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Ariana DeBose, vencedora do Oscar. Derek Hough, juiz do programa “Dancing with the stars”. Estrelas do balé como Catherine Hurlin, Tiler Peck e Taylor Stanley. Quase todo o elenco da montagem de 2023 de “Bob Fosse’s Dancin’”. Estes são apenas alguns dos notáveis ex-alunos da New York City Dance Alliance (NYCDA), misto de convenção e concurso de dança realizado em várias cidades dos Estados Unidos e que completa 30 anos neste mês de janeiro. É também o tipo de desfile de nomes que deixa Joe Lanteri, fundador e diretor executivo do evento, desconfortável.
— É claro que estou muito orgulhoso de todos esses dançarinos — disse Lanteri. — Mas não posso levar o crédito pelo sucesso deles, pelo trabalho que cada professor de dança e proprietário de estúdio fez com eles, por toda a comunidade que os ajudou.
O impulso de Lanteri de desviar a atenção pode parecer incompatível com a energia de “olhe para mim” que define grande parte do mundo da dança competitiva, um setor lucrativo que, para quem está de fora, pode parecer semelhante ao dos concursos de beleza. Mas, deixando de lado a etiqueta do showbiz, é um fato que os eventos de Lanteri — nos quais os dançarinos participam de uma série de master classes — refletem sua abordagem comunitária. Em vez de enfatizar troféus e professores famosos, Lanteri prioriza o investimento de longo prazo em jovens dançarinos, preparando-os para o mercado. Isso inclui, inclusive, auxílio ao estudo. A fundação afiliada à NYCDA já concedeu cerca de US$ 5 milhões em bolsas em faculdades desde sua fundação, em 2010. Atualmente, há 28 ex-alunos de Lanteri matriculados em cursos de dança na prestigiosa escola Juilliard.
Parte do ecossistema
Para Karen Schupp, ex-dançarina que agora é professora de dança na Universidade Estadual do Arizona, a New York City Dance Alliance realmente ocupa um lugar diferenciado.
— O que Joe tem feito é apoiar a busca pela dança fora da estrutura competitiva — disse ela. — O fim de semana de competição é apenas uma parte de um ecossistema de dança maior.
Parece que todo mundo conhece Lanteri. Como líder da NYCDA — e, desde 2018, proprietário do estúdio de dança Steps on Broadway —, ele desempenha um papel marcante na formação do cenário da dança em Nova York e, consequentemente, de todo o país. Mas ele continua sendo um empresário relutante.
— Joe não está buscando influência — disse a sapateadora e coreógrafa Chloé Arnold, veterana do corpo docente da New York City Dance Alliance. — Sempre digo a ele: “Você sabe que é um ícone?”
O estilo de Lanteri — uma mistura do jazz sutil de Nova York com a sensibilidade mais atlética e comercial da Costa Oeste — atraiu uma grande variedade de talentos, inclusive o fenômeno do balé Desmond Richardson. No início da carreira, a estrela da Broadway Michael-Demby Cain, hoje marido de Lanteri, se tornou assíduo em seus eventos, o público do teatro musical.
Lanteri também começou a dar aulas em convenções de dança, eventos em que instrutores viajam para diferentes cidades oferecendo workshops e aulas-show — “uma espécie de versão do mundo da dança para a Comic Con”, disse Schupp. Lanteri não gostava deste formato:
— Eu era o professor que dizia: “Alguém está vendo como essas crianças são talentosas? Não deveríamos estar fazendo mais do que aparecer, ensinar alguns passos, fazer a sala gritar e dizer adeus?
Essas perguntas levaram Lanteri a fundar a New York City Dance Alliance. Suzi Taylor, que leciona no evento desde seu início, lembra-se dos primeiros dias como emocionantes e caóticos:
— Mas, desde o início, havia uma grande energia em torno de transformar essas crianças de todo o país em uma comunidade grande e conectada. Dava para entender por que ele queria chamá-la de “aliança”.
Em nome do pai
A New York City Dance Alliance expandiu-se de sua primeira apresentação em quatro cidades no início de 1994 para uma turnê nacional que, nesta temporada, inclui 28 paradas. A fundação ligada à NYCDA, além de arrecadar fundos para que dançarinos vão à universidade, também organiza audições em que eles podem ser vistos por representantes de faculdades, que muitas vezes concedem suas próprias bolsas.
Lanteri sabe que a palavra “família” é muito usada na dança, mas acha que a New York City Dance Alliance conquistou o direito de usá-la.
— É totalmente o que aspiramos a ser — disse ele.
Se for uma família, Lanteri é o pai — embora ele resmungue com a comparação. Os valores paternos, no entanto, parecem se aplicar.
— Os dançarinos o adoram porque é claro que ele quer ajudar você como dançarino — disse o bailarino Tiler Peck. — Mas ele também cuida de nós como seres humanos.
