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Por Talita Duvanel — Rio de Janeiro

Na TV há quase quatro décadas, Serginho Groisman vive “uma das fases mais fortes” da carreira. Ele faz a avaliação em conversa por vídeo numa manhã de sexta-feira, horas antes de sair de casa, em São Paulo, para buscar Thomas, seu único filho, de 7 anos, no colégio. Para o apresentador e diretor do “Altas horas”, exibido nas noites de sábado na TV Globo há 22 anos, a atração está “viva, importante, relevante”.

A percepção vem das edições temáticas especiais, que nos últimos tempos estão levando o programa a dominar conversas nas redes sociais e bater recordes de audiência. Até o momento, ele cresceu 9% em relação ao mesmo período do ano passado. As de maior impacto foram as dedicadas a Milton Nascimento, no dia 7 de janeiro, e aos 60 anos de Xuxa, em 11 de março. A homenagem a Rita Lee, de 15 de abril, ultrapassou os limites da TV: um vídeo da artista assistindo ao programa, uma das últimas imagens dela com vida, comoveu muita gente.

— A minha vida inteira foi ligada à música. Todos os meus programas tiveram musicais muito fortes. Nós já havíamos feito especiais com Erasmo, Gil, Djavan... Mas, neste ano, intuitivamente, acelerei isso — diz Serginho. — Foi uma intuição mesmo, que começou a ter repercussão, e agora estamos nesse caminho.

Hoje, vem mais um da leva: filhos famosos cantarão com suas mães ou mãe famosas cantarão com seus filhos. No palco, estarão Joelma e a filha; Márcio Vitor, vocalista do Psirico, e a mãe; Lucy Alves e a mãe; e Karol Conká e o filho, entre outros. Ele seria exibido na semana passada, mas foi postergado por causa do especial com os melhores momentos de Rita Lee no próprio “Altas horas”. A artista, que morreu no último dia 8, era a madrinha do programa, a primeira convidada a pisar em seu palco.

Serginho Groisman e Rita Lee em 2006 — Foto: Zé Paulo Cardeal / TV Globo
Serginho Groisman e Rita Lee em 2006 — Foto: Zé Paulo Cardeal / TV Globo

— Tenho também muitas histórias pessoais (com Rita). Eu adorava Os Mutantes e soube que, na TV Excelsior, eles tinham ou apresentavam um programa, não lembro bem. Fui lá e, pela primeira vez, entrei num estúdio de TV só para vê-los — relembra. — Percebi que aquilo era mágico, uma coisa que gostaria de fazer um dia.

Outras telas

Sérgio Groisman começou a carreira na televisão em 1987, na TV Gazeta de São Paulo, onde ficou até 1989 no comando do TV Mix. Viera do programa jovem da rádio Cultura “Matéria prima”, que virou atração da TV Cultura entre 1990 e 1991. Foi onde criou o bordão “fala, garoto; fala, garota”, nacionalizado com o “Programa livre”, do SBT. O paulistano ficou na emissora de Silvio Santos entre 1991 e 1999, quando assinou com a Globo.

— Na minha vida, nunca fiz previsões. Não achei que ficaria 22 anos, como estou, numa emissora — diz ele.

Serginho Groisman no estúdio do 'Altas horas' — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Serginho Groisman no estúdio do 'Altas horas' — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Nessas duas décadas, a imprevisibilidade o levou a experimentar outro tipo de palco, o do teatro (esteve no elenco da peça “Brasas no congelador”, de Gerald Thomas, em 2006) e o mundo da literatura infantil, com o “Meu pequeno corintiano”, lançado em 2008. A lista de possibilidades ainda parece grande — apesar de ele garantir que é uma pessoa focada no presente.

— Tenho vontade de fazer um programa de entrevistas, tenho algumas ideias. Penso em documentário também, isso vou fazer. O que faço hoje me permite novos desafios dentro do programa também —lista, salientando que, apesar da longevidade do “Altas”, nunca viveu a monotonia. —Acham que é a mesma coisa, mas não é. Porque as pessoas mudam, os fatos mudam, o Brasil e o mundo mudam.

As mudanças — principalmente a digitalização de etapas do trabalho na esteira da pandemia — têm ajudado o profissional a se aplicar com mais integridade ao papel de pai. Contam também a estabilidade profissional e o amadurecimento.

— Tenho uma dedicação muito grande (ao filho). Enquanto tiver saúde, posso fisicamente ficar com ele. Não fico preocupado com o tempo. Eu vivo agora. Ninguém pode ter segurança de nada em qualquer idade — diz o pai, antes de uma certa dose de natural corujice.— No (especial com o) Milton, ele foi incrível, estava com pão de queijo e deu para o Milton fora do ar, os dois se abraçaram. Quando ele vai ao programa, fica muito em casa. Ele é meio tímido, mas chega lá e cumprimenta todo mundo, fala “bem-vindo”, “você cantou bem”.

‘Você pode adaptar algumas linguagens'

Com uma rotina que começa às 6h da manhã (para levar o filho à escola), Serginho Groisman conhece todo mundo no “Altas horas”, ele diz. Dos técnicos ao comercial, passando pela área de relações públicas. Em sua equipe, há quem trabalhe com ele desde os anos 1980, época em que já levava jovens para a plateia de suas atrações. O paulistano pode até achar que as coisas mudam, mas disso ele não abre mão. Desde quando trabalhava ao vivo no rádio, faz questão de conversar com garotos, garotas e agora garotxs (como mostra um dos lambe-lambes que compõem o cenário atual).

Apesar de reconhecer que sua audiência não seja majoritariamente jovem, essa turma é a ideal para se ter por perto por causa da espontaneidade, acredita. Os filtros, eles costumam deixar só para as fotos.

— Nessa idade, não há filhos ou esposa que vão falar: “Mas por que que você perguntou aquilo?” Trago essas pessoas porque elas ainda falam o que realmente pensam— diz. — Mas sei que o nosso público é mais velho.

Mas ele conta que não se deixa seduzir pelas novas formas de comunicação.

— Não adianta querer fazer TikTok em televisão. TikTok você faz no TikTok. Você pode adaptar algumas linguagens, mas cada veículo tem a sua, com aquilo que as pessoas esperam. Fazemos TV sabendo de tudo o que acontece no Brasil, no mundo, no Twitter. Mas não adianta se transformar num programa de outras plataformas — reflete. —Se eu quiser correr atrás da audiência da internet, vou ter que fazer internet também. Quem sabe um outro programa, com músicas de dois minutos, em formato de vídeo curto...

Por enquanto, Serginho Groisman está bem assim, obrigado.

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