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Um grupo de jovens, em sua maioria mulheres de 20 e poucos anos, reuniu-se em uma noite de terça-feira em um prédio semelhante a uma capela no Brooklyn, em Nova York, para ouvir sobre um assunto que tem sido um tema quente em espaços religiosos há séculos: o celibato. Só que ninguém estava usando este termo. Em vez disso, a plateia se autodenominava “boysober” (“sóbria de garotos”, em tradução livre).

— Odeio a palavra celibato — disse a anfitriã do evento, Hope Woodard, comediante que cresceu frequentando uma igreja evangélica na zona rural do Tennessee, nos Estados Unidos.

Woodard, que mora no Brooklyn, descreveu-se como a favor de relações sexuais — “uso até um botton que diz ‘Eu amo orgasmos femininos’ para provar isso", brincou ela. Mas, depois de fazer um inventário de sua vida amorosa em outubro e perceber que estava em algum tipo de relacionamento desde o “jardim de infância”, ela decidiu ficar um ano longe de sexo e namoro.

Com quase 500 mil seguidores no TikTok e no Instagram, Woodard, 27 anos, começou a usar o termo “boysober” no início de sua jornada. Agora, ela está descrevendo a experiência em um show mensal de comédia e narração de histórias, chamado justamente de “Boysober”, comandado por ela e com participação de outras artistas.

No primeiro show, com ingressos esgotados, cerca de cem pessoas se aglomeraram ao redor do pequeno palco. Antes de apresentar o elenco de comediantes daquela noite, Woodard explicou que ela entendia “boysober” como um termo abrangente, que significava se abster de relacionamentos românticos com pessoas de qualquer gênero.

A plateia, formada em sua maioria por mulheres e pessoas não binárias, muitas vezes caía na gargalhada quando as comediantes contavam histórias sobre antigos parceiros, de caras sem consideração, que deixam pelos pubianos no assento do vaso sanitário, aos sem noção, que esquecem da parceira e convidam outra pessoa para uma festa.

Durante seu tempo no microfone, Woodard descreveu momentos em que ela foi a vilã de sua própria história de namoro — ocasiões em que ela enganou alguém ou se deixou ser maltratada porque queria atenção.

Público presente na apresentação de Hope Woodard — Foto: Amir Hamja/The New York Times
Público presente na apresentação de Hope Woodard — Foto: Amir Hamja/The New York Times

Um destaque foi sua história sobre voltar ao Tennessee e passar um tempo com sua avó, que sofre de demência. Durante a visita, ela percebeu que a avó continuava enviando mensagens de texto para o ex — avô de Woodard — e ficava irritada quando ele não respondia. O problema é que o avô dela já morreu.

— Eu disse: “Mimi, você vai esperar os traços azuis até o cemitério!” — Woodard contou à plateia, referindo-se ao sinal de confirmação de leitura no aplicativo WhatsApp.

E, no entanto, ela se reconheceu naquele momento.

— Você já viu sua mãe ou sua avó fazendo algo e pensou: “Isso é uma lambança!” — disse a comediante. — Mas depois pensei: tenho isso dentro de mim.

Boa parte deste hiato de um ano sem sexo e romance, contou Woodward, envolve desaprender os padrões de relacionamento doentios que são transmitidos de geração em geração.

— Talvez sejamos uma das primeiras gerações de mulheres em que não precisamos nos conectar a um homem para obter energia, poder e outras coisas — disse Woodard.

Eliza Wright, uma organizadora de eventos que estava na plateia, disse que sabia o que era dar um tempo dos homens. Depois de algumas experiências sexuais ruins na faculdade, ela parou de fazer sexo por alguns anos e, nesse período, percebeu que não se sentia atraída por homens. Ela então se apaixonou por sua melhor amiga de longa data, Jess. As duas agora estão casadas.

Wright, 25 anos, apontou para a pressão que as mulheres sofrem para ganhar a atenção masculina:

— Quando isso se dissolve, há um mundo totalmente novo que se abre.

Woodard disse que foi criada para agradar aos outros. Agora, disse ela, às vezes tem dificuldade em saber o que quer. Na essência, seu ano “boysober” tem a ver com aprender a dizer não.

— Estou um pouco irritada comigo mesma por todo o sexo que tive no automático — contou. — Pela primeira vez, sinto que tenho controle sobre meu corpo.

Catie Kobland, 24 anos, babá e estudante de pós-graduação em Manhattan, que participou do evento, disse que ela e suas amigas “ficam celibatárias” de vez em quando.

— Quando você sai de um relacionamento ou tem uma situação muito ruim, e namorar ou ver pessoas é algo que está contaminado e você quer enxaguar isso da sua boca, acho que o melhor a fazer é adotar o celibato — afirmou Kobland. — Essa é a onda de saúde mental da atual temporada.

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