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Por Mari Teixeira — Rio de Janeiro


Paolla Oliveira interpreta uma dublê na nova novela das 19h da Globo, "Cara e Coragem" — Foto: Wil Lugares
Paolla Oliveira interpreta uma dublê na nova novela das 19h da Globo, "Cara e Coragem" — Foto: Wil Lugares

De cabeça para baixo, Paolla Oliveira desce a fachada de um prédio de 20 andares fazendo rapel. Não é jogo de cena. No papel de uma experiente dublê de ação em “Cara e coragem”, a atriz tem dispensado a sua “substituta” sempre que possível e encarado desafios do tipo. “Da próxima vez, gravo antes de jantar”, disse ela a Natalia Grimberg, diretora artística da próxima novela das 19h da TV Globo, que estreia amanhã.

Protagonista do folhetim escrito por Claudia Souto (“Pega pega”), Paolla vai pular contêineres, entrar em carros em movimento e até praticar dança vertical. Apoiada por um time de mulheres nos bastidores, comemora a presença feminina em uma trama com ação no primeiro plano:

—Esta novela tem um mundo muito masculino inserido nela, e a gente está num quarteto fantástico de mulheres: eu, a Taís (Araújo), a Cláudia e a Natalia. É o exemplo perfeito de que não se pode mais botar ninguém em uma gaveta.

Paolla Oliveira treina dança vertical  — Foto: João Miguel Junior
Paolla Oliveira treina dança vertical — Foto: João Miguel Junior

Após um dia atípico de gravação — foram apenas três cenas e nenhuma de ação, quando o normal é passar de 20—, a atriz sentou-se em uma poltrona nos corredores dos Estúdios Globo e, ainda caracterizada de Pat, cedeu uma hora de entrevista.

Paolla conta que “Cara e coragem” se insere em um processo: desde o começo da carreira, ela busca se livrar de rótulos.

— Enfrentei o estereótipo de frágil, de muito doce. Depois, ouvi que era para tomar cuidado com sair no carnaval, porque iam achar que eu só fazia isso. Fiquei com medo e me afastei durante dez anos da Avenida. A sensualidade também foi um pacote ruim para mim. Mas batalhei para que vissem todos os meus lados. Consegui ser camaleônica — reflete a atriz, que este ano não só voltou para a Sapucaí como foi rainha de bateria da campeã Grande Rio.

Para enfrentar cenas de luta, salto e rapel (Paolla e o companheiro de elenco Marcelo Serrado chegaram a descer paredões na Serra do Cipó, em Minas), é preciso estar em dia com os exercícios e treinamentos. Os atores fizeram, no total, mais de dois meses de aulas de dublê. Na trama, Moa (Marcelo Serrado) e Pat são dublês de ação contratados para ir atrás de uma fórmula secreta que vale milhões. Além da profissão de risco, a heroína precisa lidar com os dois filhos e um marido doente (Carmo Dalla Vecchia).

Paolla Oliveira faz rapel na Serra do Cipó, Minas Gerais — Foto: Matheus Malafaia
Paolla Oliveira faz rapel na Serra do Cipó, Minas Gerais — Foto: Matheus Malafaia

‘Ação não precisa ser viril’

Corajosa na tela, Paolla conta que precisou enfrentar todo tipo de medo para chegar onde chegou. Criada com três irmãos na Zona Leste de São Paulo, avalia que uma “infância triste, sem muito prazer ou criatividade” pode ter lhe dado o desejo por independência.

— Eu fui criada pra ser medrosa. Os homens eram melhores, meu pai era o provedor. Precisei enfrentá-lo para fazer teatro, até para gostar de certo tipo de música. Mas nunca deixei o medo me paralisar. Uso isso para pular dos prédios, para fazer as coisas que a Natalia pede — diz a atriz, que só recua mesmo diante de baratas. — Tenho pavor (risos).

A disponibilidade física do elenco foi uma grata surpresa para Natalia, que já estava preparada para usar a tecnologia face replacement, na qual as faces dos dublês reais seriam substituídas pelas dos atores. Ela define Paolla como “muito corajosa” e diz que foi ela quem impulsionou Serrado a, literalmente, se jogar também.

