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Por Gustavo Cunha — Rio de Janeiro

Mariana Nunes lança uma pergunta quando ouve a palavra “protagonismo”: significa aparecer mais ou dar vida a uma história complexa? Frente a essas questões — que nem sempre sabe responder, como admite —, a atriz reconhece que, sim, está diante do trabalho de maior visibilidade na TV. É ela o rosto, o corpo, a voz de Judite, uma das personagens centrais da novela “Todas as flores”, como várias pessoas apontam toda vez que a brasiliense de 42 anos põe os pés para fora de casa.

— Não posso fazer nada de errado na rua, porque sempre tem alguém me vendo e também vendo a Judite — brinca, ao citar as constantes abordagens de desconhecidos para falar da figura que encarna na produção do Globoplay.

Nesta quarta-feira (24), o bem-sucedido folhetim de João Emanuel Carneiro — a primeira obra do gênero feita para o streaming — entra na reta final, com a liberação de mais três capítulos inéditos. Os dois últimos episódios saem na próxima terça-feira (30 de maio) e no dia 1º de junho.

Estreia há uma década

Mariana Nunes apareceu pela primeira vez na televisão há uma década. Aos 22 anos, a então estudante da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, em Brasília, participou da extinta Oficina de Atores da TV Globo, no Rio, e foi chamada para compor o elenco de apoio de “Mulheres apaixonadas”, novela de Manoel Carlos que, aliás, retorna à programação, na próxima segunda-feira (29 de maio), no “Vale a pena ver de novo”.

O debute da atriz, no entanto, não foi bem como ela idealizou à época. Escalada para viver a hostess do Nick Bar, importante cenário da trama, Mariana sentia que, nos bastidores, só esperava, esperava, esperava... E aí entrava em cena apenas para abrir portas.

— Foi uma experiência sofrida — rememora ela, filha de um casal de professores aposentados. — Estava cheia de talento e energia, e só queriam que eu dissesse “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”.

Angustiada, telefonou para o diretor Ricardo Waddington e explicou que gostaria de voltar para sua terra natal. Na capital federal, atuou em várias peças, sobretudo ao lado dos diretores Adriano e Fernando Guimarães, até decidir se mudar para São Paulo, onde fez bicos, veja só, como hostess e barista em restaurantes, além de ter realizado campanhas de publicidade.

Mariana Nunes, intérprete da personagem Judite, em cena com Fabio Assunção (intérprete do personagem Humberto), na novela 'Todas as flores' — Foto: Reprodução/TV Globo
Mariana Nunes, intérprete da personagem Judite, em cena com Fabio Assunção (intérprete do personagem Humberto), na novela 'Todas as flores' — Foto: Reprodução/TV Globo

A guinada profissional veio em 2009, após o primeiro longa-metragem de sua carreira (“O homem mau dorme bem”, de 2009). Daí em diante, esteve em filmes de nomes como Cláudio Assis, Lucrécia Martel, Paulo Machline e José Eduardo Belmonte, entre outros. E não deixou mais as telonas.

— Televisão é o lugar com que eu tenho menos intimidade. Mas quero estreitar esse vínculo — ri ela, que já havia participado de folhetins como “Quanto mais vida, melhor!” (2021) e “Amor de mãe” (2019).

A atriz celebra a gradual mudança nos perfis de personagens destinados a atores pretos na indústria do audiovisual. Mas ressalva que a transformação de fato só virá no momento em que houver paridade entre brancos e negros (e indígenas e asiáticos) nos estúdios.

— Acho importante me colocar ideologicamente sobre os trabalhos que faço, pensando sobre o que estou realizando, sabe? Confesso que estou cansada desses filmes de favela em que os pretos são mortos. Para ver isso, basta ligar o telejornal — diz a artista, que em 2023 ainda poderá ser vista no longa “Grande sertão: veredas”, de Guel Arraes e Flávia Lacerda; na segunda temporada de “Um dia qualquer”, da HBO Max; e na série “Amar é para os fortes”, do Prime Video, criada por Marcelo D2 e Antonia Pellegrino.

Antes de tudo isso, a atriz assistirá, enfim, ao desfecho da costureira Judite, em “Todas as flores”. E espera ver, pela primeira vez, a personagem feliz consigo mesma. Ao longo da trama, a figura ficcional se dedicou exclusivamente ao filho Pablo (Caio Castro), à afilhada Maíra (Sophie Charlotte) e ao ex-amante Humberto (Fabio Assunção). Não à toa, conselhos repetidos à exaustão se tornaram espécie de bordões — “Tem dedo da Zoé (Regina Casé) nisso” e “Tem alguma coisa estranha nessa história” são só alguns exemplos.

— Judite é uma pessoa que resolve a vida dos outros, mas não resolve a vida dela (risos). E isso é comum entre essas mulheres, mães solo, que não têm tempo de se enxergar como protagonistas da própria vida — opina ela, que compartilhou o pensamento com parte da equipe da produção dirigida por Carlos Araújo. — Falei: “Põe essa Judite para terminar feliz com ela, e não com a conquista dos outros!” (risos). É um avanço enorme termos tantos protagonistas negros hoje na TV. Mas, se esses protagonistas não tiverem histórias próprias e continuarem só em função de outras pessoas, a gente só reproduzirá mais do mesmo.

O posicionamento de Mariana se reflete na maneira como a atriz lida com a exposição da vida pessoal. Namorada da também atriz Tati Villela, no elenco da novela “Vai na fé”, ela faz questão de abrir parte da convivência entre ambas por meio das redes sociais.

Sem medo de aparecer

Tati Villela e Mariana Nunes: atrizes de 'Vai na fé' e 'Todas as flores' são namoradas — Foto: Divulgação
Tati Villela e Mariana Nunes: atrizes de 'Vai na fé' e 'Todas as flores' são namoradas — Foto: Divulgação

Juntas há dois anos, as duas mantêm um canal no YouTube, batizado de “Amor sem filtro”, e circulam, desde 2022, com a peça “Amor e outras revoluções”, sobre o relacionamento entre mulheres pretas — o espetáculo voltará aos palcos, em outubro, por cidades do estado do Rio.

— A gente gosta de falar de amor. E não estamos nos privando de aparecer — diz Mariana. — Sou bem virgem nesse assunto de relacionamento público, porque nunca tinha namorado ninguém que habitasse o mesmo rolê que eu. E agora vejo a importância de não esconder essa relação, porque ajuda muita gente a naturalizar a presença de casais homoafetivos. Com duas mulheres negras e atrizes então, isso é mais forte. É importante que as pessoas saibam que essa configuração existe (risos). E que está existindo muito bem, obrigada.

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