Economia Brasília

Coronavírus: 79% das construtoras devem adiar lançamentos imobiliários, aponta pesquisa

Estudo feito pela Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC) aponta que pandemia causou incertezas para empresas e consumidores
Empresas estão adiando o lançamento de imóveis por conta da crise Foto: Domingos Peixoto / Domingos Peixoto/12.03.2008
Empresas estão adiando o lançamento de imóveis por conta da crise Foto: Domingos Peixoto / Domingos Peixoto/12.03.2008

BRASÍLIA — A incerteza no mercado imobiliário causada pela pandemia do novo coronavírus deve fazer com que 79% das construtoras adiem seus lançamentos imobiliários, aponta uma pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgada nesta segunda-feira.

Entre as empresas pesquisadas, houve um crescimento na previsão de atraso dos lançamentos. Em março, 18% das empresas esperavam atrasar por 120 dias. Em abril, esse número subiu para 28%.

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Ao mesmo tempo, o atraso de 60 dias caiu, de 25% em março para 16% em abril. Esses números mostram que as empresas decidiram adiar os lançamentos por mais tempo.

O sócio da Brain Inteligência Corporativa, Fábio Tadeu Araújo, que fez a pesquisa em parceria com a CBIC, disse que o atraso também adia novos investimentos. Além dos atrasos com prazo determinado, 33% das empresas pretendem adiar sem previsão de retomada. Apenas 2% devem cancelar os lançamentos.

— Quanto mais tempo demorar para a pandemia diminuir o problema, mas tempo nós adiamos isso, adiamos portanto o ingresso de novos investimentos no mercado imobiliário - disse.

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O cenário de pandemia já teve efeito no primeiro trimestre do ano. O setor viu o número de lançamentos sofrer uma queda de 14,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para abril, a expectativa é de uma redução de 63%.

Diferente do resultado de lançamentos, o número de vendas aumentou em 26,7% no primeiro trimestre. No entanto, o cenário deve começar a refletir a crise em abril, com uma expectativa de queda de 38,8% devido ao coronavírus.

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Apesar da crise do coronavírus ter interrompido o ritmo de retomada do crescimento do setor, o presidente do CBIC, José Carlos Martins, está otimista. Segundo ele, a própria pandemia e a necessidade do isolamento social podem ter despertado a necessidade da compra de um imóvel.

— Aquela casa que estava pequena, mas ainda dava pra levar, agora ficou todo mundo em casa, já não deu mais pra levar. Aquele casal que estava vivendo com o sogro, agora já também não cabe mais. Uma porção de coisas desse tipo que acabaram evidenciando na pandemia a necessidade do imóvel.

Incerteza também para consumidores

A demanda por imóveis também caiu por conta da crise. A pesquisa aponta que a incerteza quanto a duração da pandemia e quanto a própria renda, somados, representam 70% dos motivos para desistência da intenção de comprar um imóvel.

Os outros motivos foram a perda de renda, 20%; mudança de objetivos pessoais, 12%; objetivos de economia pessoal, 9% e perda de emprego, 8%.

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Antes da pandemia, 43% das pessoas tinham intenção de comprar um imóvel. Esse índice caiu para 24% em março e para 20% em abril.

No entanto, o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, estima que o mercado imobiliário deve sofrer menos com a pandemia do que outros setores.

— Você deixar de comprar carro, deixar de comprar uma geladeira, deixar de consumir, é diferente do nosso mercado. O nosso mercado imobiliário depende em número de unidades 75% pra cima do programa Minha Casa, Minha Vida, não estamos falando de venda de imóvel porque é desejo de imóvel, estamos falando de necessidade habitacional - disseC