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Por Talita Duvanel


Figurinhas de 'Pantanal ' trocadas em grupo de WhatsApp — Foto: Arte de Gustavo Amaral
Figurinhas de 'Pantanal ' trocadas em grupo de WhatsApp — Foto: Arte de Gustavo Amaral

Às 21h30, o celular de Glória Carvalho, de 26 anos, moradora de Teresina, no Piauí, começa a apitar. É a onça passando no grupo de WhatsApp “Figurinhas Pantanal” para avisar que chegou a hora da novela. A mesma coisa acontece no aparelho de outras 80 pessoas que estão no chat, entre elas Geovana Gomes, de 19 anos, de Sapiranga, no Rio Grande do Sul. Separadas por 3,7 mil quilômetros, as duas jovens se encontram na obsessão pelo remake da novela de Benedito Ruy Barbosa, originalmente exibida na TV Manchete em 1990.

O sucesso entre a geração Z é um dos fenômenos que mais chamam a atenção neste bem-sucedido retorno às telas do folhetim. Segundo a TV Globo, 40% do público de 15 a 29 anos com a TV ligada naquele horário está sintonizado na novela, número comemorado pela emissora. E isso se confirma na profusão de memes, figurinhas, buscas na internet e conversas nas redes sociais. De acordo com o Google, as buscas por “novela pantanal” aumentaram mais de 500% desde a estreia no fim de março. Nos primeiros 40 dias no ar, teve o triplo de buscas que a antecessora, “Um lugar ao sol”. Segundo o Twitter, entre as pessoas que têm postado (muito) sobre o tema, quase metade tem menos de 25 anos.

Olha a onça

Especialistas em telenovela arriscam explicações para o fenômeno.

— É uma novela muito boa, simples assim. No final das contas, todo mundo quer boas histórias. E essa obra tem uma receita de bolo fundamental que atrai também os mais novos: gravidez, traições, volta de filho pródigo, filho que renega o pai e vice-versa — diz Leandro Guima, do podcast “Matei Odete”, sobre história das novelas.

Ele ressalta que existe um público com saudade do que não viveu por causa do catálogo do Globoplay, com sucessos como “Vale tudo” e “Que rei sou eu”, que desperta a atenção para outros clássicos da teledramaturgia.

Dentre os elementos que arrebatam jovens corações, está a história de amor no centro da narrativa. Esta função é cumprida por Juma (personagem mais buscada no Google desde a estreia) e Jove, ou melhor, #JuVe na língua das redes.

— Juma e Jove formam um casal facilmente “shippável”, que faz a narrativa acontecer. São um pouco mais melancólicos do que os originais, o que gera uma identificação com a juventude contemporânea — diz Lucas Martins Néia, doutor em Comunicação pela USP e especialista em telenovela.

Dar contornos atuais aos personagens — o maior exemplo é Madeleine, que quer ser influencer e forja uma vida maravilhosa nas redes sociais (leia entrevista com a atriz Karine Teles) — também é chamariz para esta turma superconectada.

— Essas adaptações funcionam como isca para a juventude atual — diz Lucas.

O saudosismo em torno da primeira versão também ajuda a renovar o público. Vira um efeito dominó, passa de pai para filho, ou de avó para neta, como aconteceu na casa de Natália Nascimento, de 26 anos, moradora de Salvador. Ela começou a assistir à novela por influência da avó, fã da versão de Benedito. A jovem se encantou com a adaptação de Bruno Luperi e transformou outras duas amigas em “pantaneiras”. Uma delas nunca tinha parado para acompanhar uma novela. Hoje, elas conversam sobre o folhetim no grupo “Muda, não fala nada” todas as noites.

— O remake une públicos diversos — diz Clarice Greco, autora do livro “Virou cult: telenovela, nostalgia e fãs” (Editora Jogo de Palavras). — Ele junta aquele que assistiu nos anos 1990, ou até no SBT em 2008 (“Pantanal” foi reprisada pela emissora após a compra das fitas originais num leilão da massa falida da Manchete), e o que nunca viu e quer ver porque ouviu falar. Forma uma audiência curiosa pela nostalgia alheia.

O sucesso de uma novela, dizem os estudiosos de televisão, também é reflexo do momento social no qual ela está inserida, independentemente da faixa etária. Foi assim, por exemplo, com “Avenida Brasil”, no ar em 2012, outro fenômeno entre os jovens num período de otimismo, explosão do consumo e ascensão da classe C. No caso de “Pantanal”, em 2022, a realidade brasileira é outra, mas também influencia no frenesi.

— Estamos num momento de crise e pessimismo geral, e essa fuga para a simplicidade faz sentido — analisa Clarice.

Para a pesquisadora, foi um acerto pôr no ar uma novela com realismo fantástico e conflitos familiares, quando, fora da TV, os debates andam acalorados sob todos os aspectos. A audiência percebeu e reagiu positivamente:

— “Pantanal” é unânime, faz as pessoas concordarem. Em tempos de polarização, veio unir o país de novo.

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