BERLIM e FRANKFURT — A Alemanha irá proteger empresas nacionais de serem adquiridas por companhias estrangeiras, anunciaram dois políticos alemães nesta sexta-feira. A medida é uma tentativa de conter o prejuízo que a pandemia do novo coronavírus vêm causando na maior economia da União Europeia.
O governo alemão já havia prometido ajuda de liquidez a empresas e introduzido medidas que facilitariam a redução das horas de trabalho, ao invés da demissão de funcionários. Ações adicionais deverão ser decididas pelo Gabinete da chanceler Angela Merkel na próxima segunda-feira.
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O índice DAX , de Frankfurt, que abrange as 30 maiores empresas da Alemanha, caiu mais de um terço no último mês, cenário também visto em diversos outros países que se encontram paralisados frente à crise de saúde global. Isto, na prática, aumenta o risco de companhias estrangeiras comprarem suas concorrentes a preços mais baixos.
— Nós vamos evitar um esgotamento da economia alemã e das preocupações industriais. Não pode haver tabus. Apoio temporário e limitado do Estado, tais quais participações e aquisições devem ser possíveis — disse Peter Altmair, Ministro da Economia.
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Companhias automotivas estão entre as mais afetadas: as ações da Daimler, da Continental e da Volkswagen registraram quedas entre 44 e 48% nas últimas quatro semanas. Markus Soeder, premier estadual da Bavária, onde ficam gigantes como a Siemens e a BMW, disse que todas as opções legais devem ser exploradas para bloquear quaisquer tentativas de compras de companhias alemãs.
— Se a maior parte das economias da Bavária e da Alemanha terminarem em mãos estrangeiras quando esta crise chegar ao fim, não será apenas uma crise de saúde, mas uma profunda alteração na ordem econômica global — disse Soeder. — Nós precisamos nos preparar para isso.
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Fundo de emergência
A revista alemã Der Spiegel divulgou na sexta-feira que Berlin está cogitando disponibilizar um fundo de meio trilhão de euros para ajudar empresas afetadas pela pandemia de Covid-19 a cumprirem suas responsabilidades e até mesmo injetar capital, se necessário. O plano é uma das diversas estratégias que o governo alemão vem considerando enquanto cria um pacote de resgate para conter os danos, evitando que os prejuízos econômicos sejam ainda maiores, segundo uma fonte disse à Reuters.
Uma opção é um fundo de “solidariedade” com valor entre 40 e 50 bilhões de euros (US$ 43-54 bilhões) para pequenos negócios com menos de 10 funcionários – verba que os auxiliaria a comprar materiais, pagar o aluguel e suas pendências financeiras. Os detalhes deverão ser decididos no fim de semana.
O fundo de aproximadamente 500 bilhões de euros noticiado pela Der Spiegel é baseado no Fundo Especial para a Estabilização do Mercado, de 480 bilhões de euros, criado para auxiliar os bancos durante a crise financeira de 2008. Segundo a revista, o governo está pronto para reativá-lo caso seja necessário.
O Ministério da Fazenda está atualmente considerando programas de apoio direto de 180 bilhões de euros, segundo a imprensa alemã, mas que pode chegar a 700 bilhões de euros. A companhia aérea Lufthansa, a maior da Alemanha, anunciou na quinta-feira que buscará ajuda estatal caso a crise persista. Isto, no entanto, ainda não é o caso, afirmou a empresa.