Com a experiência de produções variadas como “Cheias de charme”, “A lei do amor” e “Malhação: Vidas brasileiras”, Natalia afirma que a trama de ação (com pitadas de drama, romance e humor) ganha com um toque feminino:

— Por que sou eu que estou fazendo essa novela? Porque isso veio da cabeça da Claudia, uma mulher incrível. Botar um olhar masculino seria tirar um pouco da essência. A gente já conhece esse tipo de cena de ação, então dou um toque de delicadeza. Uma sequência dessas não precisa ser viril o tempo todo.

Claudia Souto e Natália Grimberg — Foto: Fábio Rocha
Claudia Souto e Natália Grimberg — Foto: Fábio Rocha

‘Meninas podem tudo’

Claudia Souto, autora do folhetim, também precisou tomar sua dose de coragem para se firmar na profissão. Quando começou na emissora, em 1992, era a única mulher na equipe de redatores do programa de humor que escrevia. Sobre escrever uma novela de ação, cuja trama passa por games e tecnologia, é assertiva:

— Meninas podem brincar do que quiserem! E vestirem as cores que quiserem. E irem onde desejarem ir. Estamos em 2022 .

Mistério também embala a trama de “Cara e coragem”. Quando Pat e Moa são contratados para buscar a tal fórmula, conhecem a empresária Clarice Gusmão (Taís Araujo), que os contratou, e Ítalo (Paulo Lessa), instrutor de parkour que tem um caso com Clarice. Depois da dupla voltar de viagem e procurar pela empresária para entregar o item valioso, eles descobrem que ela está morta. Desconfiados, Pat, Moa e Ítalo começam uma investigação por conta própria.

Logo no primeiro capítulo, discussões sobre etarismo também começam a aparecer. Isso porque a dupla de dublês é dispensada de alguns trabalhos por já terem “passado da idade” de fazer acrobacias. E resolvem abrir uma agência própria. É só o começo.

A questão da idade está presente na trajetória da personagem de Paolla Oliveira e, claro, na vida da atriz. Depois de fazer 40 anos em abril e de expor seu relacionamento com Diogo Nogueira, ela vem sendo questionada por fãs em redes sociais sobre maternidade.

— Ainda não é o momento. Saiu até em um lugar que eu não era familiar, amorosa ou até feminina suficiente por ter questões com a maternidade. Mas isso passou, agora se eu tiver que enfrentar uma sociedade inteira para falar disso, eu vou falar. Eu enfrentei meu pai, que tinha o sonho de que eu casasse, que já tivesse cinco netos para ele, mas não é assim. Essa não sou eu — diz Paolla, acrescentando que sempre recebeu elogios de namorados que têm filhos. — Sempre ouço que daria uma ótima mãe.

Na ocasião do aniversário, ela fez dois pedidos. O primeiro, que a Grande Rio ganhasse o título de campeã do carnaval, já foi realizado. O segundo só vai dar para saber o resultado em outubro. Paolla gostaria de uma troca de governo. Fora isso, diz estar completa.

— O povo fica falando: “E a crise dos 40?”. Que crise, gente? Crise vive o mundo, vive o nosso governo, eu não tenho que ter crise. Só posso ter 40 e ser mais feliz hoje porque eu já tive 20, 25, e caí em todas as ciladas possíveis. “Mas não é muito poético falar que você está mais madura?” Não! Ainda bem que eu estou, porque tem gente com 40 que continua uma anta — acredita. — Não tem nada de clichê, é a vida. A única opção para não envelhecer é morrer cedo, e isso eu não quero.

A autora Claudia Souto e a diretora Natália Grimberg elogiam não apenas o físico da atriz, como o trabalho artístico de interpretação, tendo que saltar de um lado para o outro e ainda colocar emoção. Paolla atribui “estar inteira” também ao processo de amadurecimento.

— Hoje, minha maior dieta é a da cabeça. O que eu me preocupava antes com o físico, agora é com a mente. Preciso estar com meu joelho disponível para pular de 15 metros tanto quanto estar com a ansiedade no lugar — conta Paolla, que malha há 15 anos diariamente. — Já fiz terapia, já fiz ioga, mas nesse trabalho o físico é tão intenso que só dormir até mais tarde tem resolvido o problema.

Paolla Oliveira completou 40 anos em abril — Foto: Fe Pinheiro
Paolla Oliveira completou 40 anos em abril — Foto: Fe Pinheiro
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