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Economia Coronavírus

Coronavírus: indústria e serviços já criam regras próprias para evitar risco de contaminação

Automóveis, eletrônicos, shoppings e aeroportos devem manter procedimentos após pandemia
Aeroportos devem manter procedimentos de segurança no pós-pandemia Foto: Agência O Globo
Aeroportos devem manter procedimentos de segurança no pós-pandemia Foto: Agência O Globo

SÃO PAULO – A iniciativa privada tem elaborado protocolos para reduzir os riscos de contaminação do novo coronavírus em seus estabelecimentos. As regras, que tem sido utuilizadas neste período de isolamento social para quem pode ficar em casa, devem ser mantidas após a pandemia.

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Em abril, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras no país, divulgou um pacote de boas práticas seguidas pela cadeia produtiva no mundo.

Na cartilha de 34 páginas estão orientações como manter distância de um metro nas fábricas e evitar compartilhar objetos de trabalho como canetas. Reuniões presenciais em salas fechadas estão proibidas. Nas fábricas, o uso de máscara é obrigatório. No banheiro, a secagem das mãos com secadores elétricos é desaconselhada – o ar quente pulveriza vírus pelo ambiente.

Pelos novos protocolos, a secagem das mãos com papel, opção menos ecológica ao ar quente, está de volta à moda.

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Uma cartilha semelhante foi elaborada pela Eletros, associação das principais fabricantes de eletroeletrônicos do país, na esteira da gravidade dos casos de Covid-19 em Manaus, onde estão boa parte das associadas. Entre as recomendações está a ampliação do distanciamento dos empregados na linha de produção e nos refeitórios.

– Antes, era algo como 60 centímetros. Agora, é de 1,5 metro pelo menos – diz José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros.

Sem valet, sem brinquedoteca

Os shoppings brasileiros que seguem abertos estão adotando protocolos mais rigorosos de segurança desde o mês passado. Na lista de medidas estão o horário reduzido de funcionamento, do meio-dia às 20h, controle de temperatura no acesso e o fim de atividades que pressupõem o compartilhamento de objetos, como o serviço de valet e as brinquedotecas.

Nas praças de alimentação, a orientação é deixar ao menos metade das mesas vazias. Nos elevadores, controlar o acesso para, no máximo, quatro passageiros.

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– São práticas adotadas em países onde os shoppings já voltaram às atividades, como China e Alemanha – diz Glauco Humai, presidente da Abrasce, associação do setor. Por aqui, 99 dos 577 centros comerciais estão com as portas abertas.

Locais em que a aglomeração de pessoas era inevitável antes da pandemia, os aeroportos brasileiros também estão sob normas sanitárias mais rigorosas. Na última terça-feira (19) a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou os protocolos para esses espaços.

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A partir de agora, o uso de máscaras é obrigatório aos empregados do aeroporto e das lojas instaladas nesses espaços. Companhias aéreas devem organizar o embarque de modo a garantir um espaço de dois metros entre passageiros.

Mesmo antes das recomendações, alguns aeroportos já tinham mudado processos por causa da Covid-19. Em terminais como Florianópolis e Brasília, desde abril os passageiros são recebidos com medidores de temperatura e dispensadores de álcool gel.

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Em Viracopos, Porto Alegre e Fortaleza, avisos sonoros e placas estão orientando os passageiros sobre o distanciamento em filas. Tudo isso, por ora, ainda não é garantia de que os passageiros vão voltar – o setor espera um retorno ao nível pré-crise só em 2022.

– A crise do 11 de setembro mudou completamente os procedimentos de segurança nos aeroportos e, depois de um baque, o setor voltou a crescer. Com a pandemia pode acontecer a mesma coisa, mas ainda estão tateando os efeitos no longo prazo – diz Tiago Pereira, diretor da Anac.