NOVA YORK - O sindicato que representa milhares de roteiristas de televisão e cinema rejeitou uma pausa na greve solicitada por oficiais da Broadway para permitir a transmissão ao vivo do Tony Awards. A cerimônia de entrega do principal prêmio do teatro nos EUA está marcada para 11 de junho.
A negativa do Sindicatos dos Roteiristas da América (WGA, na sigla em inglês), revelada por duas pessoas que pediram anonimato, coloca em risco uma das maiores noites da Broadway — e uma oportunidade de marketing ainda mais crucial na frágil economia teatral pós-Covid. Fontes da indústria temem que, sem a atenção do público que sintoniza as transmissões do Tony Awards, vários musicais mais recentes provavelmente serão encerrados.
Produtores da Broadway esperam que o sindicato mude de ideia, mas essa reversão parece improvável. Sem a permissão do WGA, a transmissão ao vivo da cerimônia se torna inviável porque grande parte da Broadway, incluindo indicados e apresentadores, se recusaria a furar a greve.
O comitê de administração do Tony Awards, que é o grupo encarregado de supervisionar a transmissão, agendou uma reunião de emergência na segunda-feira, na qual discutirá como proceder. Uma opção seria adiar o evento até que a greve seja resolvida. Nesse caso, alguns shows da Broadway que ainda causam prejuízo provavelmente fechariam, sem a oportunidade de esperar uma possível atenção do público gerada pela transmissão do Tony. Outra seria distribuir os troféus em junho sem televisionamento, o que reduziria significativamente o valor de marketing do prêmio.
Nenhuma das partes quis falar oficialmente na noite de sexta-feira, mas várias pessoas próximas às discussões descreveram a situação. Para Hollywood, o Tony Awards não é uma prioridade: é uma cerimônia de nicho, assistida no ano passado por 3,9 milhões de pessoas, muito menos do que o Oscar (18,7 milhões) ou o Grammy (12,5 milhões).
Mas para a Broadway, ele é essencial. O Tony Awards é o maior momento de marketing da indústria — uma chance de apresentar aos espectadores shows dos quais eles nunca ouviram falar e de lembrá-los das alegrias do teatro musical. Esse tipo de alcance é especialmente importante agora, com o público da Broadway ainda distante dos níveis pré-pandêmicos. Quatro dos cinco indicados a melhor novo musical não estão vendendo ingressos suficientes para cobrir seus custos e todos poderiam se beneficiar do aumento de bilheteria gerado por uma vitória no prêmio.
— O Tony Awards é a maior propaganda da indústria, e para um espetáculo como o meu, que não tem marca e está começando a ganhar alguma força, seria devastador não participar — diz Mike Bosner, produtor de “Shucked”, um dos cinco shows que disputam o cobiçado prêmio de melhor novo musical. — Todo o nosso plano de lançamento passou por fazer parte da temporada de premiações, quando há muitos olhos o espetáculo e exposição nacional.
Mesmo antes da divulgação da decisão do WGA, alguns produtores estavam pessimistas.
— Meu palpite é que não haverá uma transmissão — disse Robert Greenblatt, um dos produtores de “Some Like It Hot”, também indicado a melhor novo musical.
Greenblatt está familiarizado com todos os lados da questão — ele não é apenas um produtor frequente da Broadway, mas também ex-presidente da NBC Entertainment e da WarnerMedia.