Economia

Bolsonaro alerta para nível de hidrelétricas e diz que Brasil vive 'maior crise hidrológica da história'

Segundo o presidente, país pode ter problema sério em relação ao abastecimento de energia: ´Vai dar dor de cabeça'. Tarifa deve subir
Linhas de transmissão: principais reservatórios de usinas hidrelétricas vêm apresentando uma lenta recuperação, pois o volume de chuvas tem estado abaixo do padrão histórico para este período do ano Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Linhas de transmissão: principais reservatórios de usinas hidrelétricas vêm apresentando uma lenta recuperação, pois o volume de chuvas tem estado abaixo do padrão histórico para este período do ano Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

BRASÍLIA — Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o Brasil vive a maior crise hidrológica da história e pode ter problemas com o fornecimento de eletricidade. Falando com apoiadores nesta segunda-feira, o presidente afirmou que o país pode ter um "problema sério pela frente", em referência à seca. "Vai ter dor de cabeça", avisou.

Na última sexta-feira, o GLOBO revelou que o governo decidiu acionar todas as usinas termelétricas que estejam disponíveis para garantir o suprimento de energia, diante de uma seca histórica nas regiões das principais usinas hidrelétricas do país.

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O governo federal também decidiu importar eletricidade do Uruguai e da Argentina.

O Ministério de Minas e Energia (MME) garante que as medidas afastam o risco de racionamento, mas a conta de luz tende a ficar mais cara ao longo do ano.

— Nós estamos com um problema sério pela frente. Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade. Vai ter dor de cabeça. Não chove, é a maior crise que se tem notícia — afirmou o presidente.

A conversa com apoiadores ocorreu na chegada de Bolsonaro ao Palácio do Alvorada e foi gravada e editada por um canal na internet simpático ao presidente.

Baixo nível nos reservatórios

O resultado é que o nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste finalizou abril com o menor valor verificado para o mês desde 2015, quando o país também enfrentou crise hídrica severa.

Essa é a principal região para o armazenamento de água do Sistema Interligado Nacional. O setor elétrico reúne essas duas regiões geográficas em uma só região operativa.

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Demos mais um azar aí. E a chuva geralmente é até março. Agora a gente está na fase que não tem chuva. Mas tudo bem, vamos tentar aí ver como a gente pode se comportar aí — disse o presidente.

ONS descarta desabastecimento

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que, no período entre setembro e abril, foi registrada a pior afluência para os reservatórios da região onde estão as hidrelétricas desde que isso começou a ser registrado, em 1931.

Ou seja, foi o período em que menos entrou água das chuvas nas barragens em pelo menos 90 anos.

Embora não veja riscos de falta de suprimento ou racionamento, até por causa da baixa demanda decorrente da crise provocada pela pandemia, o chefe do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, diz que o acionamento de usinas térmicas deve aumentar o custo da energia para os consumidores.

- Se não tivesse uma pandemia e se a economia estivesse crescendo, talvez a gente tivesse tido problema de (abastecimento) já no ano passado - afirmou Ciocchi à Agência Reuters.

A previsão do ONS é que os reservatórios  do Sudeste/Centro-Oeste cheguem em outubro com apenas 20% da capacidade, considerado muito baixo, mesmo com maior uso de térmicas e a produção de energia de fontes renováveis como eólica e solar.

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Especialistas estimam que as contas de luz no país devem se manter mais caras até o fim do ano, com as chamadas bandeiras tarifárias amarela e vermelha para compensar o custo mais alto da geração térmica.

Para o chefe do ONS, a pressão sobre as tarifas só deve se reduzir em 2022, com a chegadda do verão e da temporada de chuvas e com a expansão da capacidade de geração e transmissão.

*Com Reuters