Uma notícia falsa envolvendo o nome de Yasmin Brunet — em caso investigado pela polícia, há pouco mais de um ano, que ganhou repercussão nacional — foi citada por uma participante do "Big Brother Brasil 24", nesta quarta-feira (10). Em conversa com Fernanda, a alagoana Giovanna Pitel lembrou que a modelo carioca de 35 anos, que integra o Grupo Camarote (formado por famosos e celebridades da internet) no reality show, já foi falsamente acusada, no passado, por associação ao tráfico de mulheres.
Relembre o caso
Em 2022, depois de acompanhar, por meio das redes sociais, o desespero de familiares das jovens brasileiras Letícia Maia Alverenga e Desirrê Freitas — à época, elas tinham respectivamente 21 e 26 anos e eram dadas como desaparecidas —, Yasmin Brunet se pronunciou publicamente e ofereceu ajuda em meio às buscas pelas garotas.
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Letícia e Desirrê viviam nos Estados Unidos em circunstâncias obscuras, sustentadas por Kat Torres, ex-modelo, escritora e falsa guru espiritual de uma seita que prometia dinheiro, sucesso profissional e até trazer o amor desejado por meio de feitiços, hipnose e consumo do chá alucinógeno Ayahuasca — semelhante ao do ritual de Santo Daime.
Em vídeos e postagens, elas começaram a atacar Yasmin Brunet de forma desconexa, com denúncias graves, depois que a top model se interessou em ajudar as famílias de Letícia e Desirrê a encontrá-las. O caso chamou atenção das autoridades, e a modelo procurou a Polícia Civil de São Paulo, naquele período, diante das falsas acusações.
Após a grande repercussão do caso, Katiuscia gravou um vídeo em que aparecia assumindo que inventara as acusações e se justificava pelo fato, dizendo que vinha sendo perseguida pelos seguidores.
"Eu falei para vocês que a internet é terra de ninguém, mesmo. As pessoas xingam todo mundo, mesmo, falam que todo mundo sequestrou, que faz tráfico humano (sic). Eu apenas usei da mesma internet que vocês usam contra mim para acusar outras pessoas que estavam me acusando", disse Kat Torres, em vídeo publicado nas redes sociais.
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Nesse período, Letícia e Desirrê — que ainda eram dadas como desaparecidas — publicaram vídeos por meio das redes sociais em que mandavam parentes e amigos pararem de procurá-las. E disparavam acusações contra várias pessoas. Numa das denúncias mais graves, Letícia afirmou que seu pai teria abusado sexualmente dela e das irmãs na infância, o que foi imediatamente rechaçado por ele e toda a família. À época, Yasmin Brunet, uma das pessoas também citada pela dupla, entrou com ações na Justiça contra o trio.
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– Eu jamais pensei que uma coisa tão sem nexo fosse tomar a proporção que tomou. Procurei a delegacia com o meu advogado para formalizar as ações contra as três mulheres que, de forma mentirosa, cometeram crimes contra a minha honra – disse Brunet, à época. – Vou fazer questão de mostrar para elas que a internet não é terra de ninguém e tem, sim, leis, que precisam ser seguidas, e isso não é brincadeira que se faz com alguém. Inclusive, elas já desmentiram tudo, dizendo que foi "só uma brincadeira" esse caos que elas criaram.
Investigações do Ministério Público Federal apontaram, meses depois, que Letícia e Desirrê haviam sido envolvidas numa espécie de seita espiritual em solo americano que funcionava como cortina de fumaça para um suposto esquema de tráfico internacional de pessoas e exploração sexual.
Ambas foram deportadas após terem sido detidas em solo americano com documentação irregular. Em depoimento para autoridades, as duas desmentiram as graves acusações e alegaram que agiram a mando de Kat Torres, que queria afastá-las de parentes e amigos.
O GLOBO teve acesso com exclusividade, naquele período, a trechos do depoimento dado por Letícia Maia. A garota, assim como Desirrê, afirmou ser vítima da mulher que se dizia bruxa. Ao delegado Pedro de Queiroz Monteiro, ela disse categoricamente que nunca houve qualquer tipo de abuso por parte de seu pai, ao contrário do que havia afirmado anteriormente por meio de vídeos, e apontou que Katiuscia Torres a obrigava a gravar este e outros conteúdos nas redes sociais.
O que aconteceu com Kat Torres?
Também em dezembro de 2022, Kat Torres foi presa em Minas Gerais, acusada de tráfico internacional de pessoas, ao desembarcar de um avião vindo dos EUA com outras dezenas de brasileiros a bordo, todos deportados por estarem irregulares no país norte-americano.
Desde então, a mulher que já trabalhou como atriz e modelo no exterior, ganhou milhões de seguidores com memes na internet, e que chegou a ter uma vida financeiramente estável em Los Angeles — antes de resolver liderar uma suposta seita religiosa —, teve sua prisão convertida em preventiva em solo brasileiro e foi transferida para um presídio feminino em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A coach ainda tenta um habeas corpus, através de sua defesa, que sustenta que o caso não seria de responsabilidade da Justiça Federal e alega fragilidade nas provas apresentadas. O recurso segue aguardando nova apreciação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em abril de 2023, a corte já havia negado um pedido anterior. Não houve, até agora, nenhuma condenação.
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Hoje, Kat Torres divide cela com outras mulheres no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu (RJ). Sua adaptação foi difícil no início: ela se queixou de que houve recepção hostil por parte das outras presas, chegou a ser isolada por algumas vezes e pedir para voltar a Minas Gerais. Segundo o advogado Rodrigo Alves da Silva Menezes, que a representa, as questões foram superadas.
– Essas possíveis questões postas já se encontram superadas por ela. Hoje tem boa convivência com as demais colegas de cárcere e não há pedidos para retorno para Minas Gerais, uma vez que aguardamos o desfecho do processo por ora – comentou, ao GLOBO, em outubro de 2023. — Sigo mantendo recurso em favor dela.