Teatro
PUBLICIDADE

Por Adriana Pavlova, Especial Para O Globo — Rio de Janeiro

Quem já assistiu ao Grupo Corpo em cena sentiu na própria pele que uma das habilidades mais fortes do coreógrafo Rodrigo Pederneiras é a sua capacidade de carregar o público para dentro do palco onde a dança da companhia mineira acontece. É uma experiência cinestésica, um engajamento físico e sensório do movimento coreográfico nos nossos corpos, capaz de oferecer múltiplas paisagens perceptivas. Os diferentes níveis desta sensação são justamente um convite à análise ativa, para além da visualidade, do que acontece neste novo programa que o grupo apresenta até domingo (21) no Teatro Multiplan VillageMall, na Barra, Zona Oeste no Rio.

“Gil Refazendo”, que abre a noite, e “Breu” são puro contraste. A intensidade física e a ampliação de vocabulário que marcam a obra de 2007, com música de Lenine, escolhida para fechar o programa, acabam funcionando como um alerta para as fragilidades da criação de 2019, com trilha de Gilberto Gil, que passou por uma grande repaginação no ano passado. Não deixa de ser curioso que uma coreografia que, já na sua versão original, não tenha deixado nenhuma marca excepcional no extenso repertório da companhia, continue sem impressionar, mesmo sendo retrabalhada com aparente afinco.

'Gil Refazendo', coreografia do Grupo Corpo — Foto: Divulgação
'Gil Refazendo', coreografia do Grupo Corpo — Foto: Divulgação

Sim, os intérpretes são impecáveis na técnica, ninguém destoa, mas os movimentos pouco inspirados de alegria e brejeirice são facilmente esquecíveis. Há que se pensar que o problema talvez seja a trilha-colagem-de-sons que, apesar de partir da genialidade de Gilberto Gil, se revela bem pouco maleável para ressaltar a musicalidade dos corpos, outra marca de Rodrigo Pederneiras como criador.

Também não parecem ter muita explicação (ou razão) as mudanças de cenário e figurino. Em lugar do tapetão amarelo, que tomava o palco desde seu começo até o fundo da cena do “Gil” original, agora há uma projeção de um vídeo com lentas transformações de girassóis, em sua maior parte num tom mais amarronzado, tristonho. Ambos com assinatura de Paulo Pederneiras, diretor artístico da companhia.

Já o figurino preto com grafismos coloridos de Freusa Zechmeister deu lugar a uma roupa bem mais despojada, quase um pijama, de linho em tom cru, também da mesma criadora.

Dança urbana

Nem de longe chega a ser um sofrimento assistir à leveza de “Gil Refazendo”. Mas quando a movimentação dos corpos de “Breu” tem início no solo, surpreendendo com a inteligência coreográfica de Rodrigo Pederneiras, em sintonia total com os demais elementos da cena, tem-se a perfeita noção de quão incrivelmente alto é o patamar dos trabalhos do Grupo Corpo nesses quase 50 anos de criações.

“Breu” é uma daquelas obras que não deixam a plateia piscar: tem os engenhosos duos de Pederneiras, desta vez com corpos que se atraem e se repelem com maestria, uma conversa potente com a dança urbana, mas também com o frevo da Pernambuco natal de Lenine, em movimentos que vão do céu ao chão sem parcimônia (e bastante violência), e a força das danças de conjunto, que fazem e se refazem em ondas, com vigor.

Tudo ganha mais evidência com a ajuda do figurino repleto de grafismos em preto e branco (também de Freusa), iluminação e cenários (de novo, Paulo Pederneiras), que brincam de borrar a ideia de claro e escuro, de luz e escuridão. E assim, com “Breu”, o corpo da plateia é convocado em todos os sentidos, oferecendo novas e bem-vindas experiências subjetivas.

Cotação: regular.

Mais recente Próxima Quem é Clayton Nascimento, criador de um dos espetáculos mais concorridos e elogiados da temporada teatral no país
Mais do Globo

Final do salto sobre a mesa da ginástica artística na Olimpíada de Paris-2024 acontece neste sábado

Rebeca Andrade x Simone Biles: acompanhe ao vivo a final do salto da ginástica nas Olimpíadas

Dono de sete medalhas olímpicas levou um minuto e meio para derrotar sul-coreano Lee Joon-hwan

'Jogada de poker': Por que Teddy Riner enfrentou judoca 60 kg mais leve na disputa por equipes em Paris-2024

Deputado federal foi autorizado pela Justiça Eleitoral a deixar o PL sem perder o mandato por infidelidade partidária; ele chegou a ser pré-candidato à prefeitura de São Paulo, mas seu nome foi rifado pelo ex-presidente

Após ser preterido por Bolsonaro e desistir da prefeitura de SP, Salles se filia ao partido Novo

Criança é a primeira neta da Rainha Rania e do Rei Abdullah

Nasce Iman, 1ª filha da princesa Rajwa e príncipe Hussein, herdeiro do trono da Jordânia

Artem Viktorovich Dultsev e Anna Valerevna Dultseva se passavam por família argentina que vivia na Eslovênia

Filhos de espiões que 'descobriram' que eram russos em voo não sabiam quem é Putin e só falam espanhol

Assessoria do SBT confirma que comunicador segue sob cuidados médicos ; estado de saúde preocupa

Silvio Santos: apresentador segue internado pelo terceiro dia no Albert Einstein; hospital faz 'blindagem total'

Influenciadora injeta um soro quinzenalmente com três substâncias que ajudam no processo de desinflamação do corpo

‘Não é uma fórmula mágica, Yasmin batalhou pela mudança’, diz médico de Brunet sobre dieta que a fez secar em 2 meses

Atleta esteve no país no início do ano, onde se preparou e curtiu a cidade do Rio com a família

Tri em Paris-2024, judoca Teddy Riner, se declara ao Brasil: 'Essa medalha tem alma brasileira', diz

Evento em casa de festas da Barra, no Rio, teve réplica da taça e presença dos companheiros de time do pai

Filho de Cano, do Fluminense, Lorenzo celebra 6 anos em festa com tema inusitado: a Copa Libertadores