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Por , O GLOBO — Rio de Janeiro

Em setembro de 2021, Marcos Mion pisou no palco do “Caldeirão”, na TV Globo, para assumir a função de apresentador, substituindo Luciano Huck, que comandara o programa de abril de 2000 a agosto de 2021. Mion conta que, à época, se lançou animado no desafio, assumindo um formato que não havia sido pensado por ele — ou para ele. E mesmo que tenha dado sua cara a muitos quadros que já faziam parte da grade, alimentava o desejo de participar mais criativamente do desenvolvimento do programa. Valeu esperar: neste sábado, Mion estreia o que chama de “o ‘Caldeirão com Mion’ de fato”.

O “Caldeirão” ressurge com nova identidade visual, cenários repaginados e outros quadros. Em conversa via Zoom com o GLOBO, Mion fala sobre a nova fase do programa, o diagnóstico de autismo do filho e a estreia como protagonista em um filme que escreveu e produziu, e para o qual precisou, aos 44 anos, encontrar a melhor forma física de sua vida. A seguir, confira trechos da entrevista.

Novo Caldeirão

Tudo começou, conta Mion, meio no susto:

— A minha entrada no “Caldeirão” foi muito rápida. Conheci a equipe e o palco no dia da primeira gravação. Não tive tempo de pensar em nada — lembra ele. — Cheguei em um ambiente extremamente criativo, pensado por pessoas que me conheciam, me senti muito à vontade. Mas não eram quadros meus, a equipe não era minha. Agora, sim, estou dentro da estrutura e podendo fazer o “Caldeirão com Mion” de fato, participando desde o marco zero. Consigo olhar e falar: “É o meu programa.”

Emocionado

Mion brinca com a fama de que é empolgado demais. Quando assinou com a Globo, em 2021, deu entrevistas se mostrando muito feliz, e espalhou esse ânimo em suas redes sociais.

— Muitas vezes, as pessoas falam “o Mion é emocionado”, mas pare para pensar. Consegui chegar num lugar em que poucas pessoas chegaram — comemora. — A minha intensidade é grande porque obviamente tenho medo de não dar tempo de viver tudo que sonho dentro da Globo. Então, é um misto de urgência com gratidão. É um momento importante e abençoado para mim, uma grande conquista.

Marcos Mion apresenta novo "Caldeirão" — Foto: Léo Rosário/TV Globo
Marcos Mion apresenta novo "Caldeirão" — Foto: Léo Rosário/TV Globo

Cantando e chorando

Dentre os novos quadros do “Caldeirão com Mion”, dois são as principais apostas: “Caldeirokê” e “Caldeirão informa: arte transforma”.

— Estava encanado com a ideia de fazer algo com karaokê, porque todo mundo é feliz num karaokê. Então, criamos um jogo em que os convidados trazem amigos como num karaokê. Não precisa cantar bem. O importante é se jogar — conta Mion, que recebe Tatá Werneck, Rafael Portugal e seus amigos na estreia do quadro, amanhã. — Analisamos a capacidade de cantar, a dança e a cara de pau. São seis rodadas, com microfones coloridos diferentes, e a pessoa escolhe o microfone sem saber qual é a música.

Marcos Mion com o músico Lucas Lima, jurado fixo da "Cladeirokê", novo quadro do "Caldeirão com Mion" — Foto: Paulo Barros/TV Globo
Marcos Mion com o músico Lucas Lima, jurado fixo da "Cladeirokê", novo quadro do "Caldeirão com Mion" — Foto: Paulo Barros/TV Globo

Já o “Arte transforma” é o xodó do apresentador, inspirado em sua experiência pessoal. O quadro abre espaço para artistas PcDs (pessoas com deficiência) mostrarem seus talentos:

— Há 18 anos, ganhei o maior presente da minha vida, o filho com que tanto sonhei. Ele veio dentro do espectro autista, e pude ser apresentado a um universo incrível. Vi e senti o que é a diversidade. Levamos Romeo para se apresentar no “Caldeirão” ano passado. Foi muito emocionante. Centenas de pessoas gritando, luz, câmeras, todos os estímulos em excesso que podem atrapalhar a cognição de uma pessoa no espectro autista. E ele enfrentou tudo. Foi um momento de muita superação, e vi em casa o quanto ele ficou feliz de ter conseguido. Mudou a vida dele. A forma como se enxerga, a autoconfiança... mudou tudo.

A partir daí, Mion sentiu a necessidade de criar um espaço fixo no programa.

— Abro falando “seja você quem for, de onde for, como for, aqui é a sua casa”. Um dos meus grandes objetivos como apresentador é dar a mão às pessoas e guiá-las por várias emoções, que possam mudar o dia e até a vida delas. Acredito que o “Arte transforma” muda vidas. As pessoas dão risada, depois choram e depois estão rindo de novo. É o quadro que mais gosto de fazer.

‘Meu partido é o autismo’

Mion reforça que seu propósito na vida é dar voz ao filho e à comunidade autista, composta por cerca de dois milhões de pessoas no Brasil.

— Tudo que faço envolve o autismo de uma forma ou de outra — diz Mion, que irá interpretar o pai de um menino autista no filme “MMA — Meu melhor amigo”.

Marcos Mion e seu filho Romeo, de 18 anos, cujo autismo ele tornou público em 2014 para reforçar seu compromisso com a luta por direitos e cuidados — Foto: Foto: Arquivo pessoal
Marcos Mion e seu filho Romeo, de 18 anos, cujo autismo ele tornou público em 2014 para reforçar seu compromisso com a luta por direitos e cuidados — Foto: Foto: Arquivo pessoal

A luta pela comunidade autista rendeu ao apresentador críticas à esquerda e à direita. No ano passado, Mion usou suas redes sociais para criticar uma fala do presidente Lula, que citara “deficiência mental” em discurso. O apresentador o corrigiu, falando que o correto seria “deficiência intelectual”. À época, petistas resgataram uma foto de Mion com Jair e Michelle Bolsonaro, em 2019, numa reunião sobre inclusão de pessoas do espectro autista no Censo do IBGE. Em 2020, o apresentador comemorou a aprovação da Lei Nº 13.977, conhecida como Lei Romeo Mion, que estabelece a emissão de uma Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Já do lado bolsonarista, Mion virou alvo por não se posicionar durante a eleição e por sua postura crítica às políticas do governo passado acerca da pandemia:

— A minha política não é uma partidária ou pública, ela é lutar pelos direitos da minha comunidade. O meu partido é o autismo. Não interessa quem está na cadeira, quem vai assinar a lei, me interessa que a lei seja assinada.

Honrando a atuação

Além do autismo, o filme “MMA — Meu melhor amigo” irá apresentar outra grande paixão do apresentador: a luta.

Mion sempre sonhou em construir uma carreira como ator. Tomou outros rumos, mas diz que agora é hora de pagar essa “dívida”.

— O teatro teve um papel muito importante na minha vida, no meu momento mais difícil o teatro me salvou. Eu tinha essa culpa de nunca conseguir atuar mesmo na arte que me fez — lembra. — Eu queria que as pessoas entendessem que não é “o filme do Marcos Mion”. Trabalhei muito para que as pessoas no cinema não falassem “olha lá o Mionzeira, que horas ele vai falar ‘caldeirola’?” Estou muito ansioso para que as pessoas assistam. Porque vai ser diferente de tudo que já me viram fazer.

Em “MMA — Meu melhor amigo”, de José Alvarenga Jr., o ator interpreta Max Machadada, um grande campeão de MMA em fim de carreira, que descobre ser pai de um menino autista de 8 anos. Mion também assina o roteiro ao lado de Paulo Cursino, a partir de uma ideia dele. Antônio Fagundes, Andreia Horta, Hoji Fortuna e Vanessa Giacomo também integram o elenco.

Melhor ‘shape’ da vida

Para viver Max, Mion fez uma forte preparação:

— Precisei virar uma chave mental para dar vida ao Max. Foi uma preparação muito intensa. A Suzana (esposa do apresentador) pegou as crianças e foi passar as férias na Disney, enquanto eu filmava, para que pudesse mergulhar 100% de cabeça no Max e voltar para casa sem tirar ele de mim. Eu tava um demônio — conta Mion.

Marcos Mion mostra abdômen trincado e resultado de transformação no corpo — Foto: Reprodução Instagram
Marcos Mion mostra abdômen trincado e resultado de transformação no corpo — Foto: Reprodução Instagram

Do lado físico, o ator relembrou dos tempos como fisiculturista.

— Já vivi umas cinco vidas, e uma delas foi como fisiculturista. Já fiz esse processo de tirar gordura do corpo antes algumas vezes, mas nunca tinha feito da forma que fiz. Primeiro, tenho 44 anos, tudo fica mais difícil — lembra. — Foi um desafio mental manter uma porcentagem baixa de gordura por dois meses. As pessoas falavam, “ah, você já perdeu a vontade de comer, né?”. O quê? Eu não passava um minuto sem querer comer alguma coisa. Nunca achei que com 44 anos ia “botar” o maior shape da minha vida. Mas como sou um pouquinho obstinado demais, foi o que aconteceu.

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