O psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py lembra bem quando a direção da primeira edição do "Big Brother Brasil", da TV Globo, sugeriu colocar pay per view na casa dele, em 2002. Na época, ele era responsável por fazer atendimentos semanais com os brothers e sisters confinados — algo como a tão comentada atualmente, nas redes sociais e na casa, figura da “psicóloga”. Py, no entanto, rechaçou a possibilidade de ter acesso às câmeras em casa:
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— Nunca coloquei câmera na casa de nenhum dos meus clientes (risos) — diz Py. — Volta e meia, eles (os participantes) falavam: "você viu aquilo?". Eu dizia: "Não vejo, me conta".
Conceituado profissional do Rio de Janeiro, ele “entrou na casa” para ajudar a produção e direção do programa na seleção dos 12 participantes que inaugurariam o formato no país. Era tudo novo naquele momento, e o médico achou por bem avisar: essa turma vai precisar de apoio.
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— Se você tranca um pequeno grupo de pessoas dentro de uma casa, incomunicável, sem informações do mundo, a vida mental dele passa a se concentrar exclusivamente na relação entre si. Todo o amor e ódio emerge ali. E também ciúme, inveja, solidariedade, as coisas tipicamente humanas. Foi uma experiência profissional muito rica. Achei interessante a ideia de participar daquilo.
O médico ficou no cargo por três edições e, além dos encontros semanais com os confinados, marcava pelo menos uma sessão “aqui fora”. O intuito era ajudá-los, pelo menos num primeiro momento, a manejar a vida de famoso:
— Pelo que vi, o maior impacto do ponto de vista emocional é exatamente o momento da saída. Ao sair, eles encontram um mundo que estabeleceu uma relação intensa com eles que não havia antes. Uma pessoa me disse uma vez: "eu imaginava que fossem me reconhecer, mas fiquei apavorada que as pessoas sabiam o nome dos meus filhos."