NOVA YORK - Os americanos doaram uma quantia recorde de US$ 471,4 bilhões para instituições de caridade dos EUA em 2020, grande parte proveniente das fortunas feitas no setor de tecnologia.
O total estimado de filantropia — cerca de 70% vindo de pessoas físicas — foi 3,8% maior do que em 2019, corrigido pela inflação, de acordo com a pesquisa anual da Giving USA divulgada nesta terça-feira.
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O maior aumento veio das fundações, que doaram US$ 88,6 bilhões, ou 15,6% a mais do que um ano antes, em um momento em que a pandemia tirou o emprego de milhões de cidadãos.
Pessoas físicas doaram US$ 324,1 bilhões, representando um acréscimo de 1%. Doações corporativas, que costumam acompanhar os lucros e os altos e baixos da economia, caíram 7,3% para US$ 16,9 bilhões.
— Foi um ano sem precedentes em muitos aspectos — disse Una Osili, diretora associada de pesquisas e programas internacionais da Faculdade de Filantropia da Família Lilly. — Em março, havia desemprego recorde, mas à medida que o final do ano se aproximava, ocorreu um dos melhores períodos já vistos nos mercados financeiros e isso traz implicações para doações de caridade porque as pessoas doam quando se sentem financeiramente seguras.
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'Sistemas precisam mudar', diz Mackenzie
Um salto notável nas doações veio de MacKenzie Scott, escritora que foi casada com o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Ela canalizou US$ 6 bilhões para uma ampla gama de organizações educacionais e sociais. Na terça-feira, ela disse que doou US$ 2,7 bilhões adicionais.
— Todos nós estamos tentando doar uma fortuna que foi viabilizada por sistemas que precisam mudar — disse ela.
Em uma postagem no Medium em julho de 2020, Scott anunciou doações de US$ 1,7 bilhão a organizações sem fins lucrativos, incluindo faculdades e universidades historicamente frequentadas por pessoas negras e grupos que lutam por igualdade racial e de gênero e mobilidade econômica.
Scott em seguida pediu ajuda de consultores para “acelerar imediatamente o apoio às pessoas que sofrem os efeitos econômicos da crise”. Em dezembro de 2020, ela anunciou doações de quase US $ 4,2 bilhões para 384 ONGs.
Dorsey: ajuda contra Covid
Jack Dorsey, cofundador da rede social Twitter e fundador da empresa de pagamentos Square, também teve grande impacto no mundo da filantropia em 2020, quando prometeu alocar até US$ 1 bilhão referentes à sua participação na Square em uma entidade que financiaria um pacote de alívio global diante da Covid-19.
Mais recentemente, Dorsey doou os US$ 2,9 milhões que arrecadou com a venda de seu primeiro tweet na forma de token não fungível para a GiveDirectly, uma ONG que ajuda as camadas mais pobres do planeta.
Em 2021, o maior impacto no mundo da filantropia pode vir das consequências do divórcio iminente de Bill e Melinda Gates, dependendo do efeito da separação sobre a fundação que leva o nome dos dois e tem US$ 50 bilhões.
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Melinda anunciou em 2020 que a Pivotal Ventures, sua empresa de investimento e incubação, se juntaria a Scott para lançar o Desafio Igualdade Não Pode Esperar, que dará um prêmio de US$ 30 milhões a organizações que apresentarem maneiras de empoderar mulheres até 2030.
No Congresso dos EUA, também há esforços em andamento para estimular doações de pessoas ricas para instituições de caridade mais rapidamente. Esses indivíduos costumam aproveitar uma redução tributária que permite a alocação de dinheiro em fundos de investimento e também permite que adiem a decisão sobre a doação de fato.
Os incentivos fiscais dos chamados fundos aconselhados por doadores podem chegar a 57% do valor em questão.