Outro trunfo no sucesso de Pedro é a facilidade em brincar e criar com e para as redes sociais. Na quarentena por conta da pandemia de coronavírus, viu na rede social TikTok uma série de vídeos caseiros tendo como trilha “Lavar as mãos”, música de Arnaldo Antunes para o programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum, sucesso na década de 1990. Pedro então criou um remix com batidas modernas para a música, e o clipe que fez compilando os vídeos do TikTok tem rodado as redes sociais.

Antes, Pedro já tinha viralizado no começo da quarentena sendo DJ na varanda de seu apartamento no Recreio para divertir os vizinhos. Agora ele se apresenta neste sábado, às 20h30, no festival #tamojuntoII . Promovido pelo GLOBO em parceria com os artistas, o evento é transmitido no Instagram de cada um deles e, inteiro, no site e nas redes do jornal.

— As lives têm aproximado o artista do público de um jeito que não rolava antes. É chato ter que cancelar shows, nunca tinha feito isso, mas essa pausa me deu mais tempo, coisa que eu não vinha tendo pelos compromissos, e com ele posso criar conteúdo para a internet, o que fazia muito no começo da carreira. Se te derem um limão, faça uma limonada — filosofa.