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Cultura

Taylor Swift pós-pop e sem tretas: cantora flerta com o indie e o folk em álbum surpresa

'Folklore' foi todo gravado e produzido durante a quarentena, com colaboração de Aaron Dessner, do The National
A cantora Taylor Swift em foto de dezembro Foto: VALERIE MACON / AFP
A cantora Taylor Swift em foto de dezembro Foto: VALERIE MACON / AFP

Do nada... um álbum de inéditas de Taylor Swift! Num espaço de tempo de apenas 17 horas, a cantora anunciou a chegada do novo disco, divulgou um clipe e lançou "Folklore", seu oitavo trabalho em estúdio, todo composto durante a quarentena. "Muitas das coisas que eu planejei neste verão acabaram não acontecendo, mas está aí algo que eu não planejei e aconteceu", escreveu a cantora em seu Instagram, na quinta-feira (23).

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Um ano após o lançamento de "Lover", o novo álbum de Swift parece consolidar a transição da artista para uma fase pós-pop, com um flerte intenso com o indie e o folk — o trocadilho no nome do CD não é gratuito.


Prova deste movimento é a presença de Aaron Dessner, da banda de indie rock The National, coassinando com Taylor 11 das 16 faixas de "Folklore". Ele também tem protagonismo na produção do disco, ao lado de Jack Antonoff, que trabalha com Taylor desde 2014 e produz ainda nomes como Lorde e Lana Del Rey.

Outro sinal que denota um mergulho de Swift em águas mais tranquilas é a companhia de Bon Iver, nome do folk eletrônico, dividindo os vocais em "Exile", no único featuring do disco, cuja principal marca é o abandono das tretas e barracos de celebridades como fonte de inspiração. Em "Folklore", a cantora parece ter sido tocada por uma reflexão despertada pelo confinamento.

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Especialista em lançamentos marcados por teasers, drops e aperitivos que preparam o terreno para os fãs, Taylor Swift agora brinda a todos com o improviso. Ou talvez com uma belíssima ilusão de improviso.

Afinal de contas, "Folklore" foi lançado coincidentemente no mesmo dia que Kanye West havia programado para divulgar "Donda: With child", seu novo álbum. Swift e o rapper são desafetos desde 2009, quando ele subiu ao palco do Video Music Awards da MTV para interrompê-la. Desde então, temos quase uma década de polêmicas, alfinetadas e "homenagens" de ambos os lados.

"Taylor Swift e Kanye West, o par de estrelas mais inflamável da música, podem se enfrentar novamente nesta sexta-feira", profetizou o "The New York Times". Porém, até o momento de publicação desta matéria, não havia sinal de vida do novo álbum de West.

Enquanto isso, o mundo vai descobrindo "Folklore". Para o "The Guardian", o novo álbum de Taylor Swift é a prova de que sua carreira pode prosperar longe do "barulho". "O pop bombástico abre caminho para composições mais suaves", diz o jornal britânico.

Já a "Billboard" afirma que o novo álbum da cantora é um "retorno às raízes", mas refratado pelo indie rock no lugar da música country, onde tudo começou. "Swift apresenta seu novo álbum como um tour de force de composição, demonstrando o alcance e a profundidade de sua habilidade artística", diz o jornalista Jason Lipshutz.

Elogios que seguem na mesma linha dos proferidos pela "Variety". A revista eletrônica, ao celebrar a qualidade de "Folklore", diz que as composições do álbum parecem ter levado anos para nascerem, e não apenas três meses de uma quarentena. "Realmente, é difícil lembrar de qualquer estrela pop que tenha sofrido um processo tão profundo de limpeza de sonoridade", escreveu o crítico Chris Willman.

Uma avalanche de resenhas positivas em um espaço de tempo que talvez só não supere as 17 horas entre o anúncio e o nascimento do álbum.