Economia Petrobras

Bolsonaro anuncia demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras

Segundo mensagem publicada em rede social, estatal será comandada pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, atual diretor-geral da Itaipu Binacional
O presidente Jair Bolsonaro participa de evento no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/09-02-2021
O presidente Jair Bolsonaro participa de evento no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/09-02-2021

BRASÍLIA E RIO — O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.  Em um post em redes sociais, Bolsonaro afirmou que o novo chefe da estatal é Joaquim Silva e Luna, diretor-geral da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa no governo Temer (MDB). A estatal não tinha um presidente militar desde 1988.

Analítico: Bolsonaro transforma Petrobras em um não-investimento

"O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão como conselheiro de Administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco", diz a nota reproduzida por Bolsonaro, assinada pela assessoria de comunicação social do Ministério de Minas e Energia.

Castello Branco é substituído após anunciar o quarto aumento no preço dos combustíveis.

Bento Albuquerque: ‘Nunca houve interferência’ na Petrobras e ciclo de Castello Branco terminou

Silva e Luna completaria dois anos à frente da parte brasileira de Itaipu no próximo dia 26. Sua gestão é frequentemente elogiada em público por Bolsonaro, que costuma creditar benefícios gerados ao Estado do Paraná ao trabalho do general da reserva, de 71 anos.

Bolsonaro pediu a saída de Roberto Castello Branco do comando da Petrobras numa reunião na quinta-feira, no Palácio do Planalto, após o quarto aumento no preço dos combustíveis anunciado pela empresa, o que irritou o presidente.

Capital: Gustavo Franco após demissão de presidente da Petrobras: ‘Boa tarde Venezuela’

A reunião ocorreu pouco antes da transmissão ao vivo nas redes sociais em que Bolsonaro criticou a estatal e disse que “alguma coisa” iria acontecer na Petrobras, posição reforçada na manhã desta sexta.

O presidente da estatal vinha irritando Bolsonaro por conta do aumento dos combustíveis, especialmente o diesel. A situação se agravou depois que Castello Branco, em janeiro, ainda sob a pressão da ameaça de greve dos caminhoneiros, afirmou que a insatisfação da categoria é “um problema que não é da Petrobras”.

O presidente vinha dizendo a interlocutores que Castello Branco é “insensível”, tem uma gestão voltada exclusivamente a dar lucros para os acionistas privados, além de lembrar que a estatal é monopolista no segmento de refino. O presidente também tem dito que a estatal não está sendo transparente na sua política de preços.

De Lula a Bolsonaro: um histórico de tentativas de interferência na Petrobras

A gota d’água para a troca foi o reajuste de 14,7% no diesel e de 10% na gasolina nas refinarias, anunciado pela Petrobras. Foi o quarto reajuste do ano e começou a valer nesta sexta-feira.

Há duas semanas, quando já havia pressão pelos reajustes seguidos nos combustíveis, Bolsonaro convocou uma reunião ministerial com diversos ministros e Castello Branco. Em seguida, eles deram uma entrevista coletiva para anunciar possíveis medidas no setor.

Em sua fala, Bolsonaro fez questão de ressaltar que "convidou" Castello Branco (ao contrário dos ministros, que foram "convocados") e que não haveria interferência. Em seguida, afirmou que o "coração" do presidente da Petrobras era igual ao seu e que os dois queriam "o bem do Brasil".

Risco: Isenção de PIS/Cofins sobre o diesel por dois meses vai custar R$ 3 bi ao governo

— Jamais controlaremos o preço da Petrobras. A Petrobras está inserida no contexto mundial com suas políticas próprias e nós a respeitamos. O coração do senhor Castello Branco, não é diferente do meu. Queremos o bem do Brasil, o bem do nosso povo — declarou o presidente, no último dia 5.

Mandatos até 20 de março

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras disse ter recebido ofício do Ministério das Minas e Energia, solicitando providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária  com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Joaquim Silva e Luna, em substituição a Roberto da Cunha Castello Branco.

Além disso, a estatal disse que a União propõe, "em função de a última Assembleia Geral Ordinária ter adotado o voto múltiplo", que todos os membros do Conselho de Administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria Assembleia Geral Extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos".

Bolsa : Ações da Petrobras negociadas no exterior desabam após troca na presidência da empresa

O ofício solicita ainda que Joaquim Silva e Luna seja, posteriormente, avaliado pelo Conselho de Administração da Petrobras para o cargo de Presidente.

"A Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais diretores Executivos da empresa têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021", disse a estatal.