De volta ao ar depois de 15 anos, agora com apresentação de pedro Bial, o 'Linha Direta' seguirá seu formato clássico, levando ao público, a cada edição, um crime já solucionado pela justiça e um caso em aberto, para que o público possa ajudar com informações no disque denúncia.
Precursor do gênero "true crime" na TV brasileira, o programa, que fez sucesso nas décadas de 1990 e 2000, volta a ser exibido nas noites de quinta-feira na TV Globo. A atração vai incorporar inovações tecnológicas, com a apresentação de laudos de perícia em 3D e a inclusão de imagens de vídeos de câmeras de segurança e captadas por celular, abordando temas como feminicídio, violência contra crianças, racismo, LGBTfobia e golpes virtuais. No estúdio, Pedro Bial vaio conduzir entrevistas com parentes de vítimas e figuras-chave das investigações.
Relembre abaixo alguns dos casos que serão reconstituídos no programa:
Caso Eloá
Em 2008, o país acompanhou apreensivo, por mais de 100 horas, o sequestro e cárcere privado de Eloá Cristina Pimentel, mantida refém em seu apartamento por seu ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes. Inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu armado o apartamento de Eloá, em Santo André, no ABC paulista, onde a jovem estudava com mais três amigos.
O sequestro teve início no dia 13 de outubro de 2008 e terminou de forma trágica quatro dias depois. Após libertar dois amigos da ex-namorada que estudavam com ela (Iago Vilera e Victor Campos), o sequestrador manteve Eloá e sua outra amiga, Nayara Rodrigues da Silva, como reféns. Após um cerco de vários dias, a polícia invadiu o apartamento na noite de 17 de outubro e Lindemberg disparou contra as jovens. Eloá morreu com um tiro na cabeça e outro na virilha. Nayara foi atingida no rosto, mas sobreviveu.
Barbárie de Queimadas
Uma festa de aniversário em Queimadas, no Agreste da Paraíba, transformou-se, na madrugada de 12 de fevereiro de 2012, em um estupro coletivo contra cinco mulheres, que resultou ainda na morte de duas delas, a professora Izabella Pajuçara e a recepcionista Michele Domingos. Os irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira teriam planejado abusar de cinco convidadas para uma festa de aniversário do primeiro, e para isso chamaram mais outros cinco homens e três adolescentes.
Eduardo e Luciano compraram cordas e lacres para prender as vítimas e forjaram um assalto para rendê-las. Encapuzados, eles renderam cinco das sete mulheres presentes na festa e dois homens que não estavam entre os abusadores (suas mulheres também foram estupradas). As únicas mulheres da festa que não foram molestadas foram justamente as esposas de Eduardo e Luciano.
Izabella reconheceu um dos agressores e foi levada pelos estupradores com Michele, que ouviu a amiga falando do agressor. Ambas foram mortas com três e quatro disparos, respectivamente. Dos estupradores, Eduardo foi condenado à maior pena, 108 anos de prisão em 2014, mas conseguiu fugir da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes de João Pessoa, em novembro de 2020. Luciano foi condenado a 44 anos de prisão e segue em regime fechado.
Assassinato de Henry Borel
Um dos crimes que mais chocou a opinião pública recentemente, o assassinato do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, começou a ser investigado como uma morte acidental, quando a criança foi levada para o Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, em 8 de março de 2021, pela mãe e o padrasto. Henry chegou ao hospital com parada cardiorrespiratória, segundo os médicos que o atenderam. A necropsia do IML, contudo, constatou múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.
Um mês após a morte de Henry, sua mãe, professora Monique Medeiros, e seu padrasto, o ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, foram presos por suspeita de tentar atrapalhar as investigações. Segundo a polícia, Monique sabia que o namorado agredia o filho com chutes e golpes na cabeça, agressões que foram levantadas também em mensagens recuperadas da babá da criança no celular da ré.
Em 30 de junho de 2021 Jairinho, que é filho do ex-deputado estadual Coronel Jairo, teve seu mandato de cassado na Câmara Municipal carioca. Os dois serão levados a júri popular, ainda sem data marcada. Jairinho segue preso preventivamente em Bangu 8, e será julgado por homicídio e torturas. Monique responde ao processo em liberdade desde agosto de 2022, por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), quando deixou de cumprir prisão preventiva no Complexo de Gericinó, também em Bangu. A mãe de Henry será julgada por homicídio e coação no curso do processo.