Economia

Colapso do setor aéreo provocado pela pandemia ameaça 46 milhões de empregos

Relatório alerta para aumento do desemprego e redução na atividade econômica, com impacto de US$ 1,8 trilhão no PIB global
Foto de arquivo mostra o aeroporto de Guarulhos praticamente vazio em julho deste ano Foto: Jonne Roriz / Bloomberg
Foto de arquivo mostra o aeroporto de Guarulhos praticamente vazio em julho deste ano Foto: Jonne Roriz / Bloomberg

Genebra – Um relatório apresentado nesta quarta-feira pelo Grupo de Ação do Transporte Aéreo (Atag, na sigla em inglês), associação baseada em Genebra que reúne players de todos os segmentos do setor, alerta que o colapso na aviação provocada pela pandemia de coronavírus pode acabar com 46 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, afetando mais de metade dos 87,7 milhões de empregos gerados pela indústria.

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“A paralisação quase total do sistema por vários meses, assim como a natureza inconsistente da reabertura, aponta que as viagens aéreas não irão recuperar os níveis pré-Covid até 2024”, diz o grupo, em comunicado.

Apenas o setor aéreo em si — empresas aéreas, fabricantes de aeronaves, aeroportos e gerenciamento do tráfego — empregava 11 milhões de pessoas antes da crise. Segundo o relatório, produzido pela Atag com a Oxford Economics, a estimativa é que 4,8 milhões destes postos de trabalho desapareçam.

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— Nossa análise mostra que até 4,8 milhões de empregos na aviação devem ser perdidos até o início do ano que vem, uma redução de 43% em relação aos níveis pré-Covid — afirmou Michael Gill, diretor executivo do grupo. — Quando expandimos os efeitos para todos os empregos apoiados pela aviação, 46 milhões de postos estão em risco. Esse número inclui funções altamente qualificadas na aviação, negócios no turismo impactados pela falta de viagens aéreas e empregos ao longo da cadeia de suprimentos em construção, serviços de alimentação entre outros.

No turismo relacionado com as viagens aéreas, 26 milhões de empregos estão em risco, assim como 15 milhões de postos de trabalho em companhias que fornecem bens e serviços para empresas e funcionários do setor aéreo. Apenas nas empresas aéreas, o cálculo é de um terço dos empregos perdidos, ou 1,3 milhões de desempregados.

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E a atividade econômica gerada pela aviação deve encolher em 52%, o que representa uma perda de US$ 1,8 trilhão no produto interno global. O relatório afirma que os efeitos da pandemia serão sentidos pela indústria por muitos anos, sendo a pior crise já enfrentada pelo setor.

Impactos no Brasil: a Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA Foto: Jonne Roriz / Bloomberg
Impactos no Brasil: a Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA Foto: Jonne Roriz / Bloomberg

“Já aconteceram reduções no tráfego de passageiros provocadas por choques no passado, mas nunca uma paralisação quase total do sistema global”, diz o documento, que prevê que o número de passageiros transportados neste ano será menor que a metade do registrado em 2019.

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A situação das empresas do setor no Brasil ilustra os impactos da crise. A Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA, enquanto a Avianca Brasil teve a falência decretada . A Gol fechou acordo com os tripulantes , oferecendo programa de demissão voluntária, licença não remunerada e redução de salários e jornada. A Embraer anunciou a demissão de 2,5 mil funcionários .

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— É absolutamente necessário que os governos façam tudo o que puderem para ajudar o setor a se reerguer, para que possamos trazer de volta esses empregos e retomar a atividade econômica — afirmou Gill. — E isso deve ir além dos esquemas de apoio ao emprego. Os passageiros e as empresas precisam ter certeza sobre as viagens, não ficarem sujeitos a declarações de quarentena aleatórias e listas em constantes mudanças sobre destinos aceitáveis ou não